Clerisvaldo B. Chagas, 7 de novembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
No final do século XIX, foi construída estrutura para um convento, em Santana do Ipanema. No local alto e plano só havia mata de caatinga onde proliferava a passarada. Na passagem pela urbe, o padre Veríssimo aproveitou a estrutura e a transformou no primeiro cemitério que se tem notícia. Tinha sua entrada voltada para a povoação abaixo. Ali foram sepultadas desde pobres indigentes a ricas e ilustres pessoas. Havia avenidas dos mais caprichados mausoléus com fotografias e dizeres. (Oscar Silva foi o único escritor antigo, a registrar alguma coisa sobre o tema). O cemitério também, como outros semelhantes, seria grande fonte de pesquisa sobre pessoas da época. Aproximadamente, na metade do século XX, o cemitério foi “barbaramente assassinado”.
Governava Santana do Ipanema o coronel José Lucena Albuquerque Maranhão, homem que comandara as volantes que deram fim ao famigerado Virgulino Ferreira e Maria Bonita. Um ou outro santanense ancião ousa falar do assunto ainda à boca miúda. A cidade se expandia rumo ao cemitério. Não querendo a morada dos mortos dentro da urbe, o coronel planejava a demolição. Encontrando resistência populacional, apelou para a brutalidade. Segundo contam, Lucena teria contratado vários trabalhadores para demolir o cemitério à noite, após sua ausência programada. Assim foi feito. Munidos de marretas e outras ferramentas os comandados invadiram o cemitério e destruíram tudo deixando somente os escombros. Foi um desadoro, mas não se sabe da reação dos seus habitantes. A história calou.
Logo foi construído outro cemitério longe do comércio, em lugar alto e plano, mas, posteriormente a cidade também se expandiu para aquelas bandas, puxada pelo próprio cemitério. Este não foi demolido e ainda hoje existe com o nome de Santa Sofia. Sem mais condições, foi feito o terceiro cemitério, um pouco afastado da cidade, no sítio Barroso e que leva o nome de São José. Atualmente um grupo familiar resolveu implantar um Campo Santo entre Santana do Ipanema e o povoado Areias Brancas, à margem da BR-316.
Pouquíssimos santanenses sabem da história brutal aqui apresentada.
O que dizer quase 70 anos depois?
Ô Sertão velho ignorante, comadre.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário