Por Gonçalo
Junior
Pelo acaso, Lampião
acabou por se tornar garoto propaganda de A Noite Ilustrada. Dois anos
antes de morrer, ele aparecia em uma de suas mais famosas fotos, feita pelo
fotógrafo e caixeiro viajante Benjamin Abraão (1890-1938), mostrando um
exemplar da famosa revista carioca, ao lado de Maria Bonita, que aparecia
sentada, acariciando os cães ligeiro e Guarany. A edição, de 27 de Maio de
1936, trazia na capa a nadadora americana Anna Evers, uma das promessas da
olimpíada de Berlim daquele ano.
Casal bem
informado – Lampião com um exemplar de A Noite Ilustrada, de 1936, ao lado de
Maria Bonita. O casal gostava de acompanhar pelas revistas as novidades do
Brasil e do mundo.
Na legenda,
lia-se: “a sereia e sua rede… Anna Evers exibindo um formoso modelo praiano em
Santa Mônica, Califórnia”. Segundo depoimentos das cangaceiras Aristeia e Dadá,
as fotos foram feitas entre Junho e Julho de 1936, portanto um mês ou dois
depois do lançamento da revista. Abrahão seria morto pouco mais de dois meses
antes de Lampião, em Serra Talhada, no dia 10 de Maio de 1938. De origem Sírio-libanesa-brasileira,
ele se tornou o responsável pelo registro iconográfico do cangaço e de seu
líder, Lampião. Para fugir do serviço militar em seu país, durante a Primeira
Guerra Mundial (1914- 1918), ele veio para o Brasil. Chegou em 1915. Foi
mascate em recife e Juazeiro do Norte, atraído pela frequência de romeiros em
busca do Padre Cícero, de quem se tornou secretário e conheceu Lampião, em
1926, quando foi à cidade receber a bênção do célebre vigário e a patente de
capitão, para auxiliar na perseguição da coluna prestes. Anos depois, obteve do
cangaceiro autorização para acompanhar o bando na caatinga e realizar as
imagens que o imortalizaram. Foi assassinado com 42 facadas e o crime nunca foi
esclarecido.
http://www.revistabrasileiros.com.br/2013/07/a-reportagem-que-reinventou-lampiao/#.VDQrxGddUXE
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