Por José Mendes Pereira
Foi um desordeiro, perverso, sanguinário, fora-da-lei, tudo que ele fez quando vivo, mas o que ele praticou de ruim, não impede de ser homenageado no dia do seu aniversário. Foi um ser humano como qualquer outro.
Hoje
comemora-se o aniversário de nascimento de Virgulino Ferreira da Silva, o afamado e sanguinário cangaceiro Lampião, filho dos pequenos fazendeiros José Ferreira da Silva e dona Maria Sulena da Purificação, lá de Serra Talhada, no Estado de Pernambuco.
Imagem:
Família de Lampião (desenho de Lauro Villares utilizando-se de antigos
retratos) - Infelizmente eu perdi a fonte desta foto.
Lampião teve oito irmãos:
Antonio Ferreira Livino Ferreira, Virtuosa Ferreira, João Ferreira, Angélica Ferreira, Ezequiel Ferreira, Maria Ferreira (dona
Mocinha), e Anália Ferreira.
LAMPIÃO EM SEU MOMENTO CRUCIAL
A seguir, material do acervo do pesquisador Antonio Corrêa Sobrinho - facebook
“De pé, diante
da sepultura do pai, enquanto as crianças choravam, Virgulino tirou o chapéu e
rezou. Tinha perfeita consciência da real extensão do problema. Encontrava-se
num caminho sem volta.
- Pois é, meus
irmão – começou a dizer, pausadamente -, vejam a qui ponto nóis chegou. Nóis se
mudamo treis veis pra fugi das intriga de nossos inimigo. E agora mataro nosso
pai, a única riqueza qui nos restava. O coitado nun tinha nem cinquenta
ano. Um home bom, sempre preocupado cum a famia. Viveu toda a sua
vida com honra, sem tê um só inimigo, e foi matado logo por quem, pela...
pu-li-ça! E na mia cabeça é cuma se fosse a puliça qui também matou nossa mãe,
coitada, apurriada cum essa vida de vai pra aqui, vai pra açula, ua mudança
atrais da outa... Ninguém suporta o qui ela suportou.
Fez uma pausa,
arrumando as ideias, e anunciou a assustadora decisão:
Eu vou vingá
meu pai! Home nihum nasceu pra sê pisado! Nun quero qui ninguém bote roupa de
luto! E nun adianta chorá, nóis temo é qui agi! João, cê vai levá as criança
pra Pernambuco. Cuide delas. Procure os nossos parente, os amigo de nosso pai,
o coroné Chico Martins, coroné Zezé Abílio... Tonho e Livino eu nem progunto,
purque sei qui eles vão cum eu. Mais se quisere ainda tá im tempo, podem ir cum
João, as mana e as criança. Eu pirdi a isperança de tê ua vida norma, criá
gado, tangê burro. Mia casa de hoje im vante vai sê o meu chapéu! Até hoje, só
peguei no rife pra defendê a honra de mia famia! Mais a parti dagora vou sê
cangacero! Já qui a puliça qué assim, assim vai sê! Pra me vingá do qui fizero
com a mia famia, eu vou lutá até a morte! Se eu matasse todos os sordado do
mundo, ainda era pouco!! E seu pudesse tocava fogo no Istado de Alagoas!!"
“LAMPIÃO a
Raposa das Caatingas”, de José Bezerra Lima Irmão – pág. 102, (fulcro in obra
de Billy Jaynes Chandler, Frederico Bezerra Maciel, Vera Ferreira e Antonio
Amaury Correa e João Gomes de Lyra)
Adquira logo este livro. Você irá conhecer a vida e morte da família Ferreira,
desde a juventude de José Ferreira e dona Maria Lopes, os pais de Lampião,
incluindo toda família. É um trabalho de 11 anos de pesquisas.
http://blogdomendesemendes.blogspot.con
É verdade Pesquisador Mendes: Foi mesmo um caminho sem volta. Afirmou o Poeta Augusto dos Anjos, que "O homem vil que nesta terra miserável vive entre feras, sente a inevitável necessidade de também ser fera". Após os desentendimentos entre a família de José Ferreira com a família do vizinho Saturnino, a coisa fora transformada em guerra. Aí Virgolino, revoltado mergulhou na caatinga por quase duas décadas, causando sofrimento e também sofrendo.
ResponderExcluirAntonio Oliveira - Serrinha