Material do acervo do pesquisador do cangaço José João Souza
“Delmiro deu a
idéia. Apolônio Aproveitou. Getúlio fez o decreto. E Dutra realizou. O
presidente Café. A usina inaugurou”. Esses versos fazem parte da música Paulo
Afonso, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, e cita as pessoas que ajudaram a
concretizar a primeira grande hidrelétrica do Nordeste. Tudo começou com o
empresário cearense Delmiro Gouveia que construiu a hidrelétrica de Angiquinho,
em 1913. Foi a primeira a aproveitar as águas do São Francisco para gerar
energia. A ideia dele era construir mais hidrelétricas no local, projeto
interrompido com o seu assassinato em 1917.
Depois disso,
foram realizados vários estudos no sentido de concretizar uma grande
hidrelétrica no São Francisco. Até que um pernambucano de Altinho, Apolônio
Sales, foi nomeado ministro da Agricultura no governo Getúlio Vargas em 1942.
O pai da Chesf
Tudo começou
no dia 24 de agosto de 1904, em Altinho, no agreste pernambucano, quando nasceu
Apolônio Jorge de Farias Sales, filho de José Francisco de Farias Sales e de
dona Maria Augusta Jorge Sales.
O menino
estudou, diplomou-se engenheiro-agrônomo, ingressou no serviço público, criou e
dirigiu autarquias, tornou-se secretário da Agricultura de Pernambuco e, em
1942, foi nomeado ministro da Agricultura do governo Getúlio Vargas.
Logo se viram
a sua competência e a sua disposição para o trabalho. Constituiu a Comissão
Brasileiro-Americana de Produção de Gêneros Alimentícios, instalou colônias
agrícolas em todo o país, reorganizou o Serviço de Meteorologia e o Centro
Nacional de Ensino e Pesquisas Agronômicas, criou a Universidade Rural, a
Superintendência de Edifícios e Parques, e o Instituto Agronômico do Sul. Fez
mais: elaborou um plano para a mecanização da lavoura, criou uma legislação
nacional para o associativismo rural, efetivou convênio com o governo
norte-americano para prover educação às populações rurais, e criou o Serviço de
Expansão do Trigo. Como se vê, a caminhada até a posição de destaque ocupada no
plano mundial, hoje, pela agropecuária brasileira, não é fenômeno atual. Vem de
muito tempo. Muito tempo, mesmo.
Mas a maior
obra de Apolônio Sales — e olhe que ele já havia feito muito — estava se
formando.
Desde 1943 ele
desencadeara uma campanha pelo aproveitamento da cachoeira de Paulo Afonso, e
como resultado foram elaborados, em 1945, os decretos-leis que criaram a Chesf,
abrindo os caminhos legais para a outorga da concessão para o aproveitamento do
potencial hidráulico do rio São Francisco.
Em 1948, com
base no Decreto Lei nº 8.031, de 3 de outubro de 1945 foi criada a Chesf. A
primeira assembleia de acionistas foi realizada em 15 de março, formalizando o
início das atividades. O ano também foi marcado pelo começo da construção da
hidrelétrica de Paulo Afonso I, primeira grande usina da Chesf erguida no rio
São Francisco. Em 1954 entrou em operação a Usina de Paulo Afonso I, com 180
mil kW de potência instalada.
Considere-se
que a Chesf foi obra de quatro governos — Getúlio Vargas, durante o Estado
Novo, general Eurico Gaspar Dutra, Getúlio Vargas novamente, pelo voto popular,
e Café Filho —, mas foi, inegavelmente, concepção de um só homem, Apolônio
Jorge de Faria Sales.
Aquele menino
nascido em Altinho, faleceu em 12 de outubro de 1982, no Rio de Janeiro, hoje é
escola, edifício, avenida, hidrelétrica, fundação e muito mais. Mais do que
isto, porém, é um nome que honra Pernambuco e, como tal, merece estar na
memória de todos os pernambucanos.
Se é verdade
que ao morrer as pessoas especiais se transformam em estrela, seguramente
Apolônio Sales é uma delas. Ademais, resta a certeza de que em cada recanto
deste Nordeste, por mais remoto que seja, toda vez que uma lâmpada brilhar fará
presente a luz de Apolônio Sales.
Fontes: Jornal
do Commercio / blog: Joseni Melo Advogados Asssociados.
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