Por Clerisvaldo B.
Chagas, 17 de abril de 2017 - Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.662
Os últimos
dias da Semana Santa vieram com mais um milagre para o povo sertanejo e sua
puxada seca de seis anos. Os inúmeros filhos do semiárido que deixaram as
capitais para rever familiares nessa época depararam-se com um cenário bonito.
Nada da foto de alguns dias passados que mostrava o cinza de arbustos e
garranchos sobre a poeira pelada que entristecia. Agora um céu nublado,
temperatura agradável e fantasma da estiagem se distanciando. Muitas famílias
no aconchego do reencontro de Semana Santa vendo do alpendre da fazenda a chuva
rodeando e arrancando o perfume de mato verde. Os pássaros não paravam de
grasnar pelas baixadas num festejo sem fim. Não foram poucos os barreiros que
encheram, os riachos que botaram cheias, os rosários que balançaram com
agradecimentos. E a concentração de familiares antes espalhados coincidia na
frase: “eu trouxe a chuva para o Sertão”. De Maceió a Pariconha ─ o município
mais distante da capital ─ nada de divisório no verdume total.
Meu
Sertão, meu sertãozinho, após a chuvarada. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas).
“Se Deus
quiser”, afirma o sertanejo, essa boa chuvarada deve ser o início do esperado
inverno. Depois de tanto sofrimento, tanta dor, tanta apreensão, parece que
finalmente teremos um ano de fartura, mesmo não dando para recuperar ainda
todos os prejuízos. Mas somos um povo forte, resistente, simbolizado pelo
mandacaru, uma bandeira de luta contra as adversidades. Passada a tão esperada
Semana Santa, para nós cristãos, parece recomeçar um novo ciclo. Mas um novo
ciclo de Sertão lavado com a terra e com a alma. Com a humildade e com a
esperança. Com a fé e com a determinação.
Agora é
trabalhar com denodo e aguardar os festejos juninos época de muito forró e
comidas típicas a se perder de vista.
Esperamos que
um novo grande ciclo de bonança aja sobre o semiárido, permitindo a renovação
da têmpera sertaneja e do capital fugidio dos roceiros. Vamos ver se agora São
Pedro costura a boca da seca por um longo tempo deixando reinar a alegria do
homem e da Natureza.
Com sofrimento
e tudo, orgulho de ser nordestino e sertanejo.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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