Por João de Sousa Lima
Dia 31
de março de 2015 (por coincidência, 169 anos da emancipação política de
Floresta, que aconteceu em 31 de março de 1846), eu, Marcos Antônio de Sá
“Marcos De Carmelita”, Cristiano Luiz Feitosa Ferraz, Manoel Serafim
Ferraz Cornélio, Edmilson Rodrigues Fontes “Site Sertão Eventos e a professora
Silvana, vistamos alguns pontos históricos que retratam a passagem do cangaço
na cidade. Fomos a casa do chefe político Antonio Boiadeiro, que fez o acordo
dos Ferreiras de Nazaré, após Livino ser baleado e preso. Livino foi libertado
após o acordo e a saída dos Ferreiras para Alagoas. Fomos ao prédio onde Livino
foi preso e hoje funciona os correios. Em frente aos correios morou Theófanes
Ferraz Torres. Visitamos também o prédio que era a sede das forças volantes.
Depois
saímos de Floresta, em direção a fazenda Tapera, antigo reduto da família GILO.
Nessa localidade, em 1926, aconteceu um dos mais cruéis ataques de cangaceiros
a famílias daquela região.
Em dezembro de
1925 o senhor Gino Donato do Nascimento descobriu que 12 burros de sua
propriedade tinham desaparecidos. Manoel Gilo, filho mais velho de Gilo Donato,
seguiu as pistas dos animais indo encontra-los em Lavras de Mangabeira, Ceará,
em posse do coronel Raimundo Augusto, que havia comprado os animais de Horácio
Grande.
A verdade é
que Horácio Grande foi processado e preso por esse roubo e depois jurou matar
Gilo Donato.
Tempos depois
realizou um frustrado ataque a residência de Gilo onde saiu baleado e perdeu o
comparsa apelidado de Brasa Viva.
Horácio Grande
depois entrou no bando de Lampião e através de seu irmão e sua esposa forjou
cartas falsas como se fossem de Gilo Donato afrontando o Rei do Cangaço.
No dia 26 de
agosto de 1926, quinta-feira, às 4 horas da manhã, Lampião com um grupo em
torno de 120 cangaceiros, atacou a fazenda Tapera. Um longo tiroteio rompeu o
silencio do local. Por horas as pessoas da vizinha Floresta ouviram os tiros
ecoando.
O capitão
Antônio Muniz de Farias, comandante das forças volantes que estavam na cidade,
não mostrou coragem pra ir lutar contra os cangaceiros e defender a família
Gilo.
Quando a casa
da sede se encontrava quase totalmente destruídos e vários mortos banhavam de
sangue seus compartimentos, Lampião comandou a invasão a residência.
Manoel Gilo
foi capturado ainda vivo, estando morto seu pai Gino Donato, o irmão Evaristo,
o cunhado Joaquim Damião e Ângelo de Rufina.
Na estrada
ficaram mortos Permino, Henrique (casado com uma irmã de Gilo), Zé Pedro,
Ernesto (da fazenda São Pedro), Janjão, Alexandre Ciriaco (morto quando tentava
defender os Gilos e que tinha vindo da fazenda São Pedro), Pedro Alexandre (na
Barra do Silva).
Ainda tombou
morto um soldado que havia ido com Mané Neto, que mesmo estando baleado e com
poucos homens sob seu comando, mesmo assim contrariou as ordens do capitão
Muniz e foi tentar salvar a família Gilo.
Com a
quantidade de cangaceiros sendo muito superior ao grupo de Mané Neto ele
comandou uma retirada.
Lampião pegou
Manoel Gilo e perguntou o porquê dele mandar as cartas confrontando Lampião.
Manoel Gilo respondeu que era analfabeto e não sabia escrever; nesse momento
Horácio Grande pegou a pistola e atirou, matando Manoel Gilo. Só ai Lampião
percebeu a trama que Horácio o havia colocado. O Rei do Cangaço o expulsou na
hora do seu bando.
Consta que
Lampião saiu lamentando tardiamente do assassinato de tantas pessoas inocentes,
arrependimento tardio.
Horácio sumiu
e nunca mais deu notícias. Seu parente Emiliano Novaes continuou no bando, só
deixando o cangaço quando seu sogro, o coronel Antonio Boiadeiro e o padre José
Kehrle, pediram para que ele seguisse outra vida.
Daquele cruel
morticínio, só escapou o jovem, de 15 anos de idade, Cassimiro Gilo, que havia
ido comprar açúcar e rapadura no Ceará.
Hoje a filha
de Cassimiro, a senhora Djalmira Maria de Sá, relembra os fatos narrados por
seu pai. Ela nos levou aos escombros da casa onde houve o combate e ao pequeno
cemitério sem cruzes que guarda os ossos e as lembranças de inocentes que
tombaram diante da fúria vingativa de uma carta pérfida escrita por um desejo
de vingança que envolveu pessoas inocentes e manchou de sangue o solo imaculado
da fazenda Tapera, reduto eterno dos Gilos, geração à geração, tempo a tempo...
João de Sousa
Lima
Membro da SBEC
– Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço
Conselheiro do
Cariri Cangaço
Membro da
ALPA- Academia de Letras de Paulo Afonso.
Marcos,
Manoel, João Lima e Cristiano
Casa
onde residiu Theófanes Torres
Local onde Livino ficou preso
Prédio onde ficam as volantes
Dona
Djalmira de Sá mostra o local onde houve a chacina
Marcos de Carmelita aponta onde os corpos foram enterrados
João de Sousa
Lima é escritor, pesquisador, autor de 09 livros. Membro da Academia de Letras
de Paulo Afonso e da SBEC- Sociedade Brasileira de estudos do Cangaço. Telefones
para contato: 75-8807-4138 9101-2501 email: joaoarquivo44@bol.com.br
joao.sousalima@bol.com.br
http://www.joaodesousalima.com/2015/04/nas-trilhas-do-cangaco-em-floresta-do.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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