A MATANÇA NO QUARTEL DE QUEIMADAS EM 1929.
Eram 18:30 horas,
aproximadamente. Depois de embolsar o dinheiro extorquido, Lampião resolveu
liquidar os soldados que estavam presos, o que fez covardemente, com o maior
sangue-frio, do lado de fora da cadeia, na calçada de cimento que, por algum
tempo, conservou a mancha vermelha do massacre. Foram tirados do xadrez, um a
um, e cada qual de per si receberia um tiro de mosquetão na cabeça e era, logo
após, sangrado barbaramente.
Lampião, pessoalmente, realizou a execução, auxiliado por outros cabras, dentre os quais se salientou Volta Seca que sangrava as vítimas depois de baleadas e que, após a chacina, ainda andou publicamente lambendo a lámina do punhal ensanguentado, reclamando que o padrinho Lampião só lhe dera quatro macacos para sangrar. Labareda diz, em seu relato, que Volta Seca o que fez foi por ordem de Lampião que tinha que ser obedecido. Diz também, que ele tomou parte no massacre igual com os outros, juntamente com os grandes do cangaço.
Segundo depõe Labareda, quando Lampião deu ordem para a matança dos soldados, houve tiros, e muita gente correu pensando que tinha irrompido uma "brigada". Acrescenta ele que uns dois macacos morreram de "fazer gosto", enquanto os outros esmoreceram. Só pediam para viver. Houve o caso de uma anspeçada, homem carregado de filhos, que chegou a se ajoelhar e rogar que não o matasse porque ele daria baixa da polícia. Lampião não o poupou, dizendo-lhe: - " Quando eu encontro macaco da Bahia, mesmo que esteja com os dedos furados de rezar rosário, eu não perdôo". E executou o pobre homem que tinha uma família numerosa de nada menos de nove filhos.
Nome dos Mortos:- Soldados: Olímpio de Oliveira; Aristides G. de Sousa: José Antônio Nascimento; Inácio Oliveira; Antonio José da Silva; Pedro Antônio da Silva e anspeçada Justino N. da Silva.
Fonte:( Nonato Marques. in Santo Antônio das Queimadas. pag.142
Lampião, pessoalmente, realizou a execução, auxiliado por outros cabras, dentre os quais se salientou Volta Seca que sangrava as vítimas depois de baleadas e que, após a chacina, ainda andou publicamente lambendo a lámina do punhal ensanguentado, reclamando que o padrinho Lampião só lhe dera quatro macacos para sangrar. Labareda diz, em seu relato, que Volta Seca o que fez foi por ordem de Lampião que tinha que ser obedecido. Diz também, que ele tomou parte no massacre igual com os outros, juntamente com os grandes do cangaço.
Segundo depõe Labareda, quando Lampião deu ordem para a matança dos soldados, houve tiros, e muita gente correu pensando que tinha irrompido uma "brigada". Acrescenta ele que uns dois macacos morreram de "fazer gosto", enquanto os outros esmoreceram. Só pediam para viver. Houve o caso de uma anspeçada, homem carregado de filhos, que chegou a se ajoelhar e rogar que não o matasse porque ele daria baixa da polícia. Lampião não o poupou, dizendo-lhe: - " Quando eu encontro macaco da Bahia, mesmo que esteja com os dedos furados de rezar rosário, eu não perdôo". E executou o pobre homem que tinha uma família numerosa de nada menos de nove filhos.
Nome dos Mortos:- Soldados: Olímpio de Oliveira; Aristides G. de Sousa: José Antônio Nascimento; Inácio Oliveira; Antonio José da Silva; Pedro Antônio da Silva e anspeçada Justino N. da Silva.
Fonte:( Nonato Marques. in Santo Antônio das Queimadas. pag.142
Evaristo
Carlos da Costa- sobrevivente da chacina de Queimadas em 1929 - foto do acervo do professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio
Não foi tarefa das mais fáceis conseguir entrevistar o sargento Evaristo, aos 85 anos de idade, vivendo modesta e anonimamente na cidade de Santaluz, único sobrevivente daquela chacina. todos os seus amigos, mesmo os mais íntimos, sabem-no um homem ainda profundamente abalado pelos acontecimentos trágicos e inesquecíveis daquela antevéspera do natal de 1929. Pr outro lado, Evaristo se acha bastante enfermo, com sérios problemas circulatórios e cardiovasculares. conseguir fotografá-lo, por exemplo, foi uma dificuldade que durou meses.
Ter escapado das garras de Lampião e seus facínoras com vida deixou-o, além de traumatizado, com forte complexo de culpa, já que todos os seus comandados foram massacrados friamente, às suas vistas, sem que ele nada pudesse fazer. A partir daquele dia o sargento Evaristo se tem terminantemente recusado a abordar o assunto: nunca deus entrevista a jornalista, jamais recebeu em sua casa estudioso do fenômeno cangaço, em tempo algum permitiu que alguém tocasse no assunto, mesmo de leve, mesmo indiretamente. E todos que com ele convivem sabem-no um homem reservado, criterioso, sistemático, a ponto de não permitir brecha para que aqueles fatos sejam ventilados. Considero, pois, uma façanha não propriamente o ter entrevistado, mas conseguir que ele, de propósito, aceitasse repassar o assunto. tive de apelar para velhas amizades de família - do meu avô e do meu pai ele foi amigo íntimo.
