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sexta-feira, 25 de novembro de 2016

ARMADILHAS DO AMOR

*Rangel Alves da Costa

Armadilhas do amor. Parece nome de novela mexicana, mas a pura realidade. Rasgada, apaixonada, enlouquecida, mas espelhando os desafios e as armadilhas do amor. E armadilhas que bem poderiam ser tocaias, emboscadas, verdadeiras arapucas.

E também perigosas demais, pois podem dilacerar, podem ferir e açoitar, fazer sofrer, fazer chorar. Até enlouquecer. O pior que tudo acontecendo sem sequer a pessoa ter consciência suficiente para entender a sua verdadeira situação.

Refém da surpresa pelo amor abruptamente chegado, a pessoa sequer possui condições mentais para sopesar os perigos, as ameaças ou oportunidades. Passa a caminhar no escuro, a subir entre nuvens, a sentir-se noutro mundo. E com as consequências mais imprevisíveis que possam existir.

Tudo acontecendo de modo inverso ao esperado no amor. Começa a sofrer sem reais motivos. Ou pelo amor tão desejado que causa transtorno e ansiedade. Começa a delirar, a fantasiar uma relação ainda sequer começada. Começa pelo fim, eis que já se imaginando apossado do outro.


Lamentável que assim aconteça. Mas assim acontece. E muito mais do que possa imaginar nossa vã filosofia. A pessoa está até bem consigo mesma, acostumada com sua solidão, talvez até já desistindo de encontrar quem compartilhe seus sentimentos, mas de repente e o destino lhe prepara a danada da tocaia.

E das mais preparadas, sem saída mesmo. Chama anjos com setas, redireciona caminhos, faz a pessoa, imperceptivelmente, ir até o alvo de sua sina: a outra pessoa, aquela pessoa que ali já espera para que a trama do destino se enlace ainda mais. Parece tudo inesperado, um acaso apenas, mas não. Tudo planejado por forças misteriosas.

Então, sem saber o que lhe espera, sem imaginar o que lhe aguarda adiante, a pessoa simplesmente se encaminha para ser tocaiado, para cair na armadilha do amor. E basta um breve instante para ter tudo seja transformado em sua vida. E se torna em humilde refém.

O mais difícil de acreditar é que a emboscada não é preparada por um inimigo comum, por um desafeto ou rixoso de outras datas, mas por aquilo tão caro e desejado pelo ser humano: o amor. Sim, pelo amor. Toda a arapuca, repleta de laços e grilhões, preparada pelo amor.

Uma desmedida covardia. Uma traição imperdoável. Ora, a pessoa luta, busca, se esforça, tudo faz para dizer a si mesma que está amando, que enfim encontrou sua outra metade, que está feliz por dentro e por fora, e nada simplesmente acontece. E quando acontece é desse jeito: um vulcão de boca aberta.

Uma covardia sem fim. Numa casualidade da vida (também chamada de destino em desavergonhada cumplicidade), num ocasião qualquer, eis que o olho encontra um olho adiante e tudo parece revirar. A coisa é tão forte e impactante que a pessoa nem consegue pensar muito. Encontrei, enfim! Logo imagina.

Tudo difícil demais de entender por que assim acontece. Dia após dia, noite após noite, anos a fio, e nada de aquele encontro acontecer. Contudo, do nada, como verdadeira armadilha, o destino encurta o caminho, marca o encontro e depois se afasta. Injusto que assim faça, mas faz.

E se afasta como se dissesse a si mesmo que já fez a sua parte e agora cabe aos dois se resolverem sozinhos. Vai embora e deixa para ser resolvido entre os dois. Mas agora é que surge o problema maior. Ou problemas maiores, vez que o encontro marcado pelo destino nem sempre traz as consequências desejadas.

Mas o problema maior é quando a outra pessoa olha, sorri com o olhar, sorri com a boca, corresponde a tudo, mas na hora da proximidade fica dando volteios. Ainda por cima, depois é que começa mesmo o jogo da judiação. Quer mas não quer, não é bem assim, precisamos conversar melhor, precisamos disso e daquilo.

Não me alongarei nos detalhes. Mas é por isso que os copos são revirados, os juízos desconcertados, as dores e os sofrimentos sem fim. E ter a certeza que amar assim é sempre perder a paz e padecer muito mais.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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