Seu Reginaldo
Silva, 59, trabalhou produzindo os shows do Mestre Lua durante 12 anos, entre
1977 e 1989, quando Luiz Gonzaga faleceu. Mora em Juazeiro do Norte e hoje
dirige a Fundação Vovô Januário, criada para ajudar as crianças pobres de Exu.
O colega do
Mestre Lua foi um dos palestrantes do debate Causos
Contados por Amigos de Luiz Gonzaga, que aconteceu ontem, na cidade de Exu.
Reginaldo me
conta que quando vai falar sobre Luiz Gonzaga nunca prepara uma fala. Apenas
lembra dos episódios que viveu com o cantor e de todo aquilo que aprendeu sobre
sua obra.
Pedi para que
ele me contasse alguns causos sobre a figura humana de Luiz Gonzaga, o lado
pouco conhecido do grande sanfoneiro.
Levamos quase
uma hora conversando, entre muitos risadas e surpresas. Seguem abaixo alguns
dos vários episódios contados por Reginaldo (os títulos, este blogueiro tomou a
liberdade de inventar):
A garçonete:
Certa vez, a
gente tinha ido a Brasília fazer um show. Você sabe que Seu Luiz comia demais,
né? Mas também não escolhia comida. O que viesse, ele comia. Tanto que às vezes
nos shows batia uma diarreia que ele tinha que ir no banheiro dali mesmo… Aí era dez e
meia e eu liguei para ele para a gente almoçar. "E porque ainda não veio?”, ele
me disse no telefone. Consegui um carro emprestado com um amigo da Rádio Nacional e levei ele para um restaurante em Taguatinga. Ele olhou para
o lugar e disse, com aquela voz dele: “Aí, rapaz, parece que aqui não tem
comida não”. Mas logo depois emendou. “Mas se não tiver comida a gente come
aquela garçonete ali…”. Fomos bebendo
uma cachacinha e só começamos a comer depois de meio dia. E eu comecei a ver
que Seu Luiz tava pedindo coisa demais, só para a garçonete vir na mesa.
Lourdes, era o nome dela. Até que era bonita, morenona, Seu Luiz tinha bom
gosto. Aí eu tive que
dizer: “ô, Seu Luiz, assim é o senhor que vai pagar a conta, fica pedindo um
monte de coisa que a gente não vai comer…”. Só fomos
terminar de almoçar umas 17h e, quando a gente tava levando ele de volta para o
hotel, ele viu uma placa assim grande, e, como era cego de um olho, perguntou o
que estava escrito.
- Casa do
governador - respondemos.
- Eita, agora
que lembrei que ontem ele foi me receber no aeroporto e tinha me convidado para
almoçar lá… - ele disse.
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