Por Geziel Moura
A biografia de
Virgolino Ferreira da Silva é encharcada de incertezas, tais como: Origem da
alcunha Lampião? Possuía mesmo colher que detectava veneno? Ele combateu a
coluna Prestes? Antônio Ferreira, seu irmão, morreu na Serra Grande ou na
Fazenda Poço do Ferro, do coronel Ângelo da Gia? Morreu envenenado ou baleado
no dia 28 de julho de 1938, essas são algumas dúvidas que dividem leitores e
escritores do cangaço.
Neste momento,
queria me deter um pouco mais, em outra incerteza: A causa da lesão no olho direito
de Lampião, confesso, que pensava que tal incerteza, era comungada pelos
leitores que tiveram acesso, às várias versões, disponíveis na literatura do
cangaço, até defrontar-me com o entendimento de "pesquisador
facebokiano" que aponta a origem da cegueira de Lampião, ao tiro disparado
pelo nazareno David Jurubeba, em certo Quipá, cujos espinhos atingiram seu olho
direito, e o lesionou. Temos, portanto, a causa e o sujeito da lesão de
Virgolino, o oráculo está formado, a incerteza não existe mais, aos olhos do
"pesquisador facebokiano", a verdade verdadeira foi erigida impoluta.
Segundo os
pesquisadores Antônio Amaury e Carlos Elydio, na obra "Lampião, bandido ou
herói" comentam que durante o fogo da "Baixa do Tenório" o tiro
de David Jurubeba, atingiu o Quipá, e os espinhos deste, chegaram no olho
direito, entretanto, continuam os autores, lampião era possuidor de
"Glaucoma" desde criança. Provavelmente há lapso no uso do termo
médico sugerido, pelos autores, em Glaucoma, ao invés de Leucoma.
Para o Dr.
José Lages Filho, do serviço médico legal do Estado de Alagoas, que assinou o
laudo cadavérico da cabeça de Lampião, manifestou-se da seguinte forma: "O
olho direito apresenta um leucoma, tingindo toda a córnea". O entendimento
que a lesão ocular de Lampião, poderia ter origem na infância, encontra eco na
obra "Lampião: A medicina e o cangaço" de Leandro Cardoso e Antônio
Amaury, em que revela, depoimento de D. Mocinha, irmã de Virgolino, que este,
antes de se tornar cangaceiro, já possuía problemas com a vista direita.
Diante do
exposto, é razoável pensar que a cegueira de Lampião tenha se agravado, com o
"suposto" espinho de Quipá, porém este pensamento não é determinante,
por escassez de elementos que denunciem o acontecimento, outrossim, este não é
o cerne da questão que levanto, o que precisa ficar como reflexão, é que certas
"verdades" anunciadas sobre a história, não passam de conjecturas
ingênuas, que não se sustentam ao olhar crítico e lógico da coerência dos
fatos, portanto, se não podemos estabelecer a verossimilidade, de tais fatos,
que eles fiquem no campo da suspeição, como é o caso da cegueira de Lampião.
Finalmente,
não basta "Nossa própria experiência de caso" como determinismo, pois
corremos o risco, de produzir falácias, em nome da história.
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