Por Valdir
José Nogueira pesquisador/escritor
São José do Belmonte, hoje a próspera cidade do sertão central de Pernambuco,
sendo uma região de fronteira, despontava como um verdadeiro arraial nas hostes
do cangaço, por aqui Lampião, o rei do cangaço, deixou também seu rastro de
sangue, morte e destruição, quando junto a um numeroso grupo de cangaceiros no
dia 20 de outubro de 1922, invadiu a cidade para eliminar o próspero
comerciante Luiz Gonzaga Gomes Ferraz. Durante o ataque, os cangaceiros também
sofreram a heroica resistência do destacamento de polícia local sob o comando
do bravo sargento Sinhozinho Alencar (José Alencar de Carvalho Pires) que
contou naquela difícil situação apenas com oito praças. E dentre esses soldados
lutou bravamente o jovem Luiz Mariano da Cruz, na ocasião com 22 dois anos de
idade.
Pertencente a uma das tradicionais famílias belmontenses, o capitão Luiz Mariano da Cruz nasceu na fazenda Cacimba Nova no dia 08 de dezembro de 1899, filho do Sr. Manoel Mariano de Menezes e de dona Maria Francisca de Jesus. Luiz Mariano, durante sua vida se destacou como um aguerrido policial na perseguição a Lampião e seu bando. Inicialmente, perseguiu-o no seu torrão natal, após, junto com o nazareno e lendário Tenente Manoel Neto, se embrenhou nas caatingas baianas e Raso da Catarina, onde teve dezenas de combates, tendo saído ferido em alguns, inclusive, tendo que se submeter a tratamento na cidade de Salvador, em face da periculosidade dos ferimentos sofridos. Na sua história militar, Luiz Mariano também foi delegado de polícia da cidade de Itabuna na Bahia e em Petrolina, Pernambuco.
O bravo e afamado soldado Luiz Mariano, já capitão reformado, volveu os seus
olhos inteligentes para a produção nativa do catolé, existente abundantemente
na lendária Serra do Catolé, localizada nos limites do município de São José do
Belmonte, sua terra natal, com o Estado da Paraíba. Luiz Mariano comprava toda
a produção de catolé aos moradores da região, e comercializava com a empresa
Alimonda Irmãos S.A. na cidade do Recife (PE). Esta empresa, fundada no ano de
1930, dedicou suas primeiras três décadas, à produção de sabão. O catolé de São
José do Belmonte era destinado para esse fim, diante da visão empreendedora do
Capitão Luiz Mariano. O pó da palha do catolé era também comercializado com
empresários da cidade de Salvador (BA), e destinava-se ao fabrico de vinis, na
época os famosos “discos de 78 rotações”.
Quis o destino, que no dia 21 de maio de 1943, numa das suas costumeiras viagens de negócios, transportando uma grande carga de catolés de São José do Belmonte para o Recife, o caminhão tombou em Ipanema, município de Pesqueira (PE), causando a morte aos 42 anos de idade do bravo e inesquecível capitão Luiz Mariano da Cruz.
O mesmo foi casado em 1918 na cidade de Custódia – PE com Maria Bezerra (Liquinha). Desse casamento houve um filho o coronel José Mariano Bezerra (Zequinha), nascido no dia 14 de janeiro de 1928. Este senhor foi casado com Zuleima Ferraz Bezerra filha do coronel José Alencar de Carvalho Pires (Sinhozinho Alencar) e de Albertina Ferraz Alencar.
Porém, foi durante o combate contra o banditismo que o nome do Capitão Luiz Mariano ficou gravado na história. Durante esse período de terror, o capitão Luiz arregaçou as mangas, apurou crimes, prendeu bandidos, capturou bandos de cangaceiros e ladrões de cavalos, sem dispor à época, de armas, viaturas e helicópteros, enfrentando dificuldades de toda ordem. Dispunha na verdade, de seu velho “38” e de uma reduzida, mas eficiente equipe de policiais de sua irrestrita confiança. Mais das vezes sua viatura era o lombo de um bom cavalo, para as estradas batidas de poeiras e veredas do sertão. Foi um policial astuto e muito valente. Enfrentou todas as adversidades da natureza, como o surto de infestação de várias doenças tropicais, como as terríveis febres, sobrevivendo heroicamente. Foi um trabalhador incansável, um líder nato, um policial polivalente. A cidade de São José do Belmonte no passado denominou uma de suas ruas com o nome deste grande vulto de sua história. Todavia hoje a maioria dos seus habitantes desconhece a trajetória deste bravo belmontense, policial de brio, homem honrado e probo, símbolo da concretização de um ideal, que certamente servirá de luz, como um farol, a guiar as futuras gerações de oficiais e praças da bicentenária e histórica Corporação que é a Polícia Militar de Pernambuco.
Valdir José Nogueira de Moura
Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta
Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste
https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/permalink/684511865091094/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário