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terça-feira, 18 de junho de 2024

AMIGOS,

Por Antônio Corrêa Sobrinho

Apresento mais uma consolidação de textos antigos relacionados ao cangaço. Desta feita, O CANGAÇO DE LUIZ PADRE E SINHÔ PEREIRA NOS JORNAIS DE ÉPOCA. Na verdade, um retrabalho, uma vez que eu já tinha compilado a respeito e o livro fazia parte integrante dos meus trabalhos virtuais. O que fiz agora foi revisá-lo, oportunidade em que anexei outros artigos e formulei uma outra apresentação, esta que trago abaixo.

Trata-se de impressos publicados na imprensa nacional, há 100 anos, sobre os acontecimentos relacionados aos célebres cangaceiros Luiz Padre e Sebastião Pereira, o Sinhô Pereira.

E-book (PDF) disponibilizado no meu site www.antoniocorreasobrinho.com , pelo preço simbólico de 5 reais.

Aos que gostariam de obter o livro impresso em papel, recomendo adquirir o e-book e procurar tirar cópias.

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APRESENTAÇÃO

Entre o cangaço de Manoel Batista de Morais, o ANTÔNIO SILVINO e o de Virgulino Ferreira da Silva, o LAMPIÃO, o banditismo no sertão nordestino foi protagonizado pelos cangaceiros Luiz Pereira da Silva Jacobina, o LUIZ PADRE, e Sebastião Pereira e Silva, o SINHÔ PEREIRA.

Roubos, furtos, sequestros, assassinatos, estupros e outros crimes perpetrados por esses quatro bandoleiros e seus asseclas foram noticiados pela imprensa nacional de época, embora SILVINO e LAMPIÃO, principalmente este último, tenham ocupado mais páginas de jornais.

Porém, ao contrário de ANTÔNIO SILVINO e de VIRGULINO LAMPIÃO, que desde sempre foram objeto de estudo dos mais variados, e suas façanhas contadas fartamente por historiadores, artistas, literatos, bem como, seus nomes tornados palavras adjetivas e até mesmo adverbiais, LUIZ PADRE e SINHÔ PEREIRA em tempo algum de suas vidas e trajetórias delituosas chamaram a atenção efetiva dos pesquisadores do cangaço.

O que, além de seus nomes, se sabe dos cangaceiros que formaram os grupos de SINHÔ PEREIRA e LUIZ PADRE? E a respeito dos militares que lhes combateram? Que maiores informações e esclarecimentos temos dos ataques feitos por esses dois bandoleiros, a pessoas, propriedades, povoados, vilas?

É matéria que parece não fazer parte da “grade curricular” da história do Cangaço; como se irrelevantes, na composição deste banditismo imperante no passado, os terríveis acontecimentos causadores de sérios prejuízos às populações principalmente as do sertão pernambucano e paraibano, envolvendo os temerosos SINHÔ PEREIRA e LUIZ PADRE; estes que, sob certo olhar, a meu ver fomentaram o cangaço mais intenso, abrangente e de consequências nefastas, o de LAMPIÃO. Eu diria até que LAMPIÃO, ao se integrar e, posteriormente, herdar a chefia do grupo facinoroso destes seus comandantes, quando os tais deixaram a perigosa luta, chamou para si o ódio e todo uma gama de ressentimentos (se não diretamente, indiretamente ou reflexivamente sim) nutrido pela família Carvalho, contra o clã dos Pereira, de SEBASTIÃO e LUIZ PADRE. Aversão recíproca esta, rixa nascida há muitos anos, perpetuada que fora por recorrentes desentendimentos, conflitos pontuais, justamente no meio da qual LAMPIÃO assentou-se e fez carreira. Estamos falando das tradicionais e poderosas famílias, raízes do Cariri, em perene conflito, desentendimentos maximizados e agravados pela busca constante pelo poder político nesta, sem dúvida, das mais ricas e fecundas porções do sertão nordestino. Guerra esta, segundo consta, uma das causas que levaram SINHÔ PEREIRA e LUIZ PADRE ao mundo do cangaço.

