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domingo, 9 de outubro de 2016

GUERHANSBERGER TAYLLOW AUGUSTO SARMENTO E AS MÚLTIPLAS FACES DO CANGACEIRO CHICO PEREIRA

Por José Romero Araújo Cardoso

Francisco Pereira Dantas marcou de forma extraordinária presença no grande movimento cangaceiro na turbulenta década de vinte do século passado, tornando-se personagem de destaque em razão dos múltiplos fatores que o levaram a ingressar na vida errante que acabou envolvendo importante clã sertanejo nucleado na antiga vila de Nazaré (Hoje município de Nazarezinho, Estado da Paraíba).
         
Vingança repreendida com veemência pelo genitor resultou em série de fatores cujo ponto culminante foi o audacioso ataque bandoleiro à cidade de Sousa (Estado da Paraíba) em 27 de julho de 1924, fato que lhe fez aproximar-se de forma exponencial com o núcleo maior do banditismo rural sertanejo.
     
Polêmica literária em torno de sua representação teve sua gênese quando da publicação de Vingança, não – Depoimentos sobre Chico Pereira e cangaceiros do Nordeste, livro que se tornou célebre em razão do pioneirismo na abordagem acerca da figura mítica que se tornou o cultivado cangaceiro paraibano, sendo a autoria do ex-sacerdote e filósofo Francisco Pereira Nóbrega, filho do famoso quadrilheiro das caatingas sertanejas, avolumam-se as formas como vem sendo apresentado o cangaceiro que se diferenciou radicalmente da maioria que fez do cangaço sob domínio de Virgulino Ferreira da Silva movimento social extraordinário que adquiriu proporção nitidamente protomafiosa devido à montagem de esquemas e estratégias notáveis que se intercalaram sagazmente com expoentes do mandonismo local ávidos em usufruir de vantagens que acordos informais garantiam, alicerçados na luta incessante pela manutenção do status quo e acumulo de riquezas, sinônimos de prestigio na atribulada conjuntura que caracterizou momentos de intensa atuação dos bandoleiros das caatingas.
      
Gerações inteiras no sertão paraibano e em outros ermos perdidos foram marcadas pelas histórias contadas nos alpendres, em botequins, nas rodas de amigos, nas lembranças dos avós, etc., acerca das façanhas de Chico Pereira em sua luta por justiça  em um território no qual imperava a lei do mais forte.

O cangaceiro Chico Pereira
          
Versões referentes a Chico Pereira como cangaceiro sedutor surgem mais tarde, pois suspeitas de comportamento donjuanesco tendem a direcionar razão de sua trágica morte  com a sedução de parente próxima de importante político norte-riograndense.

Buscando referência no conceito de lugar social, formulado por Michel de Certeau, Guerhansberger Tayllow Augusto Sarmento analisou em seu trabalho de conclusão de curso de Licenciatura Plena em História, defendido no ano de 2016 no Centro de Formação de Professores da Universidade Federal de Campina Grande, as múltiplas faces apresentadas sobre o famoso bandido paraibano, problematizando, dessa forma, as memórias construídas em torno do cangaceiro Chico Pereira e contribuindo formidavelmente para a compreensão do personagem e de sua época.

José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo e Escritor. Professor-Adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Sócio da SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço), do ICOP (Instituto Cultural do Oeste Potiguar) e da ASCRIM (Associação de Escritores Mossoroenses). E-mail: romero.cardoso@gmail.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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