Por Valdir José Nogueira de Moura
Em diferentes
dias dos meses de outubro, novembro e dezembro de 1906, e janeiro de 1907 se
intensificaram os furtos de gado vacum nas fazendas Poço da Ilha e Barra do
Exu, no município de Vila Bela, propriedades do coronel Antônio Alves da
Fonseca Barros. Em um só dia foram dele furtadas oito vacas paridas. Os
misteriosos autores dos referidos furtos conseguiam alterar dolorosamente os
ferros das reses e em seguida, efetuavam transações comerciais com as mesmas
até mesmo dentro do próprio município de Vila Bela. Porém, em dias do mês de
abril de 1907, estando o coronel Sebastião Ignácio de Oliveira fazendo compras
de gados a diferentes vendedores, reconheceu no gado que comprou o ferro do
coronel Antônio Alves, na forma adulterada. Em seguida o coronel Sebastião
Ignácio procurou o coronel Antônio Alves, relatou o ocorrido e prontificou-se a
entregá-lo as vacas que a pouco havia adquirido. Procedeu-se enfim por duas
vezes minucioso exame nas marcas dos ferros do gado, e os peritos constataram
tratar-se da marca utilizada pelo coronel Antônio Alves nas suas fazendas de
criação, achando-se visivelmente a dita marca alterada. Na ocasião, foram
denunciados como autores do furto: Joaquim, Francisco, Manoel e Luiz Cavalcante
de Lacerda, todos irmãos, filhos de Duvina, e moradores nos Sítios Novos, no
lugar denominado de Limoeiro. Ora, tendo sido penalizados e sofrendo grande
prejuízo financeiro, além de prisão e processo judicial, Joaquim Cavalcante de
Lacerda jurou vingar-se do coronel Antônio Alves, pretendendo enfim
assassiná-lo numa emboscada. Para isto, realizou um plano de vingança e
convidou para acompanhá-lo na empreitada desejada a Luiz Padre (Luiz Pereira da
Silva), filho do finado Padre Pereira, também morto numa emboscada em 15 de
outubro de 1907.
No dia 5 de
outubro de 1908, por volta das 9 horas da manhã, quando se dirigia de sua
fazenda Barra do Exú para Vila Bela, na altura da fazenda Pedra Partida,
distante mais ou menos meia légua da sua casa, foi o coronel Antônio Alves
emboscado com diversos tiros, que foram desfechados por Luiz Padre e Joaquim
Cavalcante de Lacerda. Tinha na ocasião o coronel Antônio Alves 74 anos de
idade, “estatura regular, constituição forte, temperamento sanguíneo, de cor
branca, barba aparada, cabelos cacheados, brasileiro, criador, viúvo”. No
depoimento policial, relatou o coronel Antônio Alves, que ao sair de sua casa,
pela manhã, entre 7 a 9 horas, recebeu um tiro de emboscada, que não o atingiu;
em seguida desfecharam mais dois tiros, sendo atingido por um deles que fez um ferimento
na região torácica posterior; que ele depoente estava desarmado e vendo o
perigo que o ameaçava, deu rédeas no cavalo e recuou; nessa ocasião foram
desfechados alguns tiros ainda, dos quais não pode contar.
Na prisão,
Luiz Padre mediante argüição do delegado de polícia Sr. Pedro Marinho de Mello
Malta, confessou livremente e sem coação que fizera parte com Joaquim
Cavalcante de Lacerda, conhecido por Joaquim de Duvina, da emboscada da qual
partiram os tiros que feriram o referido coronel Antônio Alves da Barra do Exu;
disse ainda que apenas participou da tocaia para fazer um favor ao mesmo
Joaquim, pois ele próprio não tinha nenhum tipo de questão com o coronel
Antônio Alves.
Luiz Padre,
por ser ainda de menor idade, pois contava apenas com 16 anos, era solteiro,
residente no povoado de São Francisco, foi representado no inquérito policial
por seu bastante curador, o Sr. Severiano de Souza Nogueira.
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