Por: Valdir José
Nogueira
Padre Cícero Romão Batista nasceu no dia 24 de março, na cidade do Crato, Ceará. Filho de Joaquim Romão Batista, comerciante, e Joaquina Vicência Romana. Foi estudar na Paraíba, mas em 1865, com a morte de seu pai, voltou para o Crato. Estudou na Prainha, em Fortaleza, onde foi ordenado Padre, em 1870. Dois anos depois, foi designado vigário para a cidade de Juazeiro do Norte no Ceará, onde começou um trabalho pastoral com pregações e visitas domiciliares. Recuperou a capela, comprou imagens e ganhou a simpatia dos moradores, passando a exercer grande liderança na comunidade.
Um "milagre" ocorrido em 1889, transformou a vida do religioso e da cidade. Ao participar de uma comunhão geral, na capela de Nossa Senhora das Dores, a hóstia sangrou na boca da beata Maria de Araújo. Logo a notícia do milagre se espalhou. A cidade passou a receber peregrinos de vários lugares. Em 1894 foi punido com a suspensão da ordem. Dois médicos foram chamados para testemunhar e confirmaram o milagre, fato que só fortaleceu a crença do povo.
Padre Cícero foi chamado ao Palácio Episcopal. O bispo mandou investigar, a
igreja não aceitou o milagre e o padre foi punido. Em 1894 foi suspenso da
ordem, acusado de manipulação da crença popular pelo Vaticano. Inconformado,
sem poder celebrar missa, foi ao Vaticano, em 1898, pedir revogação da pena, ao
papa Leão XIII. Saiu de lá com a vitória, mas o bispo não aceitou e pediu
revisão do resultado.
Sem poder seguir na carreira religiosa, entrou para política e em 1911, foi nomeado prefeito. Participou da Revolta do Juazeiro, em 1914, junto com grandes coronéis. A revolta foi motivada pela vitória de Franco Rabelo para governador do Estado e a derrota de Antônio Pinto Accioli. Padre Cícero, Pinheiro Machado, Floro Bartolomeu e grandes coronéis, se uniram na luta e restauraram o poder de Accioli. Padre Cícero foi eleito ainda vice-governador do Ceará.
Padre Cícero foi o grande benfeitor de Juazeiro do Norte, levou para a cidade a Ordem dos Salesianos, doou o terreno para construção do aeroporto, abriu várias escolas, entre elas a Escola Normal Rural, construiu várias capelas, estimulou a agricultura e ajudou a população pobre, nos períodos de secas na região.
Quando sua vida pública chegou ao fim, seu prestígio de santo deu grande impulso, e com sua morte a devoção aumentou. Todos os anos, no dia de finados, uma multidão de romeiros, vinda de várias partes do Nordeste, chega a Juazeiro para visitar o túmulo do santo, na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. No alto da Colina do Horto foi erguida uma estátua do padre, sendo ponto de peregrinação.
O Padre Cícero visitou o município de Belmonte várias vezes, e várias vezes foi recepcionado pelo Sr. Manoel Desidério do Nascimento na fazenda Boa Esperança, pelo Sr. Antônio Cassiano Pereira da Silva na fazenda Olho d’Água e pelo Sr. Manoel Lopes da Silva Barros na fazenda Santa Cruz. No ano de 1892, inesperadamente, o Padre Cícero surgiu na Vila de Belmonte, ocasião de uma desforra entre as famílias Carvalho e Pereira, e conseguiu naquele momento dissuadir as mesmas da velha contenda familiar, traçando então um pacto de paz entre ambas.
Padre Cícero Romão Batista faleceu no dia 20 de julho de 1934, em Juazeiro do Norte, Ceará. Seu corpo está sepultado na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
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