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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A INVASÃO DE LAVRAS POR QUINCO VASQUES


No amanhecer de sete de abril de 1910 o centro da cidade de Lavras da Mangabeira, no Centro-Sul cearense, era invadido por cangaceiros comandados por Joaquim Vasques Landim, o Quinco Vasques. Era político o intento, e como alvo, o mandão provisionado do feudo de Dona Fideralina – o Coronel Gustavo Lima. Não são muitos os relatos literários que atentem com riqueza de detalhes a este objeto, e ao presente trabalho, interessa uma tentativa de interpretação através do comparativo de duas versões díspares, principalmente. Nas páginas de O Rebate, periódico que circulou no Cariri entre julho de 1909 e setembro de 1911, nota-se uma destas versões, assegurada por seu redator principal, o Padre Joaquim de Alencar Peixoto. No jornal, uma série de cinco artigos atribui aos coronéis do Crato, inimigos declarados do Pe. Peixoto, participação crucial no evento.

A outra versão apoia-se em autos de inquérito e em depoimentos do próprio Quinco Vasques, assim como de testemunhos e atenta à participação dos deportados de Aurora junto aos inimigos políticos lavrenses, próprios parentes do Cel. Gustavo, a fim de expulsarem-no, à bala, do poder municipal. Este episódio configurou-se como um dos de maior repercussão no cenário coronelístico do Nordeste do Brasil, à época, não só pela tentativa de deposição, propriamente, mas pela audácia na violação da predominância política estabelecida pela matrona Fideralina e o clã dos Augustos."

"Joaquim Vasques Landim, o Quinco Vasques ou Quinco Vasco. Nascido em 1874, aos 5 de janeiro, no sítio Santa Teresa (Missão Velha), veio casar-se em 1893, aos 9 de novembro, com Maria da Luz de Jesus (Marica), de 20 anos de idade, nascida no Sítio Olho d'água Comprido, do referido município. Depois de casado, Quinco Vasques deixou Santa Teresa, indo residir no sítio Tipi, em Aurora, onde foi vaqueiro de seu parente José Antônio de Macêdo (Cazuza). Morou, depois, nos sítios Boca das Cobras, em Juazeiro do Norte, Bico da Arara, na Serra de São Pedro (Caririaçu), e Passagem de Pedras, confinando-se este com o de Santa Teresa, seu local de origem."

"Vasques realizou diversas proezas. Questionou com os poderosos de Missão Velha, Isaías Arruda e Sinhô Dantas, sem objeção. Juntamente a três filhos, dentro de um vagão de trem, defrontou o temíveis Paulinos, de Aurora, que o haviam jurado para um primeiro encontro, mas retrocederam. Todavia, nada se compara ao evento de 7 de abril de 1910, em Lavras da Mangabeira. Com efeito, Quinco Vasques abalaria as estruturas de uma das mais fortes oligarquias do Nordeste, até então, exclusivamente por eles próprios deturpada. Teria sido Joaquim Vasques um jagunço ou algum tipo de facínora? Seria Vasques um mercenário, ou apenas um aventureiro? Teria sido um herói regional, ou meramente alguém que, pelos repetidos atos de destemor, ganharia fama de bravo, tão somente?"

Fonte: Blog Cariri cangaço / Dr. João Tavares Calixto Jùnior.

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