Por: Manoel Severo
Aderbal Nogueira, Manoel Severo e Seu Raimundo, no primeiro documentário Cariri Cangaço.
Nestas nossas caminhadas e aventuras por meio deste sertão maravilhoso de nosso nordeste, colhendo aqui e ali, fragmentos da verdade que constroe nossa história, acabamos ouvindo, vendo e vivenciando de tudo. São tantas as histórias que povoam os bastidores dessas aventuras, que certamente seriam facilmente transformadas em livro. Ali, o drama e a comédia conviviam sem nenhum preconceito e ajudavam a criar a atmosfera perfeita e o combustível necessário para o próximo desafio.
Um desses momentos imperdíveis, aconteceu ainda em 2009, quando nos preparavamos para o primeiro Cariri Cangaço. Nossa equipe percorreu os possíveis cenários para acolher nossos convidados e em um deles, o famoso sítio do Caldeirão do Beato José Lourenço, estava eu conversando amenidades com o morador do lugar, "seu" Raimundo, e repentinamente lembrei de uma foto clássica, feita ali, pelo grande fotografo Pachelli Jamacaru, onde temos a Capela de Santo Inácio e um cachorro devidamente pousado para a fotografia.
Bolinha e a clássica fotografia de Pachelli
Perguntei ao "seu" Raimundo: "Meu amigo e aquele cachorro da foto do Pachelli, ainda tá vivo?" e o homem respondeu: "Tá vivo, mas é uma cadelinha, já mora qui conosco a muito tempo" e voltei a perguntar: "Qual o nome dela?"
Raimundo prontamente falou: "É Bolinha !"
Aderbal Nogueira e Danielle Esmeraldo, que nos acompanhavam na oportunidade, estavam na porta da casa da esposa do Raimundo, já prontos para se despedir e ouvindo "de revestrés" a nossa conversa, foram logo chamando a esposa do Raimundo:
"Dona Bolinha, já estamos indo..." gritou Danielle, no que foi seguida por Aderbal "Bolinha ? que nome esquisito!"
Foi aí que sai de meu tamborete e tirei os dois da enrascada, "pessoal Bolinha é o nome da cadela do casal, não é da esposa do Raimundo, que chama dona Maria..."
Dona Maria, seu Raimundo e Danielle Esmeraldo
Até hoje não sabemos se a dona Bolinha, digo, a dona Maria ouviu ou não o espantoso chamado, mas, foi melhor assim, ao final, entre mortos e feridos todos salvaram. O Caldeirão do Deserto do Beato José Lourenço foi palco anfitrião das duas primeiras edições do Cariri Cangaço, 2009 e 2010, e ficou guardado na memória de todos os participantes, mas... isso é outra aventura, depois eu conto.
Manoel Severo
Extraído do blog: Cariri Cangaço
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