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segunda-feira, 10 de abril de 2017

O CANGAÇO NÃO VIVERIA DE FORMA ALGUMA SEM A PRESENÇA DE LAMPIÃO

Por José Mendes Pereira

Assim que o grande chefe dos cangaceiros o rei Lampião viajou para outra esfera, se é que existe, os cangaceiros ficaram todos sem destinos e planos, porque administrar uma empresa de gente maldosa é preciso que saiba conquistar os pensamentos de cada um delinquente, do contrário, nada será realizado como deveria ser. Existiram outros diretores de empresas de facínoras no Nordeste brasileiro, mas, segundo os pesquisadores e escritores, ninguém soube administrar melhor do que o perverso e sanguinário Lampião.

Corisco foi um dos que ficou perambulando por aí, sem destino, sem planos, sem saber como adquirir dinheiro e alimentos com os velhos amigos de Lampião, ou até mesmo pessoas que o afamado guerreiro não tinha nenhum vínculo de amizade, mas tomava as suas economias na força e no poder do seu fuzil.

Corisco

Corisco estava desatinado. Mas procura alguns dos seus coiteiros e através deles, envia cartas para os fazendeiros, solicitando recursos para sustentar o seu bando de cangaceiros. Mas os seus pedidos não são considerados pelos mesmos. Sem Lampião na caatinga o cangaço estava totalmente morto. A Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia tinha sido assassinada juntamente com o seu sócio majoritário que era o Virgolino Ferreira da Silva o rei Lampião.

Para tentar melhores contatos Corisco sai das terras de Alagoas e vai fazer solicitações aos fazendeiros de Sergipe, pois ali o compadre Lampião deixara muitos amigos, e quem sabe, lá, poderia ser atendido.

Alojado nas terras de Sergipe Corisco procura um senhor de nome Sinhozinho de Néu Militão, possivelmente, este seria um dos coiteiros de Lampião naquelas terras. E ele iria ser o portador de cartas endereçadas aos senhores Camilo Laurindo, Luiz Antônio Militão, Manoel do Brejinho e outros fazendeiros da região, entre os municípios de Monte Alegre e Poço Redondo.

Como o cangaço estava morto e uma andorinha só não faz verão, todos os agricultores que recebiam os seus bilhetes, não davam a mínima atenção, e a partir daí, Corisco percebeu que já não tinha mais moral para intimidar suas vítimas.

E para o deixar mais desmoralizado, o Sinhozinho de Néu Militão que era quem levava as cartas para os fazendeiros, espalhava por onde passava, que Corisco fazia solicitações de doações, mas ninguém o atendia.

Ao saber dos boatos comentados na região Corisco se encheu de ódio, e tem como certeza, que quem andava espalhando a fofoca era o Sinhozinho. Somente ele sabia das suas solicitações, vez que ele era quem levava os bilhetes para os fazendeiros. Ciente que era ele que comentava aos catingueiros, prometeu matá-lo assim que o encontrasse.

Sinhozinho foi avisado que Corisco iria o matar, e temendo a morte, resolveu mudar-se para Porto da Folha, abandonando sua bela moradia em Monte Alegre. Mas Sinhozinho tinha uma preocupação, o seu gado que ruminava pelas bandas da fazenda Chafardona, e ele não conseguia viver fora da sua terra natal, e dias depois, retornou para sua casa que ficava 1 quilômetro de Monte Alegre. 

Sinhozinho precisa campear o seu gado, e convida o seu amigo Santo Velho e os dois vão até a fazenda Chafardona atrás do gado. Como já estava ficando tarde, levam as rezes para o curral da fazenda, e retornam para Monte Alegre, e na manhã seguinte vão  para vaquejar os seus animais, o que isto fazem antes do amanhecer do dia.

Corisco e Dadá - Colorida pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio

Sinhozinho observa e ver várias pegadas de pessoas nas proximidades do curral. Chama Santo Velho e mostra que poderá ser rastros de cangaceiros ou de soldados. Os dois ficaram preocupados. A porteira foi aberta e iniciam a caminhada. 

site blogger

Mas Sinhozinho percebe que uma de suas vacas está com o úbere cheio. Zeloso com os seus animais, resolve fazer a ordenha para aliviar a aquele sofrimento da vaca. Atalham o gado e retornam para o curral. 

Sua generosidade de aliviar o sofrimento da vaca foi a sua infelicidade. 

A vaca foi arreada e Sinhozinho iniciou a tirada do leite. Os cangaceiros chegaram à porteira do curral. Sinhozinho estava ferrado! Era Corisco e seu afamado bando.

- Cabra, pru quê você foi afisar a poliça e mangar de meus biêtis? – Perguntou o carrasco Corisco.

Dadá faz a sua observação:

- Ainda prigunta? Mati essi bandido sem vergonha!

E enfurecida Dadá diz:

Caixa de Fosco, mati o homi! Atire neli! – dá a ordem a cangaceira.

Imediatamente, o Sinhozinho foi morto e cortada a sua cabeça. Obrigaram ao Santo Velho levá-la para a povoação, recomendando-o que a entregasse de presente ao comandante do destacamento do pequenino lugarejo, o cabo Nicolau.

De lá, Corisco foi para as matas de Frei Paulo, Carira..., até ser baleado por João Torquato...

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Fonte de pesquisas:
Lampião Além da Versão mentiras e Mistérios de Angico
Páginas 342-343.
Autor Alcino Alves Costa

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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