Seguidores

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

LAMPIÃO CHEGA BEM PRÓXIMO DA MORTE EM 1924

Por Jorge Remígio

Quando começamos a subir a Serra do Catolé no sábado 13 de outubro de 2018, passei a refletir debaixo daquele sol escaldante lá pelas 11:00 horas da manhã: Como fora difícil conduzir o bandido já bastante famoso de alcunha Lampião, ferido no calcanhar, por caminho tão acidentado e íngreme. Subíamos por uma picada de mata quase fechada, recentemente ampliada para receber os participantes do evento Cariri Cangaço. Em março de 1924 com certeza não havia uma trilha que levasse pessoas até o cume daquela serra majestosa. 


Lampião e mais dois cangaceiros, Moitinha e Juriti, tiveram um encontro com o Major Theófanes Torres Ferraz, na localidade Lagoa Vieira ou Lagoa do Vieira, este, acompanhado de alguns soldados, o qual arregimentava homens daquela região para formar uma grande volante. Nesse encontro quase casual, Lampião que montava um cavalo, teve um ferimento de bala no calcanhar do pé direito e a sua montaria fora alvejada com tiros caindo sem vida sobre a perna do cangaceiro. Houve grande dificuldade para retirar o chefe daquela situação. Graças ao fogo serrado sustentado pelos dois cangaceiros, conseguiram conduzir Lampião para área fora do combate. Seguido o rastro de sangue, a volante chegou próximo da Serra da Caatinga, onde fora emboscada pelos cangaceiros restantes do grupo. Três soldados comandados do Major Theófanes foram feridos, um com gravidade, o que impediu a sequência da ação policial. 


Lampião foi conduzido até o cume da Serra do Catolé, e em uma gruta de pedra, passou a ser tratado do seu ferimento pelos próprios cangaceiros. É sabido que o cangaceiro Cícero Costa de Lacerda tinha grandes conhecimentos da farmacologia empírica. As volantes ficaram vasculhando a redondeza onde existem várias serras e alguns dias do ocorrido na Lagoa do Vieira, a volante paraibana comandada pelo Sargento Quelé, descobriu o esconderijo onde Lampião se recuperava do ferimento. Na debandada dos cangaceiros, Lampião arrebentou o ferimento e impossibilitado de fugir do local, escondeu-se em uma touceira, permanecendo ali por mais de dois dias. Ele mesmo confessa posteriormente que os soldados chegaram a poucos metros dele. Foi achado por um meninote de 12 anos que caçava naquela serra e este avisou ao pai que havia um homem moribundo no alto da serra. 


O agricultor comunicou o fato aos cangaceiros que ficaram rondando o local desde o dia em que o coito fora descoberto. Lampião foi conduzido para Fazenda Abóboras do poderoso Cel. Marçal Diniz no município de Serra Talhada e posteriormente para a Fazenda Saco dos Caçulas pertencente ao Cel. Marcolino Diniz no município de Princesa Isabel-PB, onde foi tratado por dois médicos da família dos coronéis poderosos. 


O alto da Serra do Catolé é um local deslumbrante. Olhando na direção leste, vemos muito distante, a Serra Talhada que dá origem ao nome da cidade. Ao norte fica o Estado da Paraíba e ao Oeste, o Estado de Ceará. A serra fica na confluência do limite de três estados. Local histórico e encantador que só o Seminário Cariri Cangaço poderia nos dá o prazer de levar todo um bando de interessados na história até esse local marcante e emblemático para história do banditismo rural. Valeu mesmo e parabéns! Para todos que fizeram parte da organização desse grandioso evento.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/permalink/937833433092268/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário