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domingo, 15 de setembro de 2013

AO MENOS TENTE...

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

AO MENOS TENTE... 

Situações, rotinas e acontecimentos são difíceis de ser mudados. Tudo vem com o estigma do destino, da predestinação, do terá de ser assim mesmo. Contudo, nunca é demais tentar reverter, dar outra feição ou mesmo modificar. Por isso tente...

Tente mudar, tente transformar, tente agir segundo aquilo que deseja, ou mesmo de modo que tudo permaneça inalterado. A continuidade de determinado estado também é difícil demais, principalmente pelo que se pressupõe como escrita da vida para repentinamente acontecer.

Mas tente assim mesmo. Nunca é demais tentar uma nova feição ao estado de espírito, ao ânimo da alma, à predisposição do corpo, ao jeito de ser. Uma casa parece renovada com uma simples pintura; a mesma casa ganha nova vida com um simples remanejamento de móveis. Por isso tente...

Tente uma moldura nova para o seu retrato. A sua feição corresponde à sua idade, as marcas do seu rosto não estão aquém ou além daquelas que deveriam estar, mas você insiste em não se agradar com a falta de brilho nos olhos, o tom os cabelos, esse jeito triste de ser. Saiba que o retrato continuará o mesmo ainda que maquiado, mas a moldura, que está no seu espírito, esta sim. Está poderá ser transformada a qualquer instante.

Por isso tente uma moldura nova para o seu espírito, para a sua alma, para a sua aura. A madeira de lei das grandes mudanças sempre cai bem em quem pretende reanimar-se para a vida e permanecer forte o suficiente para que não encontrem fragilidades diante do seu olhar. A cor do verniz das velhas e grandes lições sempre dá um toque de responsabilidade e respeito às ações e atitudes de quem busca a preservação interior e exterior.

Foto

Também tente mudar o local onde o seu retrato está pendurado. Você é sua casa e sua parede, seu retrato e sua moldura, sua luz e seu estado. Talvez não tenha percebido, mas sua casa pode estar maltratada, esquecida, empoeirada. Traças passeiam por sua parede e a poeira se acumula invisivelmente. Além de um ambiente sombrio e triste, tudo isso torna mais feia sua fotografia, seu retrato, e tudo que seja você.

Por isso tente dar nova vida à casa que existe em você, arejar suas paredes, dar ânimo e novos ares ao seu ambiente. Faça uma limpeza espiritual, expurgue as velhas mágoas e sofrimentos vãos, remova dos escondidos tudo o que for negativo e ruim, faça sumir de vez as velhas marcas daquilo que não vale mais a pena manter em baús, da mente e do coração.

Então abra a janela, deixe que a brisa traga aromas e perfumes novos, permita que seu olhar aviste uma borboleta e um colibri, uma flor à janela, uma doce melodia vinda da natureza. E suas manhãs nascerão com mais brilho e os dias serão percorridos sem que os espinhos tomem o lugar das flores.

Então tente, tente e tente mais, pois você é capaz. Mas antes de tentar as mudanças essenciais, reflita sobre o que é e o que pretende ser, acerca da necessidade de mudar e também como será ao se transformar e, acima de tudo, ter a ideia de rompimento como algo inevitável na vida. Ora, ao nascer teve rompido o cordão umbilical; cada etapa da vida vai rompendo fases da idade; tudo é rompido pra ser transformado. Saiba, pois, que nenhuma mudança é possível sem rompimentos.

Romper, cortar, destruir de vez, os laços e nós que insistem em atrelar amores que só deixaram angústias e sofrimentos, recordações que só trazem aflição e melancolia, falsas amizades que só trazem desgastes e desgostos, pequenas situações na vida que só continuam afligindo o ser porque a pessoa permite. Tudo isso deverá ser rompido, desfeito, destruído de modo que nem lembrança deixe.

Também reflita sobre o amanhã e como pretende sentir-se e ser visto perante aqueles que você admira. Nunca pense em agradar ao mundo, mas apenas a você mesmo e a quem você gosta. Somente quem lhe admira, realmente gosta ou mesmo ama, sentirá a boa nova da transformação. E é por estes, além do seu admirável retrato em si mesmo, que você deve oferecer a dádiva do renascimento.

Por isso tente. Olhe sua casa, aviste a parede, enxergue o retrato, olhe a moldura, encontre a si mesmo. Se tudo poderá ser melhor, então tente. Nunca é fácil a transformação desejada, mas ao menos tente...

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

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