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sábado, 9 de maio de 2015

LAMPIÃO ERA DADIVOSO COM OS QUE O SERVIAM

 

AMIGOS,

NA EDIÇÃO DO DIA 29/07/1957, O JORNAL “O GLOBO” PUBLICOU NUMA DE SUAS PÁGINAS O DEPOIMENTO DE FRANCISCO VICENTE DA SILVA CAVALCANTI, O BARBEIRO DE LAMPIÃO QUANDO DA VISITA DESTE TEMIDO CANGACEIRO À CIDADE DO PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA, JUAZEIRO, NO CEARÁ, EM 1926.

LAMPIÃO ERA DADIVOSO COM OS QUE O SERVIAM

- Não tenho dinheiro no momento, mestre. Posso pagar depois? – perguntou Lampião ao Sr. Francisco Vicente da Silva Cavalcanti, estabelecido com salão de barbearia em Juazeiro, o famoso município cearense em que vivia o Padre Cícero Romão Batista.

O “fígaro” conta-nos, hoje, que não teve outra alternativa naquela manhã de abril de 1926, quando Lampião era recebido na cidade com todas as honras de soldado da legalidade, defensor do Governo contra as tropas militares sublevadas: concordou.

RESPEITO PELO PADRE CÍCERO ROMÃO

O Sr. Francisco Vicente da Silva Cavalcanti, como todos os moradores de Juazeiro, é afilhado do Padre Cícero Romão. Ele informa, com orgulho:

- O Capitão Virgulino Ferreira (Lampião) não entrou na cidade sem prévio aviso ao meu padrinho. Só depois que obteve o seu consentimento é que seu grupo penetrou no município. Pouco depois, meu padrinho providenciava aposentos para todos eles, na Rua Boa Vista.

- E Maria Bonita? – inquirimos.

- Maria Bonita – respondeu o entrevistado – ainda não se achava em companhia de Lampião.

TRÊS DIAS DE FESTA

O Sr. Francisco Vicente da Silva Cavalcanti, que ainda é estabelecido em Juazeiro com o mesmo salão de barbearia, Salão Iracema, diz-nos que Lampião chegou ao município numa quinta-feira, permanecendo até domingo. Os cangaceiros andaram livremente pela cidade, foram à feira – sempre desarmados, pois assim o deliberara “o chefe”. O barbeiro relembra:

- Foram três dias de festa e não se criou qualquer incidente. Lampião, de resto, tinha grande respeito pelos seguidores do meu padrinho. Romeiro do Padre Cícero Romão, se cruzasse com o bando de Lampião, podia prosseguir tranquilamente. O próprio Lampião chamava o Padre Cícero Romão de “meu padrinho”.

LAMPIÃO, O DADIVOSO

- Passei praticamente o dia todo cortando o cabelo dos cangaceiros que acompanhavam Lampião – prossegue o entrevistado, informando que o primeiro a ser atendido foi o próprio capitão Virgulino, que usava meia cabeleira. Este, porém, perguntou se podia pagar depois. Revela, agora, o “fígaro”:

- Realmente ele pagou, dias após. Mandou-me pelo seu irmão, João Ferreira, dez mil réis.

- E quanto custava o corte? – indagamos. E o fígaro, com os olhos brilhando, como a atestar que Lampião não era tão ruim como se declara:

- O corte custava, à época, dois mil réis. Ele me deu oito de gratificação.

QUERIAM ACOMPANHAR

Após informar que, ainda hoje, “quando o ‘cabra’ tem precisão apela para o meu padrinho” (Padre Cícero Romão), o Sr. Francisco Vicente da Silva Cavalcanti salienta que, enquanto fazia o cabelo a Lampião, que não demonstrou qualquer temor quando o fio da navalha se encontrou com o seu pescoço, numerosos habitantes de Juazeiro o cercavam. E diz:

- Alguns quiseram acompanhá-lo, em suas andanças pelas caatingas. Mas meu padrinho... o Padre Cicero Romão – não deixou.

E a uma pergunta nossa, arremata o entrevistado:

- Lampião me pareceu um “cabra” pacato. Ele e todo o seu bando...

Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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