Por Ruy Lima
No tempo do Cangaço, um grande fazendeiro, que era chamado por todos de
“coroné”, após um farto almoço, deitou-se na sua rede, pendurada no alpendre do
seu casarão, para um bom cochilo, como fazia todos os dias.
De repente,
“bum!bum!bum!” um barulho estrondoso de um tambor, quase derrubava o “véi” da
rede.
“Qui zuada da
bobônica é essa?” – Gritou o coroné, “p” da vida. E o tambor não parava de
tocar, feito cantiga de grilo.
“Essa peste não tá muito longe. Bastião, vai lá e manda o desgraçado que tá tocando o bombo parar agora mermo!” Ordenou o coroné a um dos seus vaqueiros.
Entretanto,
passaram-se meia-hora, uma hora, e o bombo não parava de tocar e nada de o
vaqueiro voltar.
“Ôxe! Qui foi
que houve com o miserável do Bastião? Por que a peste do bombo não parou?” –
Dizendo assim, o coroné mandou o seu capataz, que era um sujeito mais disposto
e metido a valente, para acabar com a zoadeira do tambor. “Se preciso for,
enfia tua faca no couro do mardito bombo!” – Esbravejou o coroné.
Passaram-se
mais de uma hora, a barulheira continuava e mais alto ainda e nem sinal do
capataz.
De repente, o
coroné entrou na casa e retornou com um revólver numa cartucheira pendurada no
cinto. “Quem vai acabar com essa porcaria sou eu!”.
A esposa dele
ficou olhando pela janela, muito preocupada.
Duas horas depois, já no final da tarde, a zoadeira continuava e o coroné não voltou para casa, assim como os outros.
Muito aflita,
a sua mulher resolveu ir lá onde vinha a batucada.
Ao chegar bem
próximo, ela viu o marido, o vaqueiro e o capataz sentados no chão e um bando
de cangaceiros e cangaceiras dançando o xaxado e Lampião tocando o tambor com
todo vigor.
Ao ver a
esposa, o coroné falou, todo meloso:
“Oi, muié, vem
pra cá, apreciar o capitão Virgulino tocar tambor!”
Ruy Lima –
01/03/18
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