Por Ludimilla
Oliveira
O vetor de
crescimento em Mossoró, teve sua rota baseada na distribuição comercial de suas
atividades. Na verdade, os canais de escoamento comercial fizeram que Mossoró,
não tivesse uma única direção para o crescimento, mas que se ampliou a partir
das novas demandas e incrementos de uma população bastante diversificada em
função das atividades desenvolvidas e da produção existente.
No início da
década de 1970, com a nova divisão territorial brasileira, os principais
produtos da agroindústria de Mossoró – as fibras de algodão arbóreo, a cera de
carnaúba, o óleo de algodão e óleo de oiticica – sofrem a concorrência da
cultura do algodão herbáceo, das fibras sintéticas, e de outras oleaginosas
(como a soja), fabricados nas regiões Sudeste e Sul. Em crise e sem mercado
consumidor para seus produtos, é decretada a falência do parque agroindustrial
de Mossoró que, junto ao processo de mecanização das salinas, completado com a
inauguração do Porto Ilha em Areia Branca em 1973, desencadeia o processo de
desemprego em massa da força de trabalho rural, urbana e salineira da região de
Mossoró.
Assim, na
primeira metade da década de 1970, a difícil situação gerada pelo desemprego em
massa e pela incapacidade dos capitais locais para absorver essa mão-de-obra,
incide sobre a sua frágil estrutura urbana de Mossoró. A cidade torna-se uma
área de tensões sociais e começa o processo de “inchamento” do seu espaço, com
a formação de favelas pelo exército de desempregados oriundos das
agroindústrias e das salinas, como também pela população rural que migrou
assolada pelas secas. Foi nesse contexto que as autoridades governamentais
acionaram políticas públicas visando controlar os conflitos.
É nesse
contexto que a cidade elabora seu primeiro Plano Diretor, através da Lei 01, de
09 de junho de 1975, numa tentativa de zonear o uso do uso e ordenar a ocupação
para o crescimento da cidade considerando o afluxo de novos contingentes
populacionais, o desenvolvimento do sistema de transportes, e a demarcação
econômica da região. No zoneamento, foram definidos as zonas e usos
predominantes para residências, comércios, indústrias e serviços.
Então, a
partir da primeira metade da década de 1980, a escala da cidade de Mossoró
reproduz a segregação social e espacial decorrente da nova estrutura econômica.
As profundas transformações advindas de sua reestruturação produtiva durante a
década de 1970, quando a cidade deixa de ser um centro repassador de matérias-primas
para ser um centro prestador de serviços, provocaram uma verdadeira
reestruturação espacial em seu solo urbano. Neste contexto, a questão do espaço
urbano torna-se polêmica e contraditória, pelo fato de atingir as diversas
classes sociais de diferentes maneiras.
Vários agentes
do espaço são atuantes: suas atividades podem ser vistas com a produção do
cenário dinâmico que existe em Mossoró. Contudo, o principal celeiro de
oportunidades é advindo da iniciativa privada. A área de serviços, possui um
cunho representativo nesse aparato, com parcela significativa de oportunidades.
Nesse sentido, os agentes da iniciativa privada representam para a cidade uma
projeção positiva para uma cidade média consolidada no futuro. Pois, a
quantidade de empregos gerados proporciona, estabilidade a economia, promovendo
uma rotatividade e geração de novos empregos a partir da criação contínua de
novos empreendimentos, sendo responsável nesse processo, por uma quantidade
importante de valores tanto nas vendas como nas compras em diversas áreas do
comércio.
No campo
comercial, a cidade possui também um destaque: apesar de estar numa posição
geográfica equidistante de duas capitais, a mesma atua como polo regional
comercial em diversos setores. Todavia, a construção de um referencial indenitário
em Mossoró centra-se no conjunto de suas atividades econômicas, permitindo
nesse caso a seguinte interpretação: Mossoró não tem patrimônio cultural, mas
se identifica com os vultos de seus acontecimentos históricos, com suas atividades
econômicas que lhe apresenta como uma cidade que valoriza suas raízes e a
vocação natural para ser um polo importante no semiárido. Com isso, é possível
entender que a identidade de Mossoró está mesmo aliada às suas atividades
econômicas e sociais existentes, partindo do princípio da coexistência das
mesmas.
Por sua vez,
os agentes da esfera pública também possuem seu espaço. Ligada às negociações
para a instalação de grupos de investidores em Mossoró. Nessa perspectiva, o
apoio ocorre pelo incentivo fiscal gerado em função da importância econômica de
algumas empresas para Mossoró e região. Com isso, a cidade é permeada por um
conjunto de iniciativas e fomentos pelos produtores do espaço.
A tônica
para a melhoria deste cenário está centrada numa gestão urbana dirigida para a
produção de uma economia urbana em oposição à resolução dos mais
diferentes problemas sociais e pontuais, daí a importância da gestão
participativa, integradora e planejada.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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