*Rangel Alves da Costa
Poço Redondo, município sergipano e sertanejo, talvez não compreenda bem o quanto possui de riqueza histórica, cultural, geográfica e turística. Para uma odeia da grandiosidade, a Gruta do Angico, onde foram mortos Lampião e parte de seu bando em 28 de julho de 38, está fincada em seu território.
E ainda a Estrada Histórica Antônio Conselheiro, onde em 1874 o missionário andante cruzou os sertões sergipanos em direção a Bahia, mas não sem antes reformar a igrejinha de Nossa Senhora da Conceição, na povoação ribeirinha de Curralinho.
Também a Serra da Guia, a Comunidade Quilombola Serra da Guia, a Maranduba (onde ocorreu a segunda maior batalha do bando de Lampião contra as volantes no ano de 32), o Morro da Letra, a Pedrata. E muito mais. Sem falar nos vinte e seis quilômetros de exuberante beira de rio. O São Francisco ladeia o município.
Desse modo, imenso é o patrimônio de Poço Redondo, e que não é devidamente explorado como fonte de emprego e renda para a população, por falta de políticas que priorizem a sua potencialidade. Os órgãos municipais que cuidam do turismo e da cultura talvez não se atenham ao próprio conceito de patrimônio, principalmente cultural.
Ser patrimônio cultural significa ser um bem preservado e passado de geração a geração. Significa uma riqueza gestada no saber ou no fazer de um povo e que vai tendo continuidade ao longo dos anos. Mais forte ainda é o patrimônio cultural que surge sem a intencionalidade de assim, mais tarde, ser reconhecido.
E assim acontece com a festança cangaceira do xaxado e a lida vaqueira de antigamente que se transformou em esporte apaixonante. O xaxado foi assimilado dos passos dançantes dos cangaceiros e se tornou em verdadeira arte sertaneja. Principalmente a beleza e a perfeição do Grupo de Xaxado na Pisada de Lampião, mas também diversos grupos preservam as pisadas, as marcações, os cantos e os adornos daquele repouso cangaceiro depois da luta. Grupos adultos e grupos mirins, e todos tornando Poço Redondo em verdadeiro celeiro dos festejos xaxadeanos.
Se o xaxado de hoje veio de imitação cangaceira, a vaqueirama remonta aos tempos bem mais distantes, desde que o sertanejo montou em cavalo para desbravar os sertões. O vaqueiro sempre existiu no mundo-sertão, desde os primeiros currais à necessidade de juntada de gado.
O que se tem hoje pelo nome de vaquejada é a consequência festiva, e muitas vezes como disputa, daquele amor antigo do vaqueiro pelo seu cavalo e pelo boi valente. E Poço Redondo possui profundo amor tanto pelo xaxado como pela vaquejada. São festejos e manifestações que correm nas veias, que fazem suar de paixão, que fazem mais contentes e alegres os dias de luta.
E que tornaram Poço Redondo como fraterno berço e palco maior destas duas paixões de um povo.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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