Por Severino Coelho Viana
Na comunicação
nós captamos ser a melhor forma de ultrapassar, perseguir metas e conquistar
espaço na vida social, política e profissional quando sabemos trabalhar bem o
uso da linguagem falada, escrita ou gesticulada.
O bom uso da palavra eleva às alturas das estrelas, mas o mau uso empurra para o abismo, por isso, quem não tem competência não se estabelece, assim diz o dito popular.
Na vida real, o uso da linguagem, quer seja falada quer seja escrita, de acordo com a capacidade de articulação do falante e capacidade de compreensão do ouvinte, sempre aparecerá o grau de civilidade ou de grosseria no âmago da mensagem emitida.
Na comunicação virtual, ou seja, na nossa era digital, a ironia e o sarcasmo estão um verdadeiro horror, além de recheados de muita mentira, principalmente na esfera política quando pessoas inocentes curtem e compartilham sem se darem conta da cilada engendrada. Informações maliciosas e prejudiciais são repassadas com o interesse de desfazer a imagem de outrem com o fim exclusivamente eleitoreiro. As agressões em ambientes virtuais são um cartucho de espingarda Doze: os grãos de chumbo se espalham para todos os lados. O estilo dos gangsteres digitais não se trata de ironia ou sarcasmo, mas de mentiras políticas deslavadas patrocinadas pela cúpula partidária.
Antes, porém, de adentrarmos sobre o tema da IRONIA, gostaria de mostrar uma pequena distinção entre as palavras: ironia e sarcasmo. Ironia: figura de linguagem através da qual se expressa o oposto daquilo que se diz. Sarcasmo: é o uso ofensivo da ironia, com intuito de escárnio e gozação.
O sarcasmo aparece com mais escracho e pode ser utilizado através de diversas formas, como através do riso, de palavras, atitudes, gestos, etc. Enquanto a ironia é caracterizada em situações onde a pessoa diz o oposto daquilo que pensa, em tom de crítica e censura. O sarcasmo é mais voltado para a provocação e comédia. O sarcasmo magoa, fere e causa mais constrangimento.
Outra diferença entre ambas as figuras de linguagem é que o sarcasmo pode ser classificado como maldoso, ferino, malicioso, já a ironia costuma ser mais sutil.
A ironia pode
ser de três tipos: a ironia oral, quando é dita uma coisa e pretende expressar
outra. A ironia dramática, ou a ironia satírica, quando uma palavra ou uma ação
coloca uma situação em jogo, por exemplo, no teatro, a plateia entende o
significado, mas a personagem não. A ironia de situação que é a disparidade
existente entre a intenção e o resultado da ação.
Em contrapartida, a mensagem enviesada pela comunicação digital de natureza política é mentira planejada, premeditada e articulada pelas gangs digitais com o intuito de prejudicar os adversários políticos, desmoralizando-os e jogando-os mais na profundeza do lamaçal. É preciso muita esperteza para não cair facilmente na teia dos manipuladores da dignidade alheia. Essas gangs digitais são patrocinadas pelos partidos políticos que têm interesse em desconstituir a imagem do adversário. É aquela velha ideia, joga no ar, se colar, colou! Os blogueiros (pelo menos na sua maioria) são os asseclas pagos pelas calúnias e difamações nas redes sociais. Todo cuidado é pouco, não caia na rede desses malandros!
Segundo o que podemos observar nas nossas leituras, o termo IRONIA é originalmente socrático, quando o filósofo grego falava as suas ironias com inteligência e sabedoria. Portanto, significa a maneira de expressão em que o indivíduo diz o contrário do que pensa, em tom zombeteiro, de modo a acentuar o fato que está sendo negado.
A ironia quando dita com leveza, configurado pelo lábio entortado para o lado esquerdo ou os olhos dirigidos para o horizonte, pode estimular aquele que a recebe a corrigir-se, mas, geralmente, irrita e é contraproducente.
Enquanto que a ironia no ato de escrever é um instrumento de literatura ou retórica que consiste em escrever aquilo que expressa com clareza, deixando entender uma distância intencional entre aquilo que dizemos e aquilo que realmente pensamos.
A ironia, falada ou escrita, é a arte de gozar com alguém, de denunciar, de criticar ou de censurar algo ou alguma coisa. Procura valorizar algo, quando na realidade quer desvalorizar, inclusive, na ironia falada, o timbre de voz pode melhor caracterizar o ato. É aquele tipo que costumamos dizer: “eu adoro camarão, mas sou alérgico”. Ou de outra forma mais corriqueira e banalizada: “botinha, mas ordinária”.
A sutil diferença entre o sarcasmo e a ironia é que nesta soa o tom de amenidade enquanto que naquela percebe-se perfeitamente o tom de ofensa. Concebemos que o sarcasmo demonstra ser mais contundente.
O mais difícil de entender é a brincadeira proferida com o sentido verdadeiro deixando todos que o circundam de cabeça erguida para o horizonte com aquele pensamento paralisado: é ou não e?! E nesse caso, a dúvida toma de conta do raciocínio humano com palpitações vindo de todos os lados.
No nosso convívio social, constatamos que as ironias são, por vezes, o princípio de inimizades irreconciliáveis. A nosso sentir, é uma arma dos fracos que não têm a coragem de falar com franqueza e escrever com clareza, utilizando a ambiguidade da própria ironia, para se desculparem, quando encontram uma reação enérgica.
Cuidado com o que fala e o que diz – um dia a vaca vai pro Brejo!
João Pessoa
PB, 21 de agosto de 2017.
SEVERINO
COELHO VIANA
scoelho@globo.com
scoelho@globo.com
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário