Por João Filho de Paula Pessoa
No final de 1929, o Bando de Lampião chegou a Vila de Curaçá na Bahia e visitaram as fazendas da região tomando dinheiro e mantimentos. Em uma destas fazendas encontraram apenas uma mulher que cuidava de duas crianças de colo. Zé Baiano e Ezequiel pegaram a mulher à força e estavam levando-a para os matos, quando Labareda chegou a cavalo e perguntou para onde iam com aquela mulher, e a dupla Cangaceira disse que era para ela mostrar onde tinha dinheiro dos patrões enterrado. Labareda então indagou o que aquela mulher sabia sobre dinheiro enterrado, mas ele sabia o que eles queriam fazer com ela nos matos. A mulher que estava agarrada por Zé Baiano e Ezequiel conseguiu escapulir deles e correu para junto de Labareda, que ainda estava montado no cavalo, e agarrou em seu bornal e suplicando disse que não sabia sobre dinheiro, pois era apenas uma ama de casa. Ezequiel pegou a mulher novamente e Labareda mandou-lhe soltar a moça e ele soltou, mas aí Zé Baiano a segurou novamente com força e a puxou bruscamente, que fez ela soltar o bornal de Labareda quase lhe derrubando do cavalo, momento em ele desceu do cavalo e disse que a moça só iria para os matos com eles se ele fosse também, Zé Baiano esbravejou e insinuou enfrentar Labareda que o encarava, mas não o fez e resolveu então solta-la. A Mulher perguntou a Labareda qual seu nome e ao ouvi-lo disse: “Seu Anjo Roque: Deus o livre de macaco, Jesus lhe proteja de bala e lhe livre de tudo quanto for ruim, porque uma ama de casa num sabe de nada, nem onde está o dinheiro do patrão”. Lampião assistiu a tudo sem intervir ou se manifestar, após apitou para juntar o bando para a partida e disse a Labareda para ele partir por último, para ninguém forçar a moça e assim ele fez, ficou em companhia da ama, que chorava muito, até que todos partissem, para só então seguir com o bando, quando se juntou aos demais Lampião falou a todos “O grupo de Cangaceiros da gente num tá tendo mais respeito como já teve. O Cumpade Labareda tem razão. Nós podemos fazer muita coisa, muita miséria, quando for necessário. Mas fazer miséria sem necessidade, não há precisão”. João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce.
Assista o filme deste Conto: Clique na foto abaixo.
https://www.youtube.com/watch?v=PbrHT3yAu_c&ab_channel=ContosdoCanga%C3%A7o
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário