Por Beto Rueda
Lampião, ao
atravessar o Rio São Francisco em direção a Bahia, conheceu muitos homens
dispostos que fizeram parte seu grupo. Entre eles, Zé Sereno.
José Ribeiro
Filho nasceu em vinte e dois de agosto de 1913, nas proximidades do município
de Chorrochó, Bahia.
Seu pai, José
Ribeiro dos Santos, faleceu meses depois do seu nascimento. A mãe, Lídia Maria
da Trindade, era irmã dos cangaceiros conhecidos como os Engrácias, Antônio e
Cirilo. Também do conhecido Cionário, cujos filhos Antônio e Luiz foram
igualmente cangaceiros. Outro irmão de Lídia era vulgarmente chamado de
Faustino Mão de Onça e pai do afamado Zé Baiano.
Zé de Lídia,
como era chamado, teve vários irmãos: Rufino, o mais velho, deixou a casa para
constituir sua própria família. Pobre, não tinha condições de ajudar nas
despesas da casa materna. Antão, sentou praça na polícia, destacado para a vila
de Capim Grosso. Também não deu nenhum apoio a viúva. Matias, caiu no mundo e
sumiu. Leocádio, morreu cedo. Zeca, de saúde frágil, esteve muito tempo adoentado.
As irmãs eram três, Lúcia, Otília e Luiza.
Na sua
infância sofrida e sem perspectivas, fazia pequenos serviços para ajudar no
sustento de casa. Comprava e vendia peles de bode e outros pequenos negócios.
Com quinze para dezesseis anos passou a montar burros bravos e andava pelos
matos a procura de reses desgarradas, ficando entre a vida de domador e
vaqueiro.
Por motivo da
doença de seu irmão Zeca, mudaram-se para Capim Grosso, onde morava o mano
Antão, que os recebeu com indiferença, negando-lhes qualquer auxílio. José,
ainda adolescente, ficou com a responsabilidade do sustento familiar. Trabalhou
muito, não enjeitava serviço.
Depois de mais
um período enfermo, Zeca não resistiu e também faleceu.
O tempo passou
e Zé de Lídia, após uma briga feia com um soldado de nome Lau, jurado de morte
e aconselhado por amigos, resolveu procurar um coiteiro do bando cangaceiro dos
tios Antônio e Cirilo de Engrácia, ligados a Lampião. Chegou em casa e contou
para a mãe que ia participar de uma novena em um sítio distante. A velha deu a
benção ao filho, jamais imaginou que seria a última vez que o veria, a
despedida.
Acompanhado do
coiteiro, seguiram em direção as caatingas existentes da fazenda Retiro. Quando
chegaram na metade do caminho, o guia tomou outra direção e ensinou José o
caminho a seguir para encontrar os outros cabras que o levariam até Cirilo e
Antônio. José desarmado, ficou aguardando no lugar combinado. Nesse intervalo
de tempo, aconteceu a morte de Antônio, assassinado pelo próprio irmão Cirilo,
que ficou como líder do grupo.
Logo depois
apareceram seus dois primos, Sabonete e Manoel Moreno, que tinham entrado no
grupo dias antes. Deram a ele uma Mauzer e os três foram ao encontro de Cirilo.
Era o princípio do mês de junho, de 1931.
No dia
seguinte ao seu ingresso, foram encontrar Lampião que estava acoitado no Raso
da Catarina. Zé Baiano apresentou o rapaz ao chefe maior. A partir desse
encontro, recebeu a alcunha de Zé Sereno.
Meses depois,
Lampião seguiu para Pernambuco e Cirilo ficou com os seus parentes, Manoel
Moreno, Zé Sereno e Jararaca. Após alguns dias de viagem, José se desentendeu
seriamente com Moça, companheira de Cirilo. O tio, que tinha ido buscar algumas
encomendas de um coiteiro, quando voltou, tomou as dores da amada e foi tirar
satisfação com o sobrinho, querendo bater. José manobrou o fuzil e disse: - Me
bate e eu não conto os buracos!
Jararaca e
Manoel Moreno ficaram atrás de Sereno cobrindo-lhe as costas, afirmaram o seu
apoio ao primo. Resolveram deixar o tio. Viajaram os três e nunca mais
encontraram o parente. Esse foi o início da sua ascensão. Era o ano de 1932.
- Julho de
1935 - Morre Cirilo de Engrácia.
- 1936 -
Visita de Zé Sereno e Mariano a fazenda Barra do Ipanema em Alagoas.
- 07 de junho
de 1936 - Morte de Zé Baiano e seus três cabras no lugar Alagadiço, Sergipe.
- 1936 - Zé
Sereno une-se a Sila em Sergipe.
- Agosto de
1936 - Zé Sereno e Lampião prendem Dao de Chico Carvalho.
- Janeiro de
1937 - Os irmãos de Sila entram no grupo de Zé Sereno.
- 1937 -
Tiroteio na lagoa do Crauá ou fogo da lagoa de João Domingos, ferimento do
cangaceiro Novo Tempo, irmão de Sila.
- Junho de
1937 - Nasce João do Mato, primeiro filho de Zé Sereno e Sila.
- 1937 - Zé
Sereno e seu grupo entram na vila de Gado Bravo, Sergipe.
- 1937 -
Zumbi, um dos cabras de Zé Sereno, é morto no tiroteio da fazenda Salobro.
- Junho de
1937 - Morre Manoel Moreno, primo de Zé Sereno.
- 28 de julho
de 1938 - Angico: morte de Lampião, Maria Bonita e mais nove companheiros.
Morre também o soldado Adrião. Zé Sereno e Sila que estavam presentes,
conseguem escapar.
- Agosto de
1938 - Tiroteio em Pinhão, Sergipe.
- Fins de
agosto de 1938 - Entrega de Zé Sereno e mais vinte cabras em Serra Negra,
Bahia.
- 1938 - Zé
Sereno e outros cangaceiros ajudam na perseguição dos grupos de Corisco e
Ângelo Roque, o Labareda.
- 1939 - Zé
Sereno e outros cangaceiros são levados a Salvador, para prestar depoimentos.
- 1939 - Vinte
dias depois Zé Sereno e seus companheiros retornam para a cidade de Geremoabo.
- Fins de 1939
- O capitão Aníbal aconselha Zé Sereno a ir embora da região onde vivera como
chefe de grupo.
Após deixarem
o cangaço, Zé Sereno e Sila andaram pelo Sul da Bahia, Minas Gerais, interior
de São Paulo, retornaram a Minas Gerais e finalmente mudam para a capital
paulista em 1945, onde fincam raízes e formam família.
Em dezesseis
de fevereiro de 1981, Zé Sereno, um personagem real figura controversa e
importante para o estudo do tema cangaço, que percorreu as caatingas dos
Estados da Bahia e Sergipe como chefe de grupo de Lampião, morre no Hospital
Municipal de São Paulo aos 67 anos de idade.
REFERÊNCIAS:
ARAÚJO, Antônio
Amaury Corrêa de. Gente de Lampião: Sila e Zé Sereno. São Paulo: Traço, 1987.
ARAÚJO,
Antônio Amaury Corrêa de. Lampião: As mulheres e o cangaço. 2.ed. São Paulo:
Traço, 2012.
https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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