Por Sálvio Siqueira
A
historiografia humana tem por concepção um emaranhado de fatos que só através
de detalhes individuais, conseguimos desenrolar tal “novelo” histórico.
A história do
Fenômeno Social Cangaço, fato ocorrido entre os anos de 1756 e 1940, não fugiu
a regra. Jamais é uma exceção e, por isso mesmo, não foi, é ou será fácil
contá-la pormenorizadamente.
Apesar de o
fenômeno ser secular, os pesquisadores/escritores/historiadores se detiveram
tão quase só, e exclusivamente, em seus derradeiros anos. A saga ou história do
último grande chefe cangaceiro, Virgolino (Ferreira), o Lampião foi, é e
acredito que será, a parte mais explorada.
Mesmo sendo a
parte mais recente, historicamente falando, a história do cangaço lampiônico
encontra-se retalhada em controvérsias entre as entre linhas de inúmeros
livros, infelizmente. Além disso, de certo tempo para cá, ultimamente mesmo,
estão fazendo da história de um povo uma verdadeira desmoralização mostrada em
vídeos. Essa falta de respeito com a história torna-se mais grave, isso devido
ao veículo de distribuição usado, redes sociais. O qual abrange uma quantidade
enorme de pessoas que vão assimilando um conteúdo totalmente, ou mesmo em
parte, fora do contexto histórico. O/ ou os produtores de tais vídeos não estão
nem aí para com a responsabilidade histórica. Estão usando, literalmente, o
“Cangaço Meio de Vida”, pois ganham em dólares pelas visualizações. Tão
descarados são que ainda pedem, até de uma maneira cômica, que aqueles que
assistem contribuam, doem o que quiserem. Produzem quadros, molduras, copiadas
de registros históricos, porém, muitos que não fazem parte do Fenômeno Cangaço
são, ou foram vendidos como tal. Um assalto ao leigo.
Pois bem, como
nem todos tem essa mania de ser irresponsável, de ludibriar as pessoas em busca
de um estrelato forçado e comprado, o pesquisador cearense Aderbal
Nogueira vem a várias décadas construindo um acervo de entrevistas com
remanescente da história. Basta vermos os vídeos produzidos, editados pelo pesquisador
citado para notarmos que a principal meta é a história e aquela pessoa que fez
parte dela. Quando muito escutamos sua voz fazendo perguntas, porém, jamais
autopromove sua imagem. A seriedade do pesquisador nos leva a pararmos e,
porque não dizer, repensarmos em muito daquilo que lemos e debatemos ao longo
dos anos de estudos.
https://www.youtube.com/watch?v=LPsYUt4nVUI
Uma das
cangaceiras que tombaram na manhã do fatídico dia de quinta-feira, 28 de julho
de 1938, no ataque da Força Pública alagoana ao acampamento do bando de
Lampião, na fazenda Forquilha, mais precisamente no leito e em volta do riacho
Tamanduá, dito, escrito e divulgado “Riacho Angico”, chamava Enedina. Enedina
foi vítima de um projétil de fuzil que dilacerou, propriamente, a parte
posterior da sua cabeça. Deixando sua face intacta, seu crânio foi totalmente
destruído. Quanto mais distante se encontrar o alvo, mais a bala do fuzil
aumenta seu estragado devido a velocidade que pega. Ao penetrar no alvo, o
projétil fica contrário a trajetória e, ao sair do lado contrário ao que
penetrou, faz um rombo disforme e bastante grande. Como a formação óssea do
crânio é constituída, em sua maior parte, por ossos denominados de “chatos”,
aonde são interligados por ‘suturas’, isso para que a caixa craniana em seu
interior conserve, preserve e acomodo o cérebro, é oca. Nada tem de obstáculo
como impedimento para um projétil calibre 9mm.
A ex
cangaceira Sila, em entrevista, referiu que “os miolos da cabeça de Enedina
caíram em suas costas”. Essa declaração não quer dizer que as duas estavam bem
próximas nem tão pouco na mesma linha de fogo. O terreno por onde a fuga se deu
é íngreme, portanto, um alvo nunca está na mesma que outro, mesmo estando
próximos.
Eu,
particularmente, acredito na versão citada por Sila sobre os detalhes de
resíduos do cérebro, e tecidos do crânio de Enedina tenham sido esparramados em
suas costas.
Mais uma
produção e edição com a marca Aderbal
Nogueira
YOUTUBE.COM
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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