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segunda-feira, 9 de maio de 2011

REVENDO COMENTÁRIOS

Por: Rostand Medeiros

Manoel Severo e Rostand Medeiros

Este é um comentário do historiógrafo "Rostand Medeiros" sobre o texto do escritor Aderbal Nogueira, "O Ciclo do Cangaço não é só Violência", publicado na página do blog: "Cariri Cangaço", no dia 12 de Janeiro de 2010 

             Muito bom Aderbal,

            Este teu trabalho tem este lado positivo e interessante de mostrar estes detalhes simples da nossa gente, em meio a situações de terrível tensão e medo. Certamente vai ser um material diferenciado e que vai chamar a atenção de todos que gostam do assunto.

           Mesmo não tendo tantos anos de estrada como você, Paulo, Frederico, Oleone e tantos outros, certamente poderei comentar um dia com meus netos (e espero conhecê-los) que um dia, na companhia do amigo Sérgio Dantas, na cidade de Santa Cruz da Baixa Verde, em Pernambuco, ao entrevistarmos um senhor de 96 anos, lúcido, inteiro, que você ficava olhando e achando que ele tinha uns vinte anos a menos, nos contou sobre um encontro com o “Rei dos cangaceiros”.

Lampião

             De manhã bem cedo Lampião e um grande grupo de cangaceiros chegaram à bodega do seu pai. Mandaram o proprietário abrir o lugar e pediram cachaça. Logo a turma foi bebendo e se esquentando para o “fogo”. O então garoto se esgueirava entre a cabroeira, verdadeiramente fascinado com tudo aquilo. Dava gosto ver este senhor, com os olhos brilhando, narrando sobre os gestos, as armas, as roupas e várias outras coisas, principalmente o seu medo.

             No meio da animação dos cangaceiros, o próprio Lampião gritou – Da família de Quelé, hoje só sai vivo quem “avoa”!

Clementino - o Quelé



           Depois de saírem da bodega de seu pai, Lampião e o bando atacaram o seu antigo aliado, o valente Clementino Quelé, na sua residência no sítio Conceição. Foi mais de cinco horas de bala. Nosso entrevistado em casa, com toda a família deitada no chão, com as balas zunindo no telhado.

           Os cangaceiros não conseguiram seu intento e fugiram ante a chegada de um pequeno destacamento da volante vindo de Triunfo. Três dias depois voltaram para nova refrega. Dos dois combates vários familiares de Quelé morreram e ele se tornou um dos maiores perseguidores de Lampião.

            Bom, esta pequena história, ocorrida, se não me engano, em 16 de fevereiro de 1924, que nem é tão importante assim no contexto geral do cangaçocontar na mesma forma como ocorreu foi muito bom.

           E olha, acho que Sérgio lembra, que a gente nem estava seguindo com o objetivo de entrevistar este cidadão. Encontramos meio sem querer. A entrevista durou horas e foi ótimo.

          No ano passado estive novamente na região. Fui com dois amigos visitar as grutas utilizadas como esconderijo dos cangaceiros na Serra do Catolé, em Belmonte. Na volta para Natal passamos por Triunfo e chamei estes amigos espeleólogos para eles conhecerem este senhor. Chegamos tarde, infelizmente ele já não se encontra mais neste plano, mas nunca vou esquecer dos seus olhos brilhando e daquele “avoa”.

 
Um abraço.
Rostand Medeiros


Amigo leitor:

Se você quiser ler o texto, procura no blog: "Cariri Cangaço"
"O Ciclo do Cangaço não é só Violência"
- por Aderbal Nogueira


Lembrando a Rostand Medeiros
que o seu cometário foi escrito na íntegra


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