Por Stélio Torquato Lima
Dia 21, às 16
horas, na Praça do Cordel da Bienal Internacional do Livro do Ceará, a
Cordelaria Flor da Serra fará o lançamento da Coleção "Contos de fada em
Cordel". De autoria de Stélio Torquato Lima, a caixa contém 10 folhetos
com a versão poética dos principais contos de fada. O Gato de Botas é um deles.
O Gato de Botas é um conto de fadas de autoria do escritor francês Charles Perrault (1628-1703), sendo incluída no livro Contos da Mamãe Gansa (1697). O Gato de Botas é considerado um dos contos mais antigos, e pode variar muito em cada lugar que é contado. Em outras versões, o Gato de Botas era um cavaleiro enfeitiçado que precisaria trazer fortuna a um humano e assim tornar-se homem novamente. Folcloristas indicam que em versões ainda mais remotas, o gato de Botas era retratado como um escravo que deveria conceder a mão da princesa para seu amo, e assim poder se libertar das correntes (aqui representadas pelas botas). Há ainda uma outra versão antiga contada pelos negros em que o protagonista não é um gato de botas, mas um macaco flautista que fazia feitos heroicos como retribuição ao Doutor Botelho (equivalente ao aqui chamado Marquês de Carabás), que o teria libertado da vida na selva. Na contemporaneidade, o personagem Gato de Botas ficou bastante conhecido por ter tido participação em seis dos sete filmes da franquia Shrek.
Leia, a seguir, as estrofes iniciais desse cordel e para ler a obra completa, compre seu exemplar com o autor ou na banca da Cordelaria Flor da Serra, na Praça do Cordel ou ainda pelo E-mail cordelariaflordaserra@gmail.com ou pelo WhatsApp (085) 9.99569091.
Era uma vez um moleiro
Que muito doente estava.
Sabendo que morreria,
Aos três filhos declarava:
“O que hão de herdar vocês
Conto agora para os três.
Não fiquem de cara brava!”
“Para o meu filho mais velho,
Deixarei o meu moinho.
Ao segundo, vou deixar
O meu ativo burrinho.
Pro caçula, deixarei
Um animal que muito amei:
O meu singelo gatinho.”
Como queria o moleiro,
A divisão se cumpriu.
O mais velho dos três filhos,
Ficou alegre, pois viu
Que, com o seu moinho, iria
Ganhar uma grande quantia,
E por isso ele sorriu.
Gostou o filho do meio
Do burrinho que ganhou,
Pois com lucros já sonhava,
Como ele calculou:
“Com dois barris no animal,
Vendo água ao pessoal.
Ganhar boa soma eu vou.”
Contestes com o que ganharam,
Do irmão foram zombar.
O mais velho, disse logo:
“Esse aí só teve azar!
Herdar um gato? É pra rir,
Pois nada irá conseguir
Com esse bicho lucrar.”
E o segundo, igualmente,
Caçoou de imediato
Do irmão que era mais novo,
O qual só herdara um gato:
“Mas quem sabe algum fulano
Venha pagar pro bichano
Ir correr atrás de um rato.”
Sem jamais perder a linha,
Tudo o caçula escutou.
Após a morte do pai,
A sua terra deixou.
Seguindo reto na estrada,
Foi pra longe o camarada
Com o gato que ele herdou.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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