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http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2015/06/cangaceiros-invadem-sertao-de-pernambuco-durante-festas-juninas.html
Competição de
xaxado, dança típica criada por Lampião, reúne dançarinos caracterizados de
todo o Brasil em Serra Talhada.
Se fosse no
século passado, uma invasão de cangaceiros botaria todo mundo pra correr. Mas
nesta época do ano, Serra Talhada, no sertão de Pernambuco, se transforma na
capital do xaxado. São Lampiões e Marias bonitas de todas as idades, e as
batalhas prometem esquentar.
Todos entram
em cena para vencer. O colorido das roupas e as coreografias podem variar, mas
ninguém perde o ritmo, marcado pelo barulho das sandálias batendo no asfalto. E
pensar que os moradores mais antigos não gostavam nem de ouvir falar que eram
da mesma terra de Lampião. O rei do cangaço, que metia medo, hoje é famoso por
atrair muita gente que vem festejar os santos juninos como os cangaceiros mais
gostavam: dançando xaxado.
Nos desfiles
nas principais ruas da cidade, nos palcos e nas escolas, um encontro com todos
os sotaques.
Globo
Repórter: De onde é que você veio?
Denise Azeredo, coreógrafa: Rio Grande do Sul.
Globo Repórter: De tão longe pra dançar xaxado?
Denise Azeredo: Sim. A ideia é mostrar que nós todos somos brasileiros.
E todos os
brasileiros entram na mesma cadência: orgulho do passado. E vontade de
aprender. Kennedy, de 12 anos, segue os passos dos mais velhos. Ele se
apaixonou pela dança. “A pessoa só tem prazer de dançar o xaxado, que é uma
cultura muito nobre, aqui em Serra Talhada, muito boa. Quem provar, vai
gostar”, garante Kennedy.
Lá, todos
garantem: o xaxado rejuvenesce. Dona Elza, 84 anos, taí pra ninguém duvidar:
“Eu fico jovem. Mais do que minha filha e minhas netas. Se eu ficar em casa eu
fico doente”, diz a aposentada.
O xaxado
espanta as doenças e faz bem para a alma desde o tempo do cangaço. A
coreografia que se vê no asfalto começou na terra seca, com o som das sandálias
arrastando no chão. Um sapateado onde os pés parecem deslizar.
Foi num
cenário como este, em plena caatinga, que os cangaceiros criaram o xaxado. O
ritmo acelerado era acompanhado por uma dança nova, vibrante, uma combinação
perfeita para enfrentar a monotonia das longas jornadas pelo sertão e festejar
os resultados das batalhas. E um detalhe: os cangaceiros estavam sempre de
prontidão: eles dançavam armados
“Os
cangaceiros faziam da arma, a dama. Até porque na época em que surgiu o xaxado,
ainda não havia mulheres no cangaço. Daí, pra não serem pegos desprevenidos
caso a volante aparecesse, caso chegasse algum inimigo, eles dançavam fazendo
da arma a dama, ela era a companheira inseparável dos cangaceiros” conta Karl
Marx, ator e dançarino.
Além das
armas, os cangaceiros vestiam roupas muito enfeitadas e cheias de utensílios. O
figurino podia pesar mais de vinte quilos e tanto peso assim não era só vaidade
não.
“Como eles
eram sobretudo nômades, tudo o que eles precisavam, eles carregavam no corpo:
as cabaças que eles usavam pra armazenar farinha, água e também cachaça, nos
bornais onde eles guardavam queijo, rapadura e também carne seca", explica
Karl Marx.
Até os anéis,
quem diria, tinham mais de uma utilidade.
“Os anéis que
eles usavam pra ostentar o poder, a demonstração de riqueza, também serviam na
hora de dançar o xaxado, pra marcar o ritmo da dança”, conta Karl Marx.
Trajetória de
Lampião e seu bando virou acervo de museu
O xaxado
levanta a poeira e ajuda a manter viva parte da história do cangaço. A
trajetória de Lampião e seu bando virou acervo de museu - são fotos, documentos
e armas. Mas o pesquisador Anildomá de Souza não tem dúvidas: “O xaxado é a
herança mais bonita que os cangaceiros nos deixaram”, diz Anildomá de Souza.
Anildomá de Souza
A única filha
de Lampião e Maria Bonita, Dona Expedita, de 82 anos, foi criada por pais
adotivos. Ela guarda na memória os poucos encontros que teve com o pai famoso.
“Eu tinha medo até de olhar pra ele, com aquelas armas e com aquele negócio todo”, conta a aposentada Expedita Ferreira Nunes.
O escritor Sérgio Dantas e dona Expedita Ferreira filha de Lampião e Maria Bonita
Hoje, Dona
Expedita não esconde o orgulho de ser filha do criador do xaxado.
“Tanta coisa
que ele tinha pra pensar e ainda inventou uma dança, e essa dança ficou na
cabeça de todo mundo...é, pena que eu não sei”, lamenta Dona Expedita.
O cangaceiro ZABELÊ I (Izaias Vieira da Silva)
O bisneto de
Zabelê, um dos cangaceiros de Lampião, Luis Carlos, trabalha como metalúrgico,
mas é na arte dos antepassados que ele encontra alegria de viver.
Dona
JOVINA VITORINO DE LIMA conhecida como “Dona Nega” filha do antigo cangaceiro
ZABELÊ I (Izaias Vieira da Silva). Serra Talhada/PE
Globo
Repórter: Que sensação que dá estar todo vestido de cangaceiro?
Luiz Carlos de Araújo Alves, metalúrgico: Chega a dar arrepios. Tá no sangue, tá na raça.
Luiz Carlos de Araújo Alves, metalúrgico: Chega a dar arrepios. Tá no sangue, tá na raça.
O xaxado,
herança do cangaço caiu no gosto do povo e virou um patrimônio de todos que
amam a festa de São João. Um encontro como esse só poderia acontecer na capital
do xaxado. E a dança, que era de guerra, hoje serve para reverenciar os santos
juninos.
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