Por Geraldo Maia do Nascimento
No
final da década de cinquenta, o país se emocionava com a radionovela “O Direito
de Nascer”. O sucesso da novela era tão grande que acabou virando marchinha de
carnaval.
Em
Mossoró, Luís Gonzaga da Rocha, um jovem folião, humilde mas de grande
criatividade, resolveu inovar naquele carnaval de 1957. Idealizou uma boneca
gigante, feita com armação de arame e aspas, coberta com papel de saco de
cimento. Depois da estrutura pronta, pintou a boneca de preto e cobriu seu
corpo com um grande vestido de estampa colorida. Na hora de escolher o nome da
boneca, não teve dúvida: o resultado do seu trabalho tinha ficado semelhante a
descrição de uma das personagens da telenovela que era Mamãe Dolores. Nascia
assim a primeira boneca gigante do carnaval de Mossoró.
De
1957 até 1976, aproximadamente, a boneca saiu todos os anos sob o comando do
próprio Gonzaga, que reunindo um grupo de amigos, percorria os diversos bairros
da cidade, entoando a marchinha “O Direito de Nascer” acompanhada por batucada
de bombos e taróis, para o deleite dos adultos e o terror das crianças que
corriam com medo da boneca.
Em
1977 morre o folião Luís Gonzaga da Rocha. Mas para não deixar morrer a
tradição, o seu filho, Luís Gonzaga Filho, volta a botar a Mamãe Dolores nas
ruas, em homenagem a memória do seu pai e para a alegria dos foliões que amam o
verdadeiro carnaval de rua.
A
iniciativa de Luís Gonzaga de criar a Mamãe Dolores fez escola em Mossoró,
tanto assim que em 1967 um outro folião, o mecânico de automóveis Edmilson
Cassiano da Silva, mais conhecido por Chapita, resolveu também criar uma boneca
gigante para brincar o carnaval. Nascia assim a “Maria Manda Brasa”, que saiu
pela primeira vez no carnaval de 1967, ao som de um fole tocado pelo próprio
Chapita, acompanhado por bombos, taróis e reco-reco, tocados pelos amigos.
Chapita
era uma pessoa muito alegre e extrovertida, que no período de carnaval enchia a
casa de amigos, principalmente crianças, de onde saiam com a boneca, todos os
dias de carnaval, cada dia em um bairro diferente. Com o tempo, Chapita foi
criando outros bonecos como o Boi e o Jaraguá, este último um misto de corpo de
homem e cabeça de animal.
Chapita
morreu em 1979 deixando saudades, pois com sua morte desapareciam seus bonecos
do carnaval de Mossoró.
A
fase áurea dos grandes carnavais mossoroenses perdurou até o final dos anos
setenta. A rivalidade existente entre os clubes Associação Cultural e Desportiva
Potiguar (ACDP) e Ypiranga deixaram saudades. Eram clubes frequentados pela
elite, onde mesas cativas eram disponibilizadas às famílias mais tradicionais.
Nas ruas, blocos carnavalescos eram organizados, cada bloco trabalhando suas
alegorias de modo a superar seus concorrentes. Marcaram época nos anos setenta
os blocos Hi Fi, composto pela elite da sociedade mossoroense, o bloco Sky,
Ciganas Zíngaras, que era formado só por garotas, o Carmafeu de Oxossi, que era
composto por moradores do Alto da Conceição e os Falcões, formado por moradores
do bairro Doze Anos.
Hoje
já não existe mais carnaval em Mossoró. Apenas algumas manifestações isoladas,
fruto da obstinação de velhos foliões, nos lembra a folia de momo.
Autor:
Geraldo
Maia do Nascimento
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