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quarta-feira, 23 de julho de 2014

O cangaceiro Zé Baiano e seus comandados


Amigos,

Vejam a interessante opinião deste jornalista do “O Estado de Sergipe”, edição de 02 de Julho de 1936, manifestada à época da morte de Zé Baiano e três dos seus companheiros, pelo comerciante Antônio de Chiquinha. Uma verdadeira moção em favor deste destemido cidadão freipaulistano, mas que construída, no meu ver, para, sobretudo, censurar o modo como a imprensa do Sul do Brasil, segundo ele, enxerga, melhor, enxergava a violência daqueles idos recorrente no nosso sertão (em Sergipe, absurdamente, extensiva à Zona da Mata Canavieira), preferindo não considerar como realmente existentes os decantados bandoleiros e suas desenfreadas, terríveis e macabras ações capitaneadas pelo famoso e muito temido, Virgolino Lampião. Em outras palavras, nossos cangaceiros e seus malfeitos eram traduzidos pelos jornais sulistas como algo impossível de ser, do que resultou, o cangaço, em algo de natureza mais ficcional do que realista.

E aí eu pergunto aos amigos: teve a imprensa do sul do Brasil alguma parcela de contribuição para a romantização do cangaço e de seus protagonistas?

“O Estado de Sergipe” – 02/07/2014

Várias

Da direita para esquerda: Zé Baiano, Chico Peste, Acelino e Demudado

Muito já se tem dito em louvor daqueles que, dando fim ao grupo de cangaceiros de José Baiano, prestaram um inestimável serviço à sociedade.

No sul do país, quando se relata as proezas sanguinárias de Lampião e seus êmulos, observa-se que os filhos da terra recebem como lenda os detalhes da atividade tenebrosa desses párias que enveredam a senda do crime, dando expansão aos caracteres degenerados de que são possuidores.

No entanto, observando-se o noticiário criminal dos jornais sulinos, deparam-se os crimes mais monstruosos, ilustrados com gravuras eloquentes.

Porque o habitante dos centros civilizados pode dar vazão ao instinto cruel que lhe move na alma, e a atividade mórbida das feras bravias das regiões crestadas de sol das caatingas do nordeste que vivem da rapina e gozam da desdita alheia, é tida como inverossímil?


A cartada decisiva que Antônio de Chiquinha jogou com felicidade, é um documento insofismável de que no nordeste há homens de fibra, capazes de oporem barreira ao crime, arriscando espontaneamente a própria vida.

É mister que se propale lá pelo sul, dando-lhe o justo valor, a coragem estoica dos valentes sertanejos, exibindo-se a fotografia dos troféus, frutos da luta de gigantes em que se empenharam, eliminando José Baiano e seus sequazes, e assim provaram não ser mitologia a existência dessas criaturas sem entranhas, cujas proezas incontáveis ganharam foros de impossíveis.

Fonte: facebook
Página: Antônio Corrêa Sobrinho

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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