Aos 97 anos,
Cascavel, que lutou no bando de Antônio Silvino, é o outro cangaceiro
nordestino ainda vivo, chama-se João Cosme Alves e vive na Ilha do Bispo,
pequeno povoado na periferia de João Pessoa, na Paraíba, preparando garrafadas
que curam dor de dente, espinhela caída, doenças venéreas e até impotência
masculina. Cascavel garante que já expulsou o demônio do corpo de uma mulher
que contraíra uma doença chamada “macaca-de-purungá”. E embora se sinta
obrigado muitas vezes a pedir esmolas na esquina da rua em que mora, costuma
emprestar dinheiro a quem precisa, sem cobrar juros e nem lembrar os
compromissos dos devedores.
Em 1903 – há exatamente 72 anos – Cascavel enfrentou um desordeiro que pretendia desonrar sua cunhada. Ele diz que apenas emasculou o homem. Mas outros garantem que matou o galanteador. Foi durante a fuga para escapar da prisão que encontrou o bando de Antônio Silvino e seguiu o cangaceiro, tornando-se famoso nos sertões nordestinos.
Cascavel lembra os feitos do bando de Antônio Silvino contando o caso da invasão da fazenda de Manoel Belo, em Pernambuco. O chefe dos jagunços mandou pedir três contos de réis ao fazendeiro e recebeu o recado de que teria três balas se ousasse chegar perto da propriedade:
- Juntos, nós invadimos o lugar e todos fugiram, o dono da fazenda e a resistência organizada por um destacamento da polícia. Manoel Belo chegou a Caruaru sem conseguir falar e, quando recuperou o fôlego, só conseguiu dizer: “Antônio Silvino”.
TUDO NA VIDA
Cascavel diz
que já fez quase tudo na vida. Foi sapateiro, capinador, barbeiro, funileiro e
agora é rezador ou curandeiro. O apelido lhe veio quando era menino, depois que
foi picado por uma cobra cascavel e esteve entre a vida e a morte. “Mas quem
morreu foi a cobra”, e o episódio valeu-lhe o nome que a princípio incomodava e
depois virou lenda.
A camisa entreaberta ao peito deixa à mostra uma cicatriz. Cascavel explica que o buraco é de bala calibre 44 e o tiro foi durante a companha de Princesa, em 1930, na época em que servia na Polícia Militar. Recorda a noite em que chegou à capital da Paraíba, quando João Pessoa era presidente do Estado, antes da Revolução de 30, em companhia dos batalhões destroçados pelas tropas rebeldes de José Pereira.
- Da ponte Sanhauá, avistei o fogo que subia em labaredas mais altas do que os prévios. O povo incendiava a Casa Vergara, o armazém mais importante da cidade, ligado aos rebeldes de Princesa, e isso mostrava que a Revolução tinha começado.
Imagem
ilustrativa como sendo do ex-cangaceiro Cascavel.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Pois é caro Mendes, é mais um nome de cangaceiro que nunca ouvi falar - o Cascavel. É VIVENDO E APRENDENDO.
ResponderExcluirAntonio Oliveira - Serrinha