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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

UMA TESE NUNCA TARDIA: O FOMENTO AO ÓCIO E À PREGUIÇA COMO POLÍTICA DE GOVERNO (Artigo)

Por: Rangel Alves da Costa
Rangel Alves da Costa

UMA TESE NUNCA TARDIA: O FOMENTO AO ÓCIO E À PREGUIÇA COMO POLÍTICA DE GOVERNO

Sempre fui contra políticas governamentais que fomentam o ócio e a preguiça. Dar dinheiro ao povo, bolsa alimentação e mais uma série de vantagens assistencialistas sob a desculpa de que a pobreza necessita de assistência governamental, nada mais é do que criar e manter uma classe de não-trabalhadores sobrevivendo em função da mendicância oficial.

Aliás, programas como o Bolsa Família e o Fome Zero são políticas sociais meramente eleitoreiras muito parecidas com uma lei inglesa bem antiga: a Lei dos Pobres, de 1601. Lá não deu certo por razões óbvias, vez que esta lei elizabetana mantinha, sustentando de tudo, uma imensidão de pobres, desvalidos, desempregados e até preguiçosos.

Tratando sobre a referida lei inglesa de 1601, logicamente comparando-a às nossas políticas assistencialistas, diz Alfredo Peringer (http://www.midiaamais.com.br/brasil/932-alfredo-marcolin-peringer):
“Exemplo clássico desse equívoco foi a “Lei dos Pobres de Elizabeth”, criada por Elizabeth I da Inglaterra, no início do séc. XVI. A rainha, inconformada com o alto número de pobres, velhos e desvalidos no seu reino, quis resolver o problema por decreto, doando-lhes dinheiro. Mas, como o autointeresse prevalece nas ações humanas e a Lei premiava o ócio, os indivíduos começaram a largar os empregos, alguns até a se mutilar, para se enquadrar nos benefícios, formando um exército de aleijados e de desempregados que demandavam cada vez mais verbas públicas para assisti-los”.

Qualquer semelhança com as leis eleitoreiras brasileiras não terá sido mera coincidência. Aliás, como é peculiar na inventividade governamental brasileira, a pobreza aqui não é vista como consequencia da falta de trabalho – o que também não é gerado a contento - ou das condições desfavoráveis na vida do trabalhador, mas como um necessário exército de submissos aos programas sociais e sempre aptos a escolher nas urnas o seu grande benfeitor.

Consequencias visíveis dessas políticas eleitoreiras são pessoas capazes e aptas ao trabalho simplesmente fugirem de qualquer ofício; o nascimento de filhos em número cada vez maior nas famílias pobres, vez que a quantidade destes tem peso no aumento do recebimento das esmolas; a criação de uma leva infinda de preguiçosos, indolentes, ociosos, com força e capacidade física, porém permanentes inimigos do mundo produtivo. Ora, por que dar com prego numa barra de sabão se todo mês tem dinheiro e sempre chega alimentação?

Lá na Inglaterra, após anos e anos de aplicação, o Parlamento deu um basta no vergonhoso festim proporcionado pela Lei dos Pobres. Diferentemente do que ocorre no Brasil, onde todo ato assistencialista possui um caráter discricionário, o Parlamento inglês se baseou no pensamento filosófico vigente então negando a validade da política assistencialista e afirmando que não cabe ao governante sustentar a pobreza, pois a manutenção de constante ajuda aos pobres estimularia a preguiça, e que cada um que fosse capaz deveria ser responsável pela sua manutenção e pelo progresso social. Assim, ao deixar de receber o fácil sustento, cada um procuraria uma colocação no mercado de trabalho.

E foi neste sentido que em 1834 o Parlamento se posicionou, emendando a referida Lei dos Pobres e acabando de vez com os vergonhosos privilégios dos preguiçosos. Privilegiando os ideais do liberalismo, a diminuição da intervenção estatal em matéria assistencial objetivou mostrar que cada indivíduo deve ser capaz de buscar o melhor para si e sua família; a miséria não pode ser fomentada sob pena de gerar mais miséria pelos proveitos obtidos na condição de miserável; as ações de governo devem ser mínimas e dirigidas apenas aos enfermos, às crianças e aos idosos.

Por lá a coisa realmente mudou e quem quisesse se manter teve que arregaçar as mangas e voltar ao mercado de trabalho. E aqui, como será? Ora, num País de discursos governamentais contraditórios, talvez o governo queira esconder a pobreza por debaixo do pano, através do gasto público com assistencialismo eleitoreiro, ao mesmo tempo em que fomenta o nascimento de novos pobres e miseráveis para continuar como o “grande pai”.

E logicamente que esse “grande pai” vai querer o reconhecimento dos filhos através do voto.


Rangel Alves da Costa* 
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
http://blograngel-sertao.blogspot.com

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