Por Jerdivan Nóbrega de Araújo
O Cabaré de Pombal na década de 1970.
Narrado por José da Silva Almeida, Picarete (na foto ao meu lado), que mora no Cabaré há 56 anos. (Jerdivan Nóbrega de Araújo)
“Quando eu
cheguei aqui, o cabaré mais afamado era o de Love, pois já fazia cerca de uns
vinte anos que tinha cabaré! Mas me lembro do trem de passageiros que passava,
trazendo toda sexta-feira as mulheres que vinham de Campina Grande e de outras
partes, para fazer a feira e as festas nessa rua, quando era no sábado a
tardinha o trem fazia baldeação em Sousa e levava as mulheres para as suas
freguesias.
Você imagine que ali na frente tinha um cabaré com uma espécie de
parada do trem, elas desciam naquele pátio grande, eram cerca de quarenta
cinquenta mulheres, cada uma delas bem trajadas e cada qual mais bonita do que
a outra. Aqui era uma festa só, não existia nada lá para o centro depois das
21: 00hs, não, tudo era aqui, na rua da Rodagem, coisa muito diferente do que a
gente vê hoje, acabou!
Acabou os movimentos, porque deixaram de vir! Aqui era muito violento. Eles começaram a matar as mulheres, muitas vezes eram os próprios gigolôs, pois eram sustentados por elas. Eram uns homenzarrões afeiçoados, muitas vezes eram apaixonados, e não queriam deixar elas fazerem seus programas (como o caso de Geraldo Fogoió, hoje in memória, que pôs fim na vida de um viajante das bandas do Ceará, só porque estava sua puta sentada com o homem na mesa, ele puxou o revolver disparou no homem e fugiu tranquilamente na direção da Bolandeira).
Eles queriam dinheiro, então por ciúmes e até por desconfiança, empurravam a
faca! Por isso foi diminuindo, diminuindo, mas também hoje os cabarés são no
meio da rua, não há concorrência, só que antigamente a rua da rodagem era
concorrida”.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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