Por Jerdivan
Nóbrega de Araújo
Na década de
1960 a política em Pombal era polarizada, em apoio, entre as famílias
“Carneiro” e “Queiroga”, digo em apoio por que os Carneiros disputavam as
eleições de forma indireta, apresentando ou apoiando candidatos da suas
confianças, e muito pouco indicando pessoas da própria família.
As preferências políticas eram bem divididas, e vez por outro aconteciam dentro do próprio grupo familiar os famosos “rompimentos”, a exemplo do que aconteceu com Dr. Avelino Queiroga que perdeu o apoio de parte da família Queiroga e também de parte da família “Carneiro”, restando a ele, por ser um médico muito querido por sua atuação social junto aos mais necessitados, sempre o apoio do povão das periferias.
A política naquela época já era um tabuleiro complexo, onde de repente Dr. Avelino, que tinha o apoio das pessoas mais humildes –As Fraqueiras estavam recebendo o apoio público da família mais poderosa financeiramente- “As Garças”
O enredo político era complexo, e o que, mesmo tratando-se de bipartidarismo,
quando tínhamos apenas “Arena” e “MDB”, até mesmo esses os dois partidos se
dividiam entre si, e concorriam como se fosse quatro partidos: ARENA 1 e ARENA
2; MDB 1 e MDB 2.
Foi o que aconteceu em 1968, quando o MDB-1 concorreu à prefeitura com Dr. Atêncio Wanderley e o vice Cristóvão Amaro. Já o MDB-2 concorreu com Epitácio Queiroga e Antônio Olímpio de Queiroga, como prefeito e vice respectivamente. A Arena se dividiu em ARENA -, e concorreu com Francisco Juvenil de Assis (Jovem Assis que era meu padrinho) e o vice Paulo Pereira. A ARENA -2 concorreu com Jurandy Urtiga e o vice era seu Inácio da Brasil Oiticica.
Mas, como surgiram os termos e o que significava “Fraqueiras” e “Garças”?
Eram termos ou apelidos que tinham a finalidade de ofender ou desvalorizar uma das partes.
““ As GARÇAS” foi apelido dado por Valderir, que era eletricista e uma espécie de animador de comícios, aos eleitores da família Carneiro, fazendo uma analogia a famosa ave que, dizia: "é branca como as pernas do povo da família Carneiro”. Os Carneiros e seus seguidores a principio detestaram a analogia e resistiram em assumir o “apelido”.
“As FRAQUEIRAS” era uma referência maldosa a algo descartável e sem nenhum
valor, isso do ponto de vista de quem criou o apelido, informação que me falta
no momento.
Porém, o povo mais humilde tem o costume de se moldar as dificuldades. De repente passaram a não só aceitar o apelido “Fraqueiras”, como fazer deste a sua bandeira. Intitularam-se de “ALA DAS FRASQUEIRAS”, acompanhando os comícios de Dr. Avelino, conduzindo galhos com vários frascos amarrados em suas extremidades, que levantavam euforicamente em passeatas pelas ruas da cidade.
O sucesso das Frasqueiras foi tamanho que nos comício seguintes as “Graças” criaram a “ALA DAS GARÇAS” e também passaram a conduzir, mesmo que timidamente, lenços brancos para acenar após as falas dos seus candidatos.
E seus pais ou avós: Eles s eram Frasqueiras ou Garças?
Apenas mais um pouco de história da nossa cidade enquanto seu Alzheimer não chega para fazer companhia.
Enviado
pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzeguiano José Romero de
Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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