No amanhecer de sete de abril de 1910 o centro da cidade de Lavras da
Mangabeira, no Centro-Sul cearense, era invadido por cangaceiros comandados por
Joaquim Vasques Landim, o Quinco Vasques. Era político o intento, e como alvo,
o mandão provisionado do feudo de Dona Fideralina – o Coronel Gustavo Lima. Não
são muitos os relatos literários que atentem com riqueza de detalhes a este
objeto, e ao presente trabalho, interessa uma tentativa de interpretação
através do comparativo de duas versões díspares, principalmente. Nas páginas de
O Rebate, periódico que circulou no Cariri entre julho de 1909 e setembro de
1911, nota-se uma destas versões, assegurada por seu redator principal, o Padre
Joaquim de Alencar Peixoto. No jornal, uma série de cinco artigos atribui aos
coronéis do Crato, inimigos declarados do Pe. Peixoto, participação crucial no
evento.
A outra versão
apoia-se em autos de inquérito e em depoimentos do próprio Quinco Vasques,
assim como de testemunhos e atenta à participação dos deportados de Aurora
junto aos inimigos políticos lavrenses, próprios parentes do Cel. Gustavo, a
fim de expulsarem-no, à bala, do poder municipal. Este episódio configurou-se
como um dos de maior repercussão no cenário coronelístico do Nordeste do
Brasil, à época, não só pela tentativa de deposição, propriamente, mas pela
audácia na violação da predominância política estabelecida pela matrona
Fideralina e o clã dos Augustos."
"Joaquim
Vasques Landim, o Quinco Vasques ou Quinco Vasco. Nascido em 1874, aos 5 de
janeiro, no sítio Santa Teresa (Missão Velha), veio casar-se em 1893, aos 9 de
novembro, com Maria da Luz de Jesus (Marica), de 20 anos de idade, nascida no
Sítio Olho d'água Comprido, do referido município. Depois de casado, Quinco
Vasques deixou Santa Teresa, indo residir no sítio Tipi, em Aurora, onde foi
vaqueiro de seu parente José Antônio de Macêdo (Cazuza). Morou, depois, nos
sítios Boca das Cobras, em Juazeiro do Norte, Bico da Arara, na Serra de São
Pedro (Caririaçu), e Passagem de Pedras, confinando-se este com o de Santa
Teresa, seu local de origem."
"Vasques
realizou diversas proezas. Questionou com os poderosos de Missão Velha, Isaías
Arruda e Sinhô Dantas, sem objeção. Juntamente a três filhos, dentro de um
vagão de trem, defrontou o temíveis Paulinos, de Aurora, que o haviam jurado
para um primeiro encontro, mas retrocederam. Todavia, nada se compara ao evento
de 7 de abril de 1910, em Lavras da Mangabeira. Com efeito, Quinco Vasques
abalaria as estruturas de uma das mais fortes oligarquias do Nordeste, até então,
exclusivamente por eles próprios deturpada. Teria sido Joaquim Vasques um
jagunço ou algum tipo de facínora? Seria Vasques um mercenário, ou apenas um
aventureiro? Teria sido um herói regional, ou meramente alguém que, pelos
repetidos atos de destemor, ganharia fama de bravo, tão somente?"
Fonte: Blog
Cariri cangaço / Dr. João Tavares Calixto
Jùnior.
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