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sábado, 16 de dezembro de 2017

CABO COBRINHA UM HERÓI DE GARANHUNS

Por Cláudio Gonçalves Lima

Naquele dia 15 de janeiro de 1917, a cidade estava em polvorosa, tomada por dezenas de homens fortemente armados dispostos a vingarem a morte do Coronel Júlio Brasileiro, assassinado na noite anterior na Capital Pernambucana. Estes aliados atribuíam equivocadamente o assassinato da sua liderança a um complô dos seus adversários políticos, que diante das ameaças foram convencidos a se recolherem a cadeia.

Às 15h 30min a cadeia seria cercada por esses homens dispostos a uma retaliação, é neste momento, como em muitos outros da nossa História, que alguns homens se destacam pelos seus atos de bravura e de não se avassalar perante o cumprimento do seu dever e pela honra dos seus ideais. Aquela pequena guarnição comandada pelo Cabo Antônio Pedro de Souza (Cabo Cobrinha), Sargento Pedro Cavalcanti Malta e os soldados Ezequiel Cabral de Souza, Francisco Maciel Pinto, Pedro Antônio Dias e Manoel João de Oliveira, resistiram e defenderam com heroísmo aquelas autoridades políticas a quem as vidas lhes foram confiadas, Coronel Manoel Jardim, Tenente-Coronel Francisco Veloso, Coronel Argemiro Miranda, Capitão Júlio Miranda, Major Sátiro Ivo, Doutor Borba Junior e o Jovem Gonzaga Jardim, que momentos antes do ataque foi a cadeia visitar o tio Manoel Jardim.

Cabo Cobrinha, comandante daquela guarnição policial, nascido em Garanhuns em 1889, havia ingressado voluntariamente na Força Policial do Estado de Pernambuco em 01 de dezembro de 1909, destacando-se no 2º Batalhão. Em 25 de novembro de 1911 seria promovido a Aspeçada (antiga graduação entre cabo e soldado), e em 27 de novembro do mesmo ano, a Cabo de Esquadra. Sua ação naquela fatídica tarde ficou registrada na história. Cabo da Força Pública, oficial destemido, enfrentou o jagunço Vicentão, comandante daquele grupo assaltante que o ameaçava e aos seus comandados aconselhando-os a abandonarem a posição. Cabo Cobrinha não se rendeu as ameaças e antes de tombar a porta da cadeia e de ferir o seu agressor gravemente respondeu-lhe que aqueles cidadãos estavam sob a sua proteção e garantias, e que acima de tudo estava o cumprimento do dever, e que ali só entrariam passando por cima do seu cadáver. Célebre frase que o personifica e o imortaliza como um dos heróis da nossa história.

Por mais que os documentos históricos nos forneçam pistas, informações e descrições, daquele desigual e covarde ataque que durou aproximadamente trinta minutos, não haveria como descrevê-lo em toda sua amplitude a tamanha agressão injustiça. Foram minutos que só a coragem, o dever e a hombridade a farda da Polícia Militar deram forças aquela heroica guarnição policial para enfrentar em desvantagem aquele terrível combate até sucumbirem, não se renderam e permaneceram até o fim ao lado daquelas autoridades que confiaram fielmente naquela força policial. Mesmo o Sargento Pedro Cavalcanti Malta que conseguira escapar ferido ao cerco, retornaria para tentar salvar algumas vidas.

Daquela Força Policial o Cabo Cobrinha e os soldados Francisco Maciel Pinto e Ezequiel Cabral de Souza perderam a vida em combate. Os soldados Pedro Antônio Dias e o conselhense Manoel João de Oliveira vieram a falecer no Hospital Pedro II em Recife. O Sargento Pedro Cavalcanti Malta faleceria em 01 de fevereiro de 1961, ocupando o posto de Coronel da Polícia Militar de Pernambuco.

O Coronel José Novaes, Comandante da Força Pública, pelo ato de bravura e heroísmo promoveu todos esses notáveis defensores que escreveram seu nome na história de Policia Militar de Pernambuco, o Cabo Cobrinha foi promovido a 2º Sargento, o Sargento Pedro Malta a Alferes e dos demais soldados ao posto de Cabo de Esquadra.

No dia 15 de dezembro de 2017, portanto, exatamente um mês antes da tragédia completar 101 anos, o Batalhão Arruda Câmara, Nono BPM de Garanhuns, prestou justa homenagem aos militares heróis que tombaram em serviço no cumprimento do dever. Sobre esta solenidade você pode saber mais no link abaixo:

Foto: Busto do Cabo Cobrinha.

Material do acervo do pesquisador Júnior Almeida

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