Naturalmente que existem trabalhos versando sobre os celerados primos, parentes do barão do Pajeú, filhos de Vila Bela, a hoje Serra Talhada, do sertão pernambucano, a exemplo da obra de Nertan Oliveira, editada em 1975, intitulada SINHÔ PEREIRA, O COMANDANTE DE LAMPIÃO.

Mas, geralmente, é retratado assim, SINHÔ PEREIRA, como descreve o título do retromencionado livro, como um ilustrador da saga lampiônica, ao mesmo tempo, como um personagem a ser enaltecido (sobre isto até podemos imaginar), a começar pelo desinteresse da pesquisa pela sua violenta e sanguinária vida cangaceira. E mais, como o cangaceiro que, no auge da luta armada, em respeito ao apelo do grande, famoso e respeitável taumaturgo, o líder religioso e político cearense, padre Cícero Romão Batista, e abandona o cangaço. Ainda, o homem que chefiou LAMPIÃO, deu-lhe este apelido; ensinou ao iniciante e futuro rei do cangaço, táticas e estratégias de guerra; a atemorizar, aterrorizar, extorquir populações; como negociar com poderosos; como adquirir armas e munições etc.

E sobre LUIZ PADRE eu já ia esquecendo. Com esta alcunha a sugerir religiosidade, paz, espiritualidade, na verdade, foi o mais violento da célebre dupla. Muito pouco temos a respeito deste bandoleiro e de seus muitos crimes.

A imprensa em geral, por sua vez, desde os tempos que LUIZ PADRE e SINHÔ PEREIRA abandonaram o cangaço e os holofotes do jornalismo se voltaram para as tenebrosas e espetaculares proezas de VIRGULINO LAMPIÃO, andou na mesma toada dos pesquisadores, ou seja, calou-se em relação ao marcante cangaço situado entre os praticados por ANTÔNIO SILVINO e VIRGULINO LAMPIÃO.

O objetivo deste O CANGAÇO DE LUIZ PADRE E SINHÔ PEREIRA NOS JORNAIS DE ÉPOCA é, primeiro, facilitar o acesso do leitor ao noticiário e às opiniões que vieram a lume na imprensa contemporânea à atuação bandoleira de SINHÔ PEREIRA e LUIZ PADRE. E, depois, convidar você, leitor, a conhecer o que os jornais disseram, naquela época, a respeito dos acontecimentos envolvendo estes dois personagens imortais da história do banditismo brasileiro.

São textos elaborados há cem anos, os que formam esta coletânea, vale aqui de logo mencionar, portanto praticamente inéditos, pois só foram lidos quando os jornais circularam, e, desde então, apenas por raros pesquisadores, frequentadores de acervos.

Servi-me, para tanto, dos jornais DIÁRIO DE PERNAMBUCO (PE), A PROVÍNCIA (PE), JORNAL DO RECIFE (PE), A NOITE (RJ), A ÉPOCA (RJ), CORREIO PAULISTANO (SP), O NORTE (PB), O PAIZ (RJ), GAZETA DE NOTÍCIAS (RJ), O IMPARCIAL (RJ), A RAZÃO (RJ), A ORDEM (CE) e o JORNAL DO BRASIL (RJ).

Dizer que, no final da coleção, anexei um texto de 1971, “VOLTA AO SERTÃO DO PAJEÚ ANTIGO BANDIDO QUE FOI CHEFE DE LAMPIÃO”. Aconteceu que o ex-cangaceiro SINHÔ PEREIRA, aos 75 anos de idade, retornou ao Cariri para rever a sua família, e o Diário de Pernambuco o entrevistou. Vale a pena lê-lo.

Os impressos estão agrupados cronologicamente, ou seja, de acordo com as respectivas datas de publicação. É um e-book (PDF) o presente trabalho, composto de pouco mais de cem páginas, e que não carece de índice remissivo.

Concluo agradecendo à Biblioteca Nacional, pela disponibilização do seu acervo digital, e ao meu filho Thiago Corrêa, pela feitura da capa e diagramação do livro.

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