Por Stélio Torquato
"Cinderela"
ou "Gata Borralheira" como foi conhecida no Sertão cearense da minha
infância, é mais um clássico dos contos de fada em cordel, publicado pela
Cordelaria Flor da Serra. Adaptado para o cordel por Stélio Torquato Lima e com
a capa desenhada por Eduardo Azevedo, esse folheto compõe a coleção
"Contos de fada em Cordel".
Cinderela (também chamado de A Gata Borralheira) é um dos contos de fadas mais populares da humanidade. Sua origem tem diferentes versões, sendo a mais conhecida a do escritor francês Charles Perrault (1628-1703). Ele a incluiu no livro Contos da Mamãe Gansa (1697), e teve como base um conto italiano popular chamado A Gata Borralheira (La Gatta Cenerentola, no original).
A mais antiga versão que se conhece do conto, porém, é originária da China, tendo sido elaborada por volta de 860 a.C. Os irmãos Grimm também escreveram uma versão, sendo muito semelhante à de Perrault. Nesta, porém, não há a figura da fada-madrinha e quem favorece a realização do desejo de ir ao baile são os pombos e a árvore que crescem no túmulo de sua mãe. Neste caso, Cinderela sabe palavras mágicas, usadas no imperativo, que auxiliam na transformação de seu pedido em realidade. No final, as irmãs malvadas ficam cegas quando são atacadas por pombos, que lhes furam os olhos.
No que diz respeito às inúmeras versões da obra para o cinema e/ou televisão, vale destacar o longa de animação homônimo da Disney de 1950 dirigido por Clyde Geronimi, Hamilton Luske e Wilfred Jackson, e o filme Uma Linda Mulher, de 1990, o qual traz para os dias atuais a antiga história. O referido filme foi dirigido por Garry Marshall e protagonizado por Richard Gere e Julia Roberts.
Agora leia os versos iniciais do conto em cordel e para ler a obra completa, faça seu pedido pelo E-mail cordelariaflordaserra@gmail.com ou pelo WhatsApp (085) 9.99569091. Enviamos pelo Correio.
A história que ora conto,
Vinda lá da antiguidade,
Agradará meu leitor,
Independente da idade.
Cinderela é a história
Que contarei de memória,
Esperando que lhe agrade.
Uma senhora muito honesta
Adoentada ficou.
Para a filha Cinderela,
A senhora então falou:
“Sê honrada, pura e boa,
Não guarda mágoa e perdoa,
Como o bom Deus ensinou.”
E prometeu a senhora
Para a filha Cinderela
De sempre presente estar,
Velando e cuidando dela.
Depois disso, emudeceu,
E, num suspiro, morreu,
Deixando a filha tão bela.
A menina sofreu muito
Com aquela triste partida.
Notando aquilo, seu pai,
Procurou uma saída:
“Casando-me novamente,
Uma boa mãe certamente
Terá minha filha querida.”
A esposa que escolheu
Infelizmente era má:
Uma viúva fingida
E com duas filhas já.
Cinderela, que sofria,
Ainda mais padecia
Nas unhas da carcará.
Pra piorar o seu caso,
Não tardou pro pai morrer.
Após isso, Cinderela
Passa na casa a viver
Como uma reles empregada
Da madrasta tão malvada,
Que a enchia de afazer.
Quando tinha algum descanso,
Fazia, estando sozinha,
Preces muito fervorosas,
Lembrando-se da mãezinha.
E, coberta com o borralho,
Voltava ao duro trabalho
Sob as ordens da mesquinha.
Ela ia definhando
Pela grande trabalheira.
Além disso, era obrigada
A dormir junto à lareira.
Como o borralho a sujava,
Logo um apelido ganhava:
Era a Gata Borralheira.
Mas, mesmo suja e vestida
Com uma roupa já bem gasta,
Cinderela era invejada
Pelas filhas da madrasta,
Pois nelas se achava ausente
A formosura imponente
Da moça bondosa e casta.
Furiosa, uma dizia:
“Traga meu café agora!”
A outra, logo falava:
“Meus sapatos, sem demora,
Quero que você engraxe!”
Ela, como era de praxe,
Fazia tudo na hora.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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