Por: Geraldo Maia do Nascimento
Com a chegada dos navios da Cia. Pernambucana de Navegação Costeira em 1857, fazendo de Mossoró ponto de escala regular das suas embarcações, a cidade se abre para novos comerciantes, tornando-se, já no período de 1857 a 1877, uma próspera praça de negócio, assumindo a condição de “empório comercial”. A situação privilegiada da cidade, eqüidistante de duas capitais, Natal e Fortaleza, ao mesmo tempo que dividia o litoral do sertão, contribuíram para essa condição. No período citado, Mossoró aparecia como o “lugar privilegiado”, sentado na área de transição entre a economia do litoral representada principalmente pelo sal e o peixe, e a economia do Sertão representada pela pecuária, o algodão e principalmente as peles de animais. Mossoró tornava-se assim o lugar de troca, recebendo mercadorias de outras praças do país e do exterior e embarcando pelo seu porto, o porto de Areia Branca que na época pertencia a Mossoró, a produção regional que se destinava aos mercados nacionais e internacionais. Esse crescimento comercial serviu de chamariz para os grandes comerciantes, que viam em Mossoró o lugar ideal para desenvolverem os seus negócios. E os estrangeiros chegaram!
Vindos principalmente da Europa, quase sempre procuravam Recife, uma cidade de alto comércio, onde dominava um espírito de cosmopolitismo generalizado. Lá chegando, faziam contatos com negociantes e firmas de toda espécie. E nesses intercâmbios de negócios, descobriam o nome de Mossoró, uma Praça para muitos deles ignoradas, mas um forte centro de atividades mercantis.
Assim se deu com Johan Ulrich Graff, um empresário suíço, rico e cheio de idéias progressistas que apontou em Mossoró para instalar uma poderosa firma comercial, de importação e exportação de produtos regionais. Era a Casa Graff, fundada em 1868, com instalações próprias em prédios construídos em um grande terreno que fora comprados a Souza Nogueira pela elevada quantia de 500$000 (quinhentos mil réis). Para se avaliar o que significava esse valor para a época, basta dizer que o orçamento votado pela Câmara Municipal para o ano de 1867, não passava de 251$000 (duzentos e cinqüenta e um mil réis).
No dia 05 de dezembro de 1872 chegou a Mossoró o alemão William Dreffren, “vindo no vapor costeiro de Pernambuco, com destino a estabelecer nesta cidade uma casa de compra dos diferentes gêneros do país”, como nos informa o jornal “O Mossoroense” datado de 8 de dezembro de 1872. Dreffren era “um tipo expansivo, curioso, vermelhaço, suarento como um barril de cerveja de Hamburgo”, no dizer de Raimundo Nonato. Era a “William Dreffren”, uma casa de compra de algodão, couro e finalmente de todo e qualquer gênero e produto do país.
Outro grande comerciante estrangeiro que se estabeleceu em Mossoró nessa época foi o francês H. Léger. O Armazém do Francês, como era chamado, anunciava em “O Mossoroense”: “H. Léger, negociante, importador da praça de Pernambuco, avisa ao respeitável público, com especialidade aos Srs. Sertanejos, que acaba de abrir nesta cidade um estabelecimento de secos e molhados sob a firma de Léger & Cia., onde muito bem se pode servir as pessoas que quiserem prevenir de fazenda e molhados, garantindo-lhes não só um preço inteiramente razoável como também sinceridade”.
Nos requerimentos dirigidos à Câmara Municipal com pedidos para manter portas abertas das casas comerciais, encontramos muitos outros estrangeiros, como se segue: Henry Admas & Cia. (francesa), Teles Finizola (italiana), Frederico Antônio de Carvalho (português), Conrado Mayer (suíço), antigo empregado das Casas Graff , que ganhando muito dinheiro nesse giro de negócio, veio a se estabelecer por conta própria em Mossoró, e muitos outros.
Segundo um levantamento feito pelo Professor Vingt-un Rosado e publicado em seu livro “Andanças pela história de Mossoró”, em 1871 existia em Mossoró 18 comerciantes estrangeiros. E esses estrangeiros, vindos dos mais diversos países do mundo, projetaram o nome de Mossoró para além fronteiras, através dos produtos que eram importados e exportados por esses comerciantes.
Geraldo Maia do Nascimento
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Gente, para facilitar o entendimento desta "complexa história de Mossoró", por que não relacionar, nominalmente, estes 18 estrangeiros que se fixaram em Mossoró? Já 6: (Ulrich, Conrado, os 2 amigos deles e mais 2 alemães. E os outros 12, quem foram?? Respondam-me por favor?
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