Por Junior
Almeida
Muita gente
que não tem conhecimento de causa acha que grupos como o Cariri Cangaço, que
reúne pesquisadores, escritores, familiares de coiteiros, cangaceiros e
volantes e simplesmente aficionados pelo tema cangaço, ou mesmo que pessoas que
participam de grupos ligados ao tema nas redes sociais são adoradores de
bandidos ou que fazem apologia ao crime, não sendo difícil fazer algum
comentário que não reflete a realidade. Não é isso. Muito pelo contrário. Se
alguém fizer a famosa pergunta “se Lampião era herói ou bandido” a algum
pesquisador sério, 100% deles sem titubear vai responder que Virgulino Ferreira
foi o maior bandido que existiu em território brasileiro. O que se estuda desse
celebre sicário é a sua mente privilegiada, sua capacidade de estrategista, sua
liderança nata e várias outras qualidades usadas por ele no campo de luta, até
mesmo “arte” de matar. Ao estudar o cangaço, se analisa o meio em que ele
viveu, sua rede de protetores e até a política e corrupção daquela época.
Sempre foi
assim. Em toda parte do mundo, em todas as épocas existiram conflitos armados,
desde pequenas revoltas até grandes guerras, e todas elas foram estudadas,
assim como se estuda o cangaço. Por divulgação de quem estudou os conflitos e
os seus protagonistas, alguns guerreiros ficaram mundialmente famosos, como os
Kamikazes japoneses, que sacrificavam suas vidas pelo Japão, os Samurais,
guerreiros de belíssimas indumentárias, também da Terra do Sol Nascente, que
lutavam colocando a honra acima de tudo. Em um tempo não tão distante existiram
os Vietcongs, que com suas táticas de guerrilha semelhante às usadas pelos
cangaceiros, ganharam a guerra para o seu país, conflito esse que os Estados
Unidos, maiores potências do planeta, através do cinema e televisão, insistem
em negar. Pela versão americana os Vietnamitas é que são os maus da história,
pois tiveram a ousadia de defender a sua terra do inimigo invasor.
VINKINGS - Em
parte da Europa, Noruega, Suécia e Dinamarca, existiram guerreiros de terra e
mar denominados de Vinkings, isso de maneira mais forte entre os séculos VIII e
XI. Até nos dias atuais é fácil identificar um vinking, pois esses têm suas
características bem definidas de homens brancos, fortes, beberrões, sempre
vestindo peles de animais, por viverem em países frios, e muitas vezes usando
elmos com chifres. Esses conquistadores ficaram famosos por suas épicas
batalhas com seus ataques sangrentos em parte da costa do Mar Báltico, parte da
Rússia continental, Normandia, França, Inglaterra, Portugal, Espanha, Itália, Sicília
e partes da Palestina. Os vikings também chegaram à América antes da descoberta
de Cristóvão Colombo, quando tentaram sem sucesso colonizar a região sudeste do
Canadá. Romantizados pela literatura e o cinema e até “infantilizados” em
histórias em quadrinhos e desenhos animados, como Hagar, o Horrível, que desde
1973 faz sucesso em vários países do mundo. Atualmente uma série da televisão
canadense, que enfoca esses guerreiros e tem o sugestivo título de “Vinking”,
faz sucesso em vários países do mundo.
SAMURAIS –
Esses guerreiros já foram usados como comparativo com os nossos
brasileiríssimos e nordestiníssimos cangaceiros, quando o mestre Frederico
Pernambucano de Melo disse que as chamativas indumentárias dos cangaceiros, com
toda sua ostentação, se assemelhavam com as dos guerreiros japoneses. Tanto lá
quanto cá, as roupas dos combatentes eram notadas de pronto, quando deveria ser
ao contrário, pois de quem vive em conflito se espera camuflagem e a discrição,
e não chamar atenção. Os samurais viveram no Japão por quase um milênio, de 930
a 1877, quando depois de perder o poder em 1868, e passaram a ser perseguidos
pelo imperador até a sua extinção. Diferente dos cangaceiros, que se
embriagavam constantemente e por dinheiro ou para salvar a pele, matava,
surrava ou roubava qualquer um, fosse colega ou não, os samurais tinham grande
disciplina e grande lealdade uns com os outros. O cinema também tratou de
amplificar os feitos dos samurais, com astros como Bruce Lee e suas dezenas de
filmes de artes marciais. Um clássico que aborda o tema é “O Último Samurai”,
com o americano Tom Cruiser, que é ambientado no Japão do final do século XIX,
pouco tempo antes do fim dos guerreiros.
Todos esses
homens de armas se assemelham, mesmo que em épocas distintas. Personagens e
conflitos são estudados a fundo por especialistas, e até exaltados como alguns
cowboys americanos, que ainda fazem sucesso em produções hollywoodianas, então
porque estudar cangaço é fazer apologia ao crime? Toda história, por menor que
seja sempre tem o seu outro lado, então é necessário se estudar e acabar com
mitos ou falsas versões seja de as histórias de vinkings, samurais e os
“nossos” cangaceiros.
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