Colaboaração: Pesquisador José João Souza
A bem aventura Irmã Dulce, sempre esteve ao lado dos miseráveis, esquecidos e
injustiçados da Bahia. Na sua juventude, por amor ao próximo, transformou um
galinheiro em uma Hospital, que hoje é um complexo de saúde, que atende 2 mil
pessoas dia, com 1600 leitos para internação, 100% SUS. É a última porta para
os menos favorecidos do Brasil. A estória de Irmã Dulce é vasta e grandiosa. É
uma grande brasileira, digna de todos os méritos. Antes de transformar a saúde
pública no estado da Bahia, a jovem religiosa dedicava também os seus dias para
levar a fé e esperança a pessoas e lugares marginalizados, como as Palafitas de
Alagados e a Cadeia da Coreia, como era conhecido o presídio de Salvador,
prisão de trabalhos forçados, onde os maiores criminosos eram levados, poucos
resistiam e morriam ali mesmo. Raro era o civil que, em sã consciência, se
aventurava a visitar aquela raça de gente. Irmã Dulce, na sua fé franciscana,
uma vez por semana era vista por lá.
Volta Seca, um dos primeiros cangaceiros a ser preso, cumpriu pena nesta cadeia
por 20 anos, talvez uns dos poucos brasileiros a ficar tanto tempo preso.
A chegada do jovem membro do bando de Lampião, causou enorme reboliço em
Salvador. A cidade quase parou, a espera na estação de trem no bairro da
Calçada, foi antecipada em Paripe, subúrbio ferroviário, distante da outra
cerca de 60km, devido ao tumulto da população. Exibido como uma fera selvagem,
um troféu de guerra, ficou isolado e incomunicável. Na primeira semana só
falava com a imprensa amarrado e fortemente vigiado. A única pessoa que esteve
frente à frente com o temido monstro, desprovida de medo, foi Irmã Dulce. A
freira cantava muito bem e tocava acordeom como poucos, e foi com a música que
ganhou a confiança e a simpatia do acuado guerrilheiro. Não o acusava de nada,
não o interrogava e acima de tudo não tinha medo. Volta Seca era praticamente
uma criança, tinha só 14 anos e sobre ele pesava as mortes, todas as invasões e
todos os crimes de todos os cangaceiros. Por diversas vezes a religiosa esteve
com o cangaceiro. Ele ouvia atentamente as palavras de conforto e fé, até se
permitia a cantar com a religiosa. Por Volta Seca, Irmã Dulce, tinha muita
afeição. Era um menino vítima do seu meio, que precisava de atenção e cuidados.
Este encontro inusitado está no enredo da peça O Cangaceiro Volta Seca. Outros
cangaceiros ouviram as palavras de candura de Irmã Dulce: Bananeira, Labareda,
Deus-te-cuide, Saracura e Cacheado, presos com Volta Seca após a tocaia em
Angicos, onde tombou morto o rei do cangaço.
COLABORAÇÃO: JOSÉ JOÃO SOUZA
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