Por: Manoel Severo
Antônio Gama, personagem principal em Jeremoabo
Poucas vezes vi um sertanejo falar tão a vontade sobre as coisas do cangaço como o senhor Antônio Gama, morador de Itapicuru d'Água, distrito de Jeremoabo. Era necessário "amordaçar" o homem para uma simples pausa em nossa prosa. Morador antigo de Jeremoabo, conhecedor profundo das coisas e dos causos do sertão, conviveu ainda algum tempo com o coronel Zé Rufino...
"Homem respeitado, sua palavra aqui em Jeremoabo era lei, o homem casava e batizava, era uma espécie de delegado, padre, juiz, conciliador, aconselhador, o homem era um tudo..."
Antônio Gama e Lívio Ferraz
Antônio Gama para as lentes de Aderbal Nogueira
Por longas horas tivemos o senhor Antônio Gama em nossa companhia, primeiro em Itapicuru d'Água, depois até a fazenda Almendas e depois no local onde houve a Chacina de Manoel Salinas. Foram momentos extremamente ricos, Antônio Gama com um jeito todo especial de contar suas histórias acabava sempre com uma gargalhada sonora e instigante, chegando a ser até desconcertante em suas alegativas, diante de tanta precisão; nas datas, nos fatos e nos personagens.
De todos esses o mais comentado foi o coronel Zé Rufino que ali estabeleceu a base de seu comando e ali passou a viver depois da campanha contra o cangaço sob as bençãos do grande coronel João Sá, o grande potentado local. E continua Antônio Gama:
"O Coronel Zé Rufino era meio 'canguinha', não gostava de gastar um ou dois tostões, enquanto ele podia ir levando as coisas daquele jeito ele não metia a mão no bolso mas nem
pelo amor de Deus...
...E aqui era assim, fosse quem fosse, quem tivesse um problema, pequeno ou grande , não importava, ia falar com o coronel Zé Rufino, que a tudo dava o seu jeito e ainda por cima o homem era protegido do João Sá. Olhe era só o povo ouvir o nome de Zé Rufino para ficar logo todo mundo apavorado, o homem era uma fera !"
Manoel Severo
Cariri Cangaço
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