Maria Bonita,
Lampião e seu bando. Foto: Benjamim Abrahão.
No último dia
28, alguns admiradores reviveram as tristes memórias da morte de Virgulino
Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, o Rei do Cangaço. Sendo o
terceiro de nove filhos de José Ferreira da Silva e de Maria Lopes,
Virgulino nasceu em Serra Talhada-PE no ano de 1898, e em sua infância já
carregava a essência que mais tarde faria dele o Lampião do Cangaço.
Da almocrevaria
– condução de animais para o transporte de cargas – vinha o sustento da
família. Os percursos eram bastante variáveis e foi a partir desse meio – usado
desde a Idade Média – que o conhecimento das estradas do sertão se
fundamentou tão bem e ajudou tanto a Lampião e o seu bando nas fugas.
Denominado
paradoxalmente como herói ou bandido, Lampião e seu bando foram
a representação concreta da realidade cruel do nordestino que vive
oprimido pelos grandes latifundiários, mas que mesmo andando no fervor do
chão quente, não perdia nunca a esperança de um mundo mais justo – como
retratados pela obra de Graciliano Ramos, Vidas Secas.
Tendo isso
como construção do lado herói do ícone nordestino, as acusações de estupro,
assassinato e extorsão constituem a denominação de bandido atribuída ao
cangaceiro. Casado com Maria Gomes de Oliveira – mais conhecida como Maria
Bonita e primeira mulher a participar do Cangaço-, Lampião teve sua vida
interrompida aos 40 anos, em 1938, no município de Poço Redondo-SE.
Para saber um
pouco mais da história do famoso Rei do Cangaço, nós pedimos
ao cangaceirólogoKiko Monteiro para recomendar alguns livros que ajudam
no entendimento da vida de Lampião. Confira:
.
– Lampião: sua
morte passada a limpo (2011)
Neste livro,
José Sabino Bassetti e Carlos César Megale pegam o candeeiro da informação e
vão em busca de esclarecimentos que vão além da morte do Rei do Cangaço. Sem
nenhuma intenção de agradar, eles mergulham fundo nos verdadeiros fatos que
circundam, inclusive, as relações de Lampião e põem à mesa o que realmente
aconteceu durante o percurso da vida de Virgulino no Cangaço.
.
– Lampião,
entre a espada e a lei – Considerações biográficas e análise crítica (2008)
Indo mais além
do que uma mera biografia, nesse livro o autor segue os caminhos
percorridos por Lampião e seu bando na natureza política, social e
jurídica. Através de depoimentos e diversas fontes
documentais, Sérgio Augusto de Souza Dantas traz a fiel história do
cangaceiro nessas três vertentes e se desprende da bagagem descritiva
comumente atribuída a Lampião.
.
– De Virgulino
a Lampião (2001 – 1ª edição)
Capa da 2ª
edição. | Reprodução.
Trazendo uma
proposta diferente dos livros mencionados anteriormente, Vera Ferreira – que,
inclusive, é neta de Lampião – e Antônio Amaury se prendem mais à
vida do cangaceiro em seu percurso transitório de Virgulino para
Lampião. Ao contrário dos outros que se fortaleceram mais em relatos
documentais, este passa por pessoas que puderam conhecer o Rei do Cangaço
e tenta desmistificar a ideia sombria que circunda a imagem de Lampião.
.
– Guerreiros
do sol: Violência e Banditismo no Nordeste do Brasil (2011)
Neste livro, o
autor Frederico Pernambucano de Mello se debruçou em diversas fontes
documentais e depoimentos de pessoas para trazer como foco o cenário e as
manifestações comportamentais da época do Cangaço. O livro traz temas que
vão desde o condicionamento socioeconômico pelo ciclo do gado
à posição de justificativa por parte do cangaceiro em usar a violência
como acobertamento ético perante ele mesmo e à sociedade.
.
– Lampião – O
Rei dos Cangaceiros (1980)
Tendo como
recorte biográfico a atuação de Virgulino Ferreira como Lampião, Billy Jaynes
Chandler faz desse livro uma especialidade em ordem cronológica
quando se pretende apresentar a versão completa e real da história do líder
cangaceiro, considerado por muitos um grande bandido.
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