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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

SILA FALANDO SOBRE A FUGA EM BUSCA DA VIDA... E A PERDA DA VIDA DE ENEDINA.


Por Sálvio Siqueira

A historiografia humana tem por concepção um emaranhado de fatos que só através de detalhes individuais, conseguimos desenrolar tal “novelo” histórico.

A história do Fenômeno Social Cangaço, fato ocorrido entre os anos de 1756 e 1940, não fugiu a regra. Jamais é uma exceção e, por isso mesmo, não foi, é ou será fácil contá-la pormenorizadamente.

Apesar de o fenômeno ser secular, os pesquisadores/escritores/historiadores se detiveram tão quase só, e exclusivamente, em seus derradeiros anos. A saga ou história do último grande chefe cangaceiro, Virgolino (Ferreira), o Lampião foi, é e acredito que será, a parte mais explorada.

Mesmo sendo a parte mais recente, historicamente falando, a história do cangaço lampiônico encontra-se retalhada em controvérsias entre as entre linhas de inúmeros livros, infelizmente. Além disso, de certo tempo para cá, ultimamente mesmo, estão fazendo da história de um povo uma verdadeira desmoralização mostrada em vídeos. Essa falta de respeito com a história torna-se mais grave, isso devido ao veículo de distribuição usado, redes sociais. O qual abrange uma quantidade enorme de pessoas que vão assimilando um conteúdo totalmente, ou mesmo em parte, fora do contexto histórico. O/ ou os produtores de tais vídeos não estão nem aí para com a responsabilidade histórica. Estão usando, literalmente, o “Cangaço Meio de Vida”, pois ganham em dólares pelas visualizações. Tão descarados são que ainda pedem, até de uma maneira cômica, que aqueles que assistem contribuam, doem o que quiserem. Produzem quadros, molduras, copiadas de registros históricos, porém, muitos que não fazem parte do Fenômeno Cangaço são, ou foram vendidos como tal. Um assalto ao leigo.

Pois bem, como nem todos tem essa mania de ser irresponsável, de ludibriar as pessoas em busca de um estrelato forçado e comprado, o pesquisador cearense Aderbal Nogueira vem a várias décadas construindo um acervo de entrevistas com remanescente da história. Basta vermos os vídeos produzidos, editados pelo pesquisador citado para notarmos que a principal meta é a história e aquela pessoa que fez parte dela. Quando muito escutamos sua voz fazendo perguntas, porém, jamais autopromove sua imagem. A seriedade do pesquisador nos leva a pararmos e, porque não dizer, repensarmos em muito daquilo que lemos e debatemos ao longo dos anos de estudos.

https://www.youtube.com/watch?v=LPsYUt4nVUI

Uma das cangaceiras que tombaram na manhã do fatídico dia de quinta-feira, 28 de julho de 1938, no ataque da Força Pública alagoana ao acampamento do bando de Lampião, na fazenda Forquilha, mais precisamente no leito e em volta do riacho Tamanduá, dito, escrito e divulgado “Riacho Angico”, chamava Enedina. Enedina foi vítima de um projétil de fuzil que dilacerou, propriamente, a parte posterior da sua cabeça. Deixando sua face intacta, seu crânio foi totalmente destruído. Quanto mais distante se encontrar o alvo, mais a bala do fuzil aumenta seu estragado devido a velocidade que pega. Ao penetrar no alvo, o projétil fica contrário a trajetória e, ao sair do lado contrário ao que penetrou, faz um rombo disforme e bastante grande. Como a formação óssea do crânio é constituída, em sua maior parte, por ossos denominados de “chatos”, aonde são interligados por ‘suturas’, isso para que a caixa craniana em seu interior conserve, preserve e acomodo o cérebro, é oca. Nada tem de obstáculo como impedimento para um projétil calibre 9mm.

A ex cangaceira Sila, em entrevista, referiu que “os miolos da cabeça de Enedina caíram em suas costas”. Essa declaração não quer dizer que as duas estavam bem próximas nem tão pouco na mesma linha de fogo. O terreno por onde a fuga se deu é íngreme, portanto, um alvo nunca está na mesma que outro, mesmo estando próximos.

Eu, particularmente, acredito na versão citada por Sila sobre os detalhes de resíduos do cérebro, e tecidos do crânio de Enedina tenham sido esparramados em suas costas.
Mais uma produção e edição com a marca Aderbal Nogueira

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http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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