Seguidores

terça-feira, 26 de setembro de 2023

EMBOSCADA PARA O CORONEL ANTÔNIO ALVES DA BARRA DO EXU

Por Valdir José Nogueira de Moura

  

Em diferentes dias dos meses de outubro, novembro e dezembro de 1906, e janeiro de 1907 se intensificaram os furtos de gado vacum nas fazendas Poço da Ilha e Barra do Exu, no município de Vila Bela, propriedades do coronel Antônio Alves da Fonseca Barros. Em um só dia foram dele furtadas oito vacas paridas. Os misteriosos autores dos referidos furtos conseguiam alterar dolorosamente os ferros das reses e em seguida, efetuavam transações comerciais com as mesmas até mesmo dentro do próprio município de Vila Bela. Porém, em dias do mês de abril de 1907, estando o coronel Sebastião Ignácio de Oliveira fazendo compras de gados a diferentes vendedores, reconheceu no gado que comprou o ferro do coronel Antônio Alves, na forma adulterada. Em seguida o coronel Sebastião Ignácio procurou o coronel Antônio Alves, relatou o ocorrido e prontificou-se a entregá-lo as vacas que a pouco havia adquirido. Procedeu-se enfim por duas vezes minucioso exame nas marcas dos ferros do gado, e os peritos constataram tratar-se da marca utilizada pelo coronel Antônio Alves nas suas fazendas de criação, achando-se visivelmente a dita marca alterada. Na ocasião, foram denunciados como autores do furto: Joaquim, Francisco, Manoel e Luiz Cavalcante de Lacerda, todos irmãos, filhos de Duvina, e moradores nos Sítios Novos, no lugar denominado de Limoeiro. Ora, tendo sido penalizados e sofrendo grande prejuízo financeiro, além de prisão e processo judicial, Joaquim Cavalcante de Lacerda jurou vingar-se do coronel Antônio Alves, pretendendo enfim assassiná-lo numa emboscada. Para isto, realizou um plano de vingança e convidou para acompanhá-lo na empreitada desejada a Luiz Padre (Luiz Pereira da Silva), filho do finado Padre Pereira, também morto numa emboscada em 15 de outubro de 1907.

No dia 5 de outubro de 1908, por volta das 9 horas da manhã, quando se dirigia de sua fazenda Barra do Exú para Vila Bela, na altura da fazenda Pedra Partida, distante mais ou menos meia légua da sua casa, foi o coronel Antônio Alves emboscado com diversos tiros, que foram desfechados por Luiz Padre e Joaquim Cavalcante de Lacerda. Tinha na ocasião o coronel Antônio Alves 74 anos de idade, “estatura regular, constituição forte, temperamento sanguíneo, de cor branca, barba aparada, cabelos cacheados, brasileiro, criador, viúvo”. No depoimento policial, relatou o coronel Antônio Alves, que ao sair de sua casa, pela manhã, entre 7 a 9 horas, recebeu um tiro de emboscada, que não o atingiu; em seguida desfecharam mais dois tiros, sendo atingido por um deles que fez um ferimento na região torácica posterior; que ele depoente estava desarmado e vendo o perigo que o ameaçava, deu rédeas no cavalo e recuou; nessa ocasião foram desfechados alguns tiros ainda, dos quais não pode contar.

Na prisão, Luiz Padre mediante argüição do delegado de polícia Sr. Pedro Marinho de Mello Malta, confessou livremente e sem coação que fizera parte com Joaquim Cavalcante de Lacerda, conhecido por Joaquim de Duvina, da emboscada da qual partiram os tiros que feriram o referido coronel Antônio Alves da Barra do Exu; disse ainda que apenas participou da tocaia para fazer um favor ao mesmo Joaquim, pois ele próprio não tinha nenhum tipo de questão com o coronel Antônio Alves.

Luiz Padre, por ser ainda de menor idade, pois contava apenas com 16 anos, era solteiro, residente no povoado de São Francisco, foi representado no inquérito policial por seu bastante curador, o Sr. Severiano de Souza Nogueira.

https://www.facebook.com/valdirjose.nogueira

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário