Manoel Benício da Silva, nascido em 17 de novembro de 1884 na cidade de Santa
Luzia do Sabugi na Paraíba, Tenente-Coronel da reserva (falecido). Ingressou na
Polícia Militar da Paraíba, logo como Aspensada em 1908 (antigo posto entre o
soldado e o Cabo), o presidente do estado era o Dr. João Machado. Foi Delegado
em quase todas as cidades do interior do Estado e desde o posto de Sargento
comandou o banditismo no sertão do Estado. Sempre falou com euforia de suas
constantes lutas contra os cangaceiros, que infestavam a Paraíba e o Nordeste
na época de sua mocidade, e cada episódio é um motivo de glória pela sua
tenacidade e coragem; porém não se sentiu realizado, apenas por não ter completado
o rosário de 100 orelhas de bandoleiros.
Com Lampião teve dezoito combates e em um deles chegou a brigar duas vezes no
mesmo dia, foi na cidade de Princesa Isabel-PB, onde o Rei do cangaço perdeu
dois de seus cabras: Jararaca e Coruja, sendo que esse Jararaca foi o primeiro
integrante do bando e não o José Leite de Santana que morreu em Mossoró-RN.
O Tenente-Coronel Manoel Benício alcançou quase todos os degraus hierárquicos
da Polícia Militar sem possuir nenhum curso de especialização exigido para o
oficialato de hoje; subia de posto pela sua inédita coragem pessoal. Em 1912 o
então Sargento Benício à frente de 22 comandados encontrou um grupo de
cangaceiros do Dr. Augusto Santa Cruz no município de São João do Cariri-PB,
tal fato se deu por ele ter perdido a trilha no meio do mato. Usando de sua
astúcia ao encontrar os cangaceiros foi logo dizendo: “Somos seus companheiros
é que perdemos a trilha!”
Enquanto isso o Cabo Damião avançava com onze homens fingindo ser do mesmo
bando, em meio a conversa apareceu um negro forte que desconfiou da atitude do
Sargento, gritou: - São “macacos” e não amigos, ameaçando-o com um fuzil, então
fez com que Benício tomasse uma atitude decisiva quando falou com serenidade,
porém pronto para tudo: - Sou o Sargento Benício, da força do tenente Raimundo
Rangel. E juntando a ação à palavra fulminou com um tiro o atrevido cangaceiro
dando início a um intenso tiroteio, conseguindo sair ileso devido à debandada
dos cangaceiros.
Manoel Benício quando já estava com idade avançada e sofrendo a sexta
intervenção cirúrgica mantendo o bom humor disse ao médico que o assistia:
“Pode cortar doutor, pois todo tipo de operação eu já fiz sem nunca ter sido
médico”.
Numa apreciação mais rigorosa, em qualquer tempo se poderá verificar que
naquela época do trabuco não havia muita diferença entre cangaceiros e
policiais, não somente no modo rústico de guerrear, mas porque tanto uns como
outros pouco sabiam o significado da palavra “crime”. Manoel Benício ganha
posição de destaque entre os bravos militares combatentes do cangaceirismo na
Paraíba. Esse estado de tranqüilidade passou, mas não passará tão cedo a
preocupação dos estudiosos do assunto em pesquisar com profundidade esses fatos
que se transformaram em fenômeno social na história do nordeste brasileiro.
Fonte principal: “CANGACEIRISMO DO NORDESTE” de Antonio Barroso Pontes
Página: Geraldo Júnior
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