Por Jorge
Remígio
Quando
começamos a subir a Serra do Catolé no sábado 13 de outubro de 2018, passei a
refletir debaixo daquele sol escaldante lá pelas 11:00 horas da manhã: Como
fora difícil conduzir o bandido já bastante famoso de alcunha Lampião, ferido
no calcanhar, por caminho tão acidentado e íngreme. Subíamos por uma picada de
mata quase fechada, recentemente ampliada para receber os participantes do
evento Cariri Cangaço. Em março de 1924 com certeza não havia uma trilha que
levasse pessoas até o cume daquela serra majestosa.
Lampião e mais dois
cangaceiros, Moitinha e Juriti, tiveram um encontro com o Major Theófanes
Torres Ferraz, na localidade Lagoa Vieira ou Lagoa do Vieira, este, acompanhado
de alguns soldados, o qual arregimentava homens daquela região para formar uma
grande volante. Nesse encontro quase casual, Lampião que montava um cavalo,
teve um ferimento de bala no calcanhar do pé direito e a sua montaria fora
alvejada com tiros caindo sem vida sobre a perna do cangaceiro. Houve grande
dificuldade para retirar o chefe daquela situação. Graças ao fogo serrado
sustentado pelos dois cangaceiros, conseguiram conduzir Lampião para área fora
do combate. Seguido o rastro de sangue, a volante chegou próximo da Serra da
Caatinga, onde fora emboscada pelos cangaceiros restantes do grupo. Três
soldados comandados do Major Theófanes foram feridos, um com gravidade, o que
impediu a sequência da ação policial.
Lampião foi conduzido até o cume da Serra
do Catolé, e em uma gruta de pedra, passou a ser tratado do seu ferimento pelos
próprios cangaceiros. É sabido que o cangaceiro Cícero Costa de Lacerda tinha
grandes conhecimentos da farmacologia empírica. As volantes ficaram vasculhando
a redondeza onde existem várias serras e alguns dias do ocorrido na Lagoa do
Vieira, a volante paraibana comandada pelo Sargento Quelé, descobriu o
esconderijo onde Lampião se recuperava do ferimento. Na debandada dos
cangaceiros, Lampião arrebentou o ferimento e impossibilitado de fugir do
local, escondeu-se em uma touceira, permanecendo ali por mais de dois dias. Ele
mesmo confessa posteriormente que os soldados chegaram a poucos metros dele.
Foi achado por um meninote de 12 anos que caçava naquela serra e este avisou ao
pai que havia um homem moribundo no alto da serra.
O agricultor comunicou o
fato aos cangaceiros que ficaram rondando o local desde o dia em que o coito
fora descoberto. Lampião foi conduzido para Fazenda Abóboras do poderoso Cel.
Marçal Diniz no município de Serra Talhada e posteriormente para a Fazenda Saco
dos Caçulas pertencente ao Cel. Marcolino Diniz no município de Princesa
Isabel-PB, onde foi tratado por dois médicos da família dos coronéis poderosos.
O alto da Serra do Catolé é um local deslumbrante. Olhando na direção leste,
vemos muito distante, a Serra Talhada que dá origem ao nome da cidade. Ao norte
fica o Estado da Paraíba e ao Oeste, o Estado de Ceará. A serra fica na
confluência do limite de três estados. Local histórico e encantador que só o
Seminário Cariri Cangaço poderia nos dá o prazer de levar todo um bando de
interessados na história até esse local marcante e emblemático para história do
banditismo rural. Valeu mesmo e parabéns! Para todos que fizeram parte da
organização desse grandioso evento.
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