- Eu me considero um homem protegido por Deus- afinal consegui escapar tanto das garras dos bandidos como da própria justiça que me julgou após a chacina de Queimadas. fui acusado de dessídia, de negligência, de ter feito pouco caso do perigo que Lampião representava para aquela comunidade estava sob minha proteção. Respondi a um inquérito que me deu muitas dores de cabeça. Por todos os lados eu só escutava a palavra: " culpado". Houve até quem sugerisse que eu deveria me suicidar. Mas suicidar por que? Eu fora poupado pela proteção Divina, minha hora não havia chegado, como é que me davam um conselho estúpido daquele? Foi, graças a Deus e a habilidade de dois grandes advogados- Gilberto Valente e Nestor Duarte- que fui absolvido...por unanimidade. na verdade eu não entendia porque me acusavam de negligente: eu não tinha realmente conhecimento da presença do bando de Lampião naquela zona. a última notícia que me chegara aos ouvidos era de que o grupo se achava lá pros lados de Capela, em Sergipe. Como é que eu poderia imaginar que eles chegariam de repente em Queimadas?
- No dia seguinte que estive à mercê dos bandidos não avreditei escapar de jeito nenhum com vida. Eles não chegaram a me maltratar, mas um deles por mais de uma vez sussurou juntinho de mim: " mais tarde o galo vai cantar nos deus ouvidos". E aquela desgraça ocorreu justamente ba vespera de eu viajar para Salvador, a fim de ir buscar o soldo dos soldados que, naquela época, recebiam seus vencimentos na capital, por meu intermédio.
- Quando foi concluído o inquérito a que o senhor respondeu?
- Em 1931. Fui (e repito) absolvido por unanimidade. E ainda ganhei um elogio de Auditoria, através do major Alcebíades Calmon de Passos. Disse ele:" Quem lhe absolveu não foram os advogados, nem os jurados, nem ninguém. Foi a sua própria conduta de 21 anos de comportamento sem jaça".
- Como militar, onde o senhor serviu?
- Em Camaçari, Belmonte, Conceição do Coité (2 vezes), Santaluz, Itiúba, Senhor do Bonfim, Juazeiro, Casa Nova, Barra (2 vezes), Carinhanha, Rio Branco (antigo urubu, hoje Ubatinga), Barreiras, Nova Soure, Cipó, Monte Santo. Andei por este mundo afora jogado de um lado para o outro, feito bola em campo de futebol. O caso é que eu sempre fui muito rebelde a certo tipo de autoridade autoritária. Estive ainda em Queimadas e em Santo Antonio de Jesus...
Para Nilton Oliveira, 52 anos, casado, negociante da cidade de santaluz, o sargento Evaristo é um homem metódico, até certo ponto arejado, iste é, um homem com hábito comum de leitura. Além de ser uma criatura muito bem relacionada na cidade de Santaluz, tendo ali exercido a profissão de comerciante varejista de gêneros alimentícios durante décadas, o que deixou por força da idade.
Em Santaluz o sargento Evaristo por duas ou três vezes exerceu o cargo de delegado de polícia, posição que desempenhou com dignidade e zelo. Como amigo- finalizou - é um homem dotado de qualidades exemplares.
Para Hiran Carvalho Barreto, 43 anos, casado, atual prefeito de Santaluz, o sargento Evaristo é uma pessoa " com quem mantenho os mais estreitos e íntimos laços de amizade e companheirismo, por ser excepcionalmente honesto, leal, homem de palavra, caráter incomum".
As atividades atuais do sargento Evaristo se resumem em ler diariamente a biblia ( continua crente fervoroso Batista), receber amigos em sua casa para prosa amena sobre os diversos problemas atinentes ao país, à Bahia e á sua comunidade. Ele confessa não passar sem ouvir, todas as manhãs, " O Trabuco", pela Rádio Bandeirante de São Paulo, apresentado pelo veterano e cáustico Vicente Leporacem não deixando de ser, sobretudo, um homem profundamente solitário.
Nota: O sargento Evaristo faleceu pouco tempo depois de haver sido publicada essa reportagem.
CONTINUA...
Fonte: (Nonato Marques. Santo Antonio das Queimadas. pag.155/156)
http://santoantoniodasqueimadas.blogspot.com.br/2012/01/lampiao-em-queimadas-1929.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Mendes amigo: esta matéria sobre Queimadas, escrita por Nonato Marques em seu livro Santo Antonio das Queimadas, tem sido de grande importância para mim, pois algumas dúvidas serão solucionadas, especialmente quanto ao rei do cangaço ter poupado a vida do Sargento Evaristo Costa.
ResponderExcluirAgradecido portanto, pela postagem desta e de tantas outras matérias tão valiosas.
Antonio José de Oliveira - Povoado Bela Vista - Serrinha-Ba.