Por Geraldo maia do Nascimento
E, de repente,
chega o automóvel e transforma a cidade. O monstro irrompeu bufando, “soltando
fumaça pelas ventas feito a besta-fera”. Era a modernidade que chegava ao
interior do Estado. E veio para ficar! Antes, existia apenas os velhos carros
de boi e a Diligência de Seu Pompílio, que era um carro grande, pesado, de
quatro rodas, puxado por dois burros. Essa Diligência era empregada no
transporte de passageiros entre o Porto de Santo Antônio e a Cidade de Mossoró,
e vice-versa.
A viatura tinha vários lugares e pegava diversos passageiros. O
preço de uma lotação completa era de dez mil réis; passagens avulsas custavam
um mil réis. E tudo ia bem até que em 11 de maio de 1911 apareceu o primeiro
automóvel em Mossoró, adquirido pela firma Tertuliano Fernandes & Cia. Era
um veículo de marca “Westinghause”, de fabricação alemã, com capota desmontável,
buzina externa e caixa de ferramentas no estribo esquerdo, além de manivela e
rodas com aros de madeira. No motor, 40 cavalos; tinha acomodação para 8
passageiros. O jornal “O Mossoroense” noticiava, na época: “ O carro dos
Fernandes fez lindas evoluções pelas ruas da cidade”. Lauro da Escóssia
registrou no seu livro “Cronologias Mossoroenses – quando, como e onde
aconteceram os fatos... – Coleção Mossoroense – Vol. CLXXXII – que “o povo
acolheu a chegada do esquisito invento portando-se de joelhos nas calçadas da
praça da Redenção e rua Almeida Castro, por onde passou o veículo, mesmo
empurrado, pois vinha com uma peça quebrada”. Nesse mesmo período, a
municipalidade iniciou a construção de estradas para automóveis, concedendo
ajuda financeira à firma Tertuliano Fernandes & Cia., que pretendia usar o
automóvel adquirido para transporte de passageiros em linhas a serem
organizadas entre Mossoró e as de Areia Branca, Apodi e Pau dos Ferros. Junto
com o automóvel, veio o motorista do Rio de Janeiro. Era o Sr. Cesário Martins,
que durante o período de sua permanência em Mossoró ministrou ensinamentos a
várias pessoas. Quem primeiro aprendeu a dirigir a máquina foi Chico
Panema. Mas não era um bom motorista. Numa viagem que fez para o Apodi,
esqueceu-se de colocar água na caldeira e o motor do carro estourou. Ficou
atolado no areal entre Apodi e Mossoró. Não teve mais conserto e alguns anos
depois foi vendido e levado para o Rio de Janeiro como sucata. Veio depois o
automóvel do comerciante Delfino Freire da Silva. Era um “Berlier” azul, de
sete lugares, imenso. Fez uma verdadeira revolução em Mossoró. Para dirigi-lo,
veio um chofer do sul, chamado Fraga. Gostou da cidade e nunca mais saiu de
Mossoró. Outro automóvel que fascinou os mossoroenses da época foi o Itala azul-cinzento,
de sete lugares, de origem italiana, pertencente ao capitão zeta, Manoel
Tavares Cavalcanti. Novos carros foram aparecendo em Mossoró. Alguns de marca
Ford, o chamado “fura-mundo”, o mais popular da época. E a frota não parou mais
de crescer. Outros tempos aqueles. O automóvel não criou apenas uma profissão
nova: a de “chauffer”. Criou também um novo estilo de vida. Símbolo de status
no passado.
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