Por Antônio Corrêa Sobrinho
O célebre cangaceiro ANTONIO SILVINO, que, como sabemos, atuou anos antes do seu êmulo, mais famoso ainda, Virgulino Ferreira da Silva, o LAMPIÃO, teve a sua história de ter forçado outrem, a fim de discipliná-lo, a comer quantidade excessiva de sal de cozinha. Façanha, sem comprovação, trazida a público pelo jornal carioca, O GLOBO, na edição de 23.10.1930.
Se realmente
essa história aconteceu, não sabemos; mas, pelo menos, existe uma publicação a
respeito em jornal, e de grande circulação.
Eis:
“Brincadeira
de homem... – Um precursor de Lampião
Antônio
Silvino fazia-se respeitado de seus satélites. Disciplinava-os. Sabia assegurar
a conveniente distância que deve existir entre comandantes e comandados. Jamais
permitiu atrocidades que não houvesse, em pessoa, determinado.
Chegara ele
com a sua récua a uma fazenda. À hora do improvisado almoço, um cabra, o
Tempestade, se deu ao luxo de reclamar:
- “Ô arroz
ensosso de todos os diabos!”
Um relâmpago de
cólera fulgiu nos olhos de Silvino, que, findo o repasto, foi falar à mulher do
fazendeiro:
- “Dona, a
senhora tem sal em casa?”
- “Tenho, seu
capitão. Eu vi aquele homem não gostar... Vossenhoria me desculpe, me perdoe o
arroz sair ensosso! foi coisa do avexame, do aperreio do preparo...”
- “Nhóra não,
não é por isso não: eu quero é saber se a senhora me pode vender meio litro do
seu sal.”
- “Posso lhe
ceder; vender, não! O capitão leve o sal que não lhe custa nada e é dado de
gosto!”
- “Nhóra não,
não é pra carregar não. É um ensinamento que eu quero dar naquele cabrocha que
falou do arroz. Me vá ver meio litro, por bondade!”
Atendido,
Silvino pediu uma bacia, derramou dentro o sal, dissolveu-o com uma porção
d’água, e voltando ao terreiro, onde o Tempestade esgaravatava a dentadura,
obrigou-o, de punhal à mão, a beber toda aquela água horrivelmente salgada:
- “Isso é pra
você, seu bruto, perder o costume de botar defeito no que lhe dão, de graça!
Engula! Ou engole, ou morre! Comeu ensosso, beba salgado que é pra carga não
ficar torta... Cabra sem criação!”
Daí a pouco, o
Tempestade padecia sob a ação do purgante mais que enérgico...
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