Por Clerisvaldo B. Chagas,
22 de julho de 2014. - Crônica Nº
1.225
Recentemente,
em uma roda de amigos, foi abordado o tema: aplicações de hormônios em carne de
frango e, outros assuntos semelhantes que fizeram acumular boa quantidade de
escuros vasilhames sobre a mesa.
Contei que
essa desconfiança em relação à carne é até bem antiga. Nos anos sessenta correu
o boato no Brasil que o homem não deveria comer do boi de Minas Gerais,
justamente por causa de certos tipos de injeções nos rebanhos, daquele estado.
Em Santana do Ipanema, mesmo, compadre, lá no sertão de Alagoas, as mulheres
andavam preocupadas e os marchantes eram interrogados constantemente sobre a
origem das reses abatidas. As senhoras tinham um medo danado de que os
respectivos maridos extinguissem o vigor sexual. E o pior: virassem coluna do
meio.
Para esquentar
o boato, chegou um sujeito à cidade e foi morar na Rua Nova. Era um cinquentão,
tinha a cara quadrada, cabelo de índio, fumava bastante e, parece-me que se
relacionava com música. Logo chegou o Carnaval e o sujeito improvisou um bloco
que ele mesmo comandava, tocando violão à frente e, a “bebaria” pulando atrás.
Sempre pensei que a composição fosse dele, mas em recente pesquisa, descobri
que os autores eram: Paquito/Romeu Gentil e José Gomes. Foi cantada por vários
cantores, como marchinha de carnaval, inclusive pelo grande Jackson do
Pandeiro:
“Olha o boi da
cara preta…
Olha o boi da cara preta… (Menino)
Olha o boi da cara preta…
Olha o boi da cara preta…
Coitado do Valdemar…
Tá dando o que falar…
Comeu carne de boi e falou fino…
E deu pra se rebolar… (Que azar).”
Olha o boi da cara preta… (Menino)
Olha o boi da cara preta…
Olha o boi da cara preta…
Coitado do Valdemar…
Tá dando o que falar…
Comeu carne de boi e falou fino…
E deu pra se rebolar… (Que azar).”
Vocês imaginem
como ficaram as interrogações no Mercado de Carne e no curral do abatedouro!
Cinquenta anos
depois desses vexames, volta à tela o produto que transforma o macho em pirobo
(ô). Montado no presente e espiando o passado, com licença:
Olha O BOI DA
CARA PRETA, aí gente!
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