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sábado, 21 de janeiro de 2012

Lampião e o libanês - Parte III

Soldados disputaram riqueza de corpos

Ao todo, 11 cangaceiros morreram em Angicos. O restante conseguiu escapar pela brecha deixada por José Aniceto, aproveitando-se da semelhança dos trajes para dizer que era também da polícia. Na correria, Ilda Ribeiro de Souza, conhecida como Sila e mulher de Zé Sereno, sentiu uma substância viscosa em suas costas. Era parte da massa encefálica de Enedina, cuja cabeça fora atingida por um tiro. Entre as volantes foi registrada apenas uma baixa, o soldado Adrião Pedro de Sousa, que pode ter sido vítima inclusive de “fogo amigo”. Seu nome não é lembrado nas duas cruzes e nem na placa de metal que foram colocadas depois no local do combate. Ainda agonizantes, os cangaceiros baleados foram vítimas da rapina dos policiais. Qualquer objeto de valor era objeto de disputa, principalmente os bornais onde estavam dinheiro e jóias. Na pressa, dedos e mãos eram cortados por causa dos anéis. Estima-se que somente Lampião, quando foi morto, trazia com ele cinco quilos de ouro, mil contos de réis e 20 libras esterlinas roubadas da baronesa de Água Branca.

Falecido em Garanhuns, em 1970, João Bezerra nunca conseguiu afastar as suspeitas de que mantinha uma boa relação com o cangaceiro, inclusive fornecendo armas e munição. Já a propriedade de Angicos é administrada pelos descendentes de Pedro Rodrigues Rosa, o Pedro de Cândido que, depois de espancado e ameaçado de morte, levou as volantes, junto com o irmão Durval, até o local onde Lampião estava escondido. Sobre o coiteiro pesava a suspeita de que teria levado alimentos envenenados para os cangaceiros. No dia 22 de agosto de 1941, foi assassinado em Piranhas por um deficiente mental que o teria confundido com um “lobisomem”.

Lembranças luminosas de um Candeeiro

Manoel Dantas Loyola sobreviveu a Angicos. Na época do cangaço, era conhecido como Candeeiro. Pernambucano de Buíque (a 258 quilômetros do Recife), ingressou no bando de Lampião em 1937, mas afirma que foi por acidente. Trabalhava em uma fazenda em Alagoas quando um grupo de homens ligados ao famoso bandido chegou ao local. Pouco tempo depois, a propriedade ficou cercada por uma volante e ele preferiu seguir com os bandidos para não ser morto. Hoje com 93 anos de idade, Candeeiro vive como comerciante aposentado na vila São Domingos, distrito de sua cidade natal. Atende pelo nome de batismo, Manoel Dantas Loyola, ou por outro apelido: seu Né. No primeiro combate com os “macacos”, Candeeiro foi ferido na coxa. “Era muita bala no pé do ouvido”, lembra. O buraco de bala foi fechado com farinha peneirada e pimenta.

Teve o primeiro encontro com o chefe na beira do Rio São Francisco, no lado sergipano. “Lampião não gostava de estar no meio dos cangaceiros, ficava isolado. E ele já sabia que estava baleado. Quandosoube que eu era de Buíque, comentou: ‘sua cidade me deu um homem valente, Jararaca’”. Candeeiro diz que, nos quase dois anos que ficou no bando, tinha a função de entregar as cartas escritas por Lampião exigindo dinheiro de grandes fazendeiros e comerciantes. Sempre retornava com o pedido atendido. Ele destaca que teve acesso direto ao chefe, chegando a despertar ciúme de Maria Bonita. Em Angicos, comentou que o local não era seguro. Lampião, segundo ele, reuniria os grupos para comunicar que deixaria o cangaço. Estava cansado e preocupado com o fato de que as volantes se deslocavam mais rápido, por causa das estradas, e tinham armamento pesado.

No dia do ataque, já estava acordado e se preparava para urinar quando começou o tiroteio. “Desci atirando, foi bala como o diabo”. Mesmo ferido no braço direito, conseguiu escapar do cerco. Dias depois, com a promessa de ser não ser morto, entregou-se em Jeremoabo, na Bahia, com o braço na tipóia. Com ele, mais 16 cangaceiros. Cumprindo dois anos na prisão, o Candeeiro dava novamente lugar ao cidadão Manoel Dantas Loyola. Sobre a época do cangaço, costuma dizer que foi “história de sofrimento”. Mas ainda é possível perceber a admiração por Lampião. “Parecia que adivinhava as coisas”, lembra. Só não quis ouvir o alerta dado na véspera da morte, em 1938.


CONTINUA...
Fonte:


Informação:
O texto não apresenta autor, apenas suponho que foi escrito pelo Dr. Ivanildo Silveira, já que é da página "Orkut".

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