Material do blog Tok de História do historiógrafo Rostand Medeiros
Percorrendo o
caminho da Coluna Prestes no município de Luís Gomes – RN, parada para um
cafezinho no Sítio Imbé, aqui o alto comando da Coluna Prestes, os “Revoltosos”
para os sertanejos, esteve e foi recebida por Baltazar Meireles.
Município de
Luís Gomes – RN se movimenta para lembrar a passagem dos “Revoltosos”
– Feliz em saber que nosso trabalho está ajudando esta empreitada, que
agora apresento no nosso Tok de História
Autor – Ciro Leandro
No próximo ano
de 2016 completa-se 90 anos da passagem da Coluna Prestes, maior marcha da
história mundial, pelo Rio Grande do Norte, pelos municípios de São Miguel e de
Luís Gomes. Apenas estes foram palco e cenário deste acontecimento histórico,
marcante na memória coletiva de muitas gerações que presenciaram o fato ou que
cresceram ouvindo os relatos orais.
Junto ao Sr.
Antônio Belo, do Sítio Tigre, que em agosto de 2009 me deu um fantástico
depoimento
Nas aulas de
campo das disciplinas de História do Brasil, Geografia e Cultura do RN,
decidimos seguir os passos da Coluna Prestes, conhecer os lugares por ela
invadidos, as construções da época e sua localização geográfica. Inicialmente
chegamos ao pequeno povoado do Barro Vermelho, que embora não fizesse parte do
roteiro da Coluna de Revoltosos, não podia ficar de lado. Segundo a tradição
moral, quando o senhor Otávio de Andrade Nunes foi construir a capela do
povoado em honra a Nossa Senhora dos Milagres, ao cavar o barro para usar na
construção da capela, encontrou um antigo cemitério de escravos. Também segundo
a mesma tradição há entre a capela e a casa deste falecido senhor uma marca de
pedras que seria uma antiga base para uma igreja que seria construída pelos
escravos.
Após essa
pesquisa em que os alunos se sentiram arqueólogos ao tocarem as pedras e as
ruínas, demos continuidade a aventura.
Seguimos para o Imbé no sentido de
conhecer o secular casarão que hospedou o Estado-Maior Revolucionário da Coluna
Prestes no dia 4 de fevereiro de 1926. O casarão que pertencia ao Major
Baltazar Meireles na época da passagem ainda guarda traços arquitetônicos do
tempo da revolução. As paredes largas chamaram a atenção dos alunos, as portas,
batentes, os quartos antigos, o alpendre recorada um grupo de homens armados
que lá pernoitaram. Na passagem pelo Imbé, segundo o professor e folclorista
Raimundo Nonato em seu livro Os Revoltosos em São Miguel – 1926, obra que
deve ser referência nos estudos de história e cultura do nosso estado, os
revoltosos se desentenderam com o proprietário da antiga fazenda e quase o
fuzilaram.
Antônio Belo,
quase centenário em 2009, fumando seu cigarrinho de palha na sua rede.
O major e
alguns homens tinham ido fazer a defesa da vila de Luís Gomes quando um
portador da sua fazenda foi chamá-lo avisando que os revoltosos estavam em sua
casa sede da fazenda. N manhã do dia 5 ao chegar a casa se aproximam do major
Miguel Costa, Prestes, Siqueira Campos e Moreira Lima que explicam a devida
situação. Depois mandar prender em um quarto Baltazar juntamente com 15 homens,
filhos de moradores da fazenda e do sítio vizinho Monte Alegre, junto com o subdelegado
Pedro Rufino Isto ocorreu na manhã do dia 5. À tarde os prisioneiros forma
chamados e foi explicado o objetivo da coluna diante da situação do Brasil.
Após esse diálogo começaram a subir a serra, ficando ainda na fazenda grupos
menores que se consideravam pouco armados. No Imbé haviam saqueado da casa sede
e do armazém legumes, rapaduras e mataram gado bovino e galinhas.
Na cidade
continuaram as ações revolucionárias, saqueando casas comerciais, como a loja
de tecidos de Gaudêncio Torquato. As famílias haviam se retirado da vila e só
voltaram após a conversa do comerciante Sinfrônio Campelo com um dos
revoltosos, em que concluíram que na vila as famílias estariam mais seguras. Na
vila histórica de Feira do Pau, hoje Aparecida um grupo de 100 rebeldes
roubaram o dinheiro do posto fiscal da divisa entre o Rio Grande do Norte e a
Paraíba e retiraram os selos, que depois deixaram no telégrafo e foram
encaminhados legalmente. Cotavam os mais velhos que na ocasião o capitão Luís
Carlos Prestes foi entrevistado pela professora Ozelita Cascudo do Grupo
Escolar Coronel Fernandes. O escritor Rostand Medeiros narra em seu
livro João Rufino, um visionário da fé que:
Mercado de
Luís Gomes-RN
Após saírem
deste lugarejo, a coluna de revoltosos seguiu em direção aos Cacos (ou Cactos),
e após passarem pela Ladeira dos Miuns, estiveram nos sítios Tigre, Imbé, São
Bernardo, Feira do Pau e na pequena área urbana da cidade de Luís Gomes.
Em Luís Gomes
se repetiram as “ações revolucionárias”, com uma sequência de saques de casas
residências e comerciais. Foram provocados incêndios no cartório e na agência
dos correios. Já no dia 6 de fevereiro, os revoltosos deixaram Luís Gomes e o
Rio Grande do Norte, adentrando na Paraíba (MEDEIROS, 2011, p. 276-277).
2016 – 100
Anos da Coluna Prestes no Rio Grande do Norte.
O noventenário
da Coluna Prestes não pode deixar de ser comemorado em nossas escolas. Em 2007
a Escola Estadual Coronel Fernandes e seus professores Luciano Pinheiro,
Margarida Belo e Wilca Oliveira realizaram importante resgate por meio de um
projeto intitulado A história e a cultura dos povos da Serra do Bom Jesus em
que entrevistaram pessoas que presenciaram o fato, como o senhor Pedro Belo
morador do sítio Tigre.
A proposta
pedagógica do nosso Educandário Raízes do Saber busca inscrever a história
local e regional na história nacional. Equivocadamente muitas escolas trabalham
em separado, como se o que acontecesse no país não se refletisse no interior ou
como se os acontecimentos do interior nordestino não fizessem parte da história
do Brasil. Rememorar a passagem da Coluna Prestes em nossa região é inscrever a
nossa história na memória dos brasileiros.
Autor – Ciro
Leandro- Doutorando em Letras (UERN)
Fonte – http://lgemdia.com/?p=3698
http://tokdehistoria.com.br/2015/07/02/nas-veredas-da-coluna-prestes-preparando-a-memoria-para-os-90-anos-da-passagem-dos-revoltosos/